Entrei porta adentro e procurei por Joseph. Olhei na sala e na cozinha,
mas por estar tudo apagado conclui que ele devia estar dormindo. Descalcei-me e
caminhei até ao quarto sentindo meu coração pulsar contra o peito. Eu estava
ansiosa e muito nervosa com a reação de Joseph ao ver-me de volta a casa. Não é
surpresa que eu tenha voltado a correr assim que ele disse que me amava.
Quando entrei no quarto vi Joseph parado junto à janela. Ele estava
vestido apenas com uma boxer preta e ainda se viam pequenas gotas de água
escorrendo por suas costas por causa do banho recente. Senti minha garganta
fechar ao ficar com medo de que tudo aquilo fosse me machucar mais ainda. Ele
tinha dito que me amava e eu queria ouvir as mesmas palavras com ele me olhando
nos olhos.
— Joseph. — Chamei baixo no silêncio do quarto. Ele virou-se para me olhar
rapidamente e logo estava segurando meu rosto com as duas mãos.
— Desculpa. — Pediu nervoso. — Me desculpa por não ter dito antes.
Desculpa por não ter percebido e por não ter te impedido de partir. Não faz
isso de novo, por favor. Não sai assim. — Falou beijando meus lábios levemente
enquanto me segurava firmemente.
— Apenas diga de...
— Eu te amo! — Falou me interrompendo. Senti lágrimas idiotas escorrendo
por meu rosto e sorri quando ele as limpou.
— Porque demorou tanto? — Perguntei abraçando-o pela cintura.
— Porque eu sou um idiota. — Respondeu me dando um selinho.
Suspirei quando ele juntou seus lábios nos meus novamente e puxei-o pela
nuca para aprofundar o beijo. Já fazia um tempo que eu não sentia um beijo
daqueles e foi impossível não gemer quando ele me apertou contra ele. Quando a
necessidade de ar se fez sentir separei-me dele apenas para recuperar o fôlego.
Acariciei seu peito nu e vi sua pele arrepiar com o meu toque. Eu tinha
saudades do seu corpo e de cada suspiro de prazer que ele me provocava. No
entanto, desta vez ia ser diferente porque eu sabia que ele me amava.
— Faz amor comigo. — Pedi quase inaudivelmente.
Joseph não sorriu, mas eu sabia que ele queria aquilo também e faria
aquela noite ser especial como nenhuma outra fora. Arfei quando senti suas mãos
segurarem minha cintura por baixo da blusa e agradeci mentalmente por já ter
tirado o casaco e os sapatos na sala. O toque de suas mãos frias em contato com
a minha pele quente fez-me arrepiar e eu segurei seus ombros para não perder o
equilíbrio. Joseph sabia o que cada toque provocava em mim e eu sabia que ele
usaria seu dom.
Suas mãos percorreram minha pele até meu ventre e percebi que ele começou
a desabotoar cada botão minúsculo de minha camisa social. Pareceu uma
eternidade até que o último botão fosse desabotoado, mas os lábios de Joseph no
vale dos meus seios lembraram-me do quão rápido aquilo podia acabar. Senti meus
joelhos fraquejarem quando ele subiu os lábios e mordiscou levemente meu colo e
como reação segurei-me em seus braços fortes.
Logo minha blusa tinha deslizado por meus braços e logo seus dedos hábeis
atingiam o zíper da minha saia de cintura alta. Quando dei por mim estava com
uma roupa interior comum e nada sexy para a ocasião juntamente com uma meia
calça de vidro que só iria atrapalhar a chegada do momento. Joseph pareceu não
se importar, no entanto.
— Você sabe o quanto é linda? Tem noção disso? — Perguntou acariciando
minhas costas com delicadeza.
— Não sou a pessoa mais sexy neste momento. — Falei envergonhada. Vi-o dar
um meio sorriso e questionei-me sobre onde estaria a piada.
— Você não precisa de uma langerie sexy para ser linda para um homem. —
Falou subindo as mãos até ao fecho do meu sutiã preto e sem graça. — Você só
precisa ser você mesma e neste preciso momento só precisa ser minha. — Disse
com uma voz rouca.
Senti meu corpo estremecer e segurei-me mais nele quando o sutiã foi
retirado. Suas palavras faziam-me sentir a mulher mais especial do mundo e
naquele momento eu começava a acreditar que era mesmo.
Sentindo os lábios de Joseph novamente nos meus, tropecei brevemente
quando ele nos encaminhou à cama. Ri entre o beijo e logo estava deitada com o
corpo dele sobre o meu. Equilibrando o peso de seu corpo, Joseph colou sua pele
na minha e ouvi-o gemer em minha boca quando meus seios tocaram sua pele. Sua
língua enroscava-se na minha e suas mãos exploravam meu corpo com carinho. Um
carinho que ele nunca usara antes.
Joseph nunca foi bruto no sexo e sempre foi cuidadoso, mas desta vez eu sentia-o
muito mais ligado a mim e não era apenas pela delicadeza de seus toques. Eu
sentia que Joseph era meu e sentia pela primeira vez que podia ser totalmente
dele que não iria me arrepender. Por isso estávamos fazendo amor e não apenas
sexo. A gente se amava!
— Demetria. — Ouvi-o chamar enquanto beijava meu pescoço.
— Hum.
— Você quer mesmo isso? — Perguntou parando para me olhar.
— Quero. — Respondi olhando em seus olhos. Ele ainda me olhava e eu
acariciei seu rosto carinhosamente. — Eu sei que você sente isso também. —
Sussurrei.
— Sim. Eu nunca quis tanto você como agora e nunca foi tão diferente. —
Murmurou encostando sua testa na minha.
Sem falar nada puxei-o para mais um beijo e entrelacei meus dedos em seu
cabelo sedoso. Joseph mordiscou meu lábio e levou suas mãos até à beirada da
minha meia calça de vidro. Seus lábios fugiram dos meus em seguida e eu gemi
frustrada, amaldiçoando a maldita meia calça.
Joseph sorriu ao ver-me bufar de impaciência e tirou a peça juntamente com
a calcinha. Ele fazia questão de me tocar de forma lenta e possessiva. Uma
lentidão que me fazia queimar a cada centímetro de pele que ele descobria. No
fim, apenas restava ele de joelhos aos meus pés e eu arqueando meu corpo,
implorando por ele.
Senti um arrepio na espinha quando suas mãos subiram por minhas penturrilhas,
desenhando cada contorno do meu corpo. Sentia-me como uma peça de arte. Algo
admirável e inusitadamente exposto. Algo que só ele pudesse tocar. Como nunca
ninguém tocou. Suspirei ao sentir seus lábios em meu joelho e gemi quando ele
apertou minha coxa esquerda. Aquelas mãos já eram conhecidas para mim, mas de
alguma forma tudo era diferente agora.
— Joseph. — Implorei. Eu não queria que ele continuasse adiando o que
tanto ansiava. Queria que ele me tomasse para ele e me fizesse sua.
— Calma bebé. — Sussurrou voltando para meus lábios.
Puxei-o para um novo beijo e percorri suas costas largas. Senti os
músculos firmes sob minhas mãos e ouvi-o gemer quando instiguei meu quadril
contra o dele. Repeti o movimento e desci os beijos para seu pescoço. Gemi com
o arranhar de sua barba.
— Eu quero... — Comecei apertando-o contra mim. — Eu quero você. — Pedi
olhando em seus olhos.
Segundos depois já podia sentir sua ereção contra minha coxa. Arqueei meu
corpo contra o dele com antecipação e esperei até que ele se moldasse ao meu.
Sorri quando ele me invadiu. Lento, cuidadoso e paciente. Seus olhos
encaravam-me e sorri ao ver o brilho que encontrei. Ele nunca tinha estado tão
quieto ou intenso desse jeito. Nunca tinha sido tão real. A nossa fantasia
tinha acabado.
— Demi. — Suspirou encostando a testa contra a minha. Senti-o mover-se
lentamente, apreciando cada contacto de nossas peles. — Sempre minha. — Gemeu
baixinho em meu ouvido.
Apertei seus ombros e entrelacei minhas pernas à sua volta. Senti-o ir
mais fundo e chegar num ponto que me fazia estremecer. Eu o amava. Eu amava
Joseph como nunca amei ninguém e eu tinha-o ali comigo, me amando da melhor
forma que um homem pode amar uma mulher. Se não era amor, eu não sabia o que
poderia ser. Naquele momento eu só queria dizer-lhe que o amava. Sem medos, sem
frustrações e sem inseguranças. Não queria pensar no futuro, mesmo sabendo que
ainda havia coisas por resolver. Naquele momento eu só queria saber dele.
— Não chore. — Ouvi-o pedir. Abri meus olhos para encará-lo e percebi que
ele sentia o mesmo que eu. A intensidade era arrebatadora e mexia com cada
nervo do meu corpo. Não tinha percebido que uma lágrima escorria. Sorri ao
notar que não era a única. Joseph não sorria, mas eu tinha a certeza que ele se
sentia da mesma forma. Aquela mistura de sentimentos e o prazer era demais para
qualquer pessoa. Era surreal.
Pedi por mais. Gemi seu nome, beijei sua pele e acariciei seus cabelos com
o máximo de carinho que eu poderia dar. Eu queria amá-lo e curá-lo de todas as
mágoas. Beijei sua fénix e lembrei-me de suas palavras. “Quero poder amar e quero poder erguer-me se cair.” Oh sim. Ele
seria capaz de tudo isso. Ele seria capaz de conquistar o mundo.
— Eu te amo. — Murmurei em seus lábios sabendo que estava perto. O vai e
vem em meu corpo era frenético e eu sabia que tal como eu, Joseph logo
atingiria o clímax.
— Oh Demi. — Gemeu segurando meu rosto com uma das mãos.
Senti seus lábios nos meus mais uma vez e retribui o beijo de forma
ofegante. Meu corpo começou a se contrair e Joseph gemeu mais alto enquanto se
enterrava com vigor. Mordi o lábio e segurei o grito que veio junto com um
orgasmo arrebatador. Senti-o derramar-se dentro de mim e segurei-o contra o meu
corpo, impedindo que ele desfizesse o contacto.
Senti seus olhos em mim e seu polegar em minha boca. Abri os olhos e o
encarei com a respiração irregular. Parei de morder o lábio como ele pedia
silenciosamente e sorri enquanto ele beijava meu rosto, deitando-se em meu
peito em seguida. Não me preocupei com o fato do meu coração bater
compulsivamente contra o meu peito e muito menos com o fato de Joseph poder
senti-lo. Eu também sentia o dele. Não sei exatamente por quanto tempo
permaneci assim, com ele ainda dentro de mim. Apenas sei que adormeci em seus
braços, ouvindo-o dizer que me amava.
Joseph’s POV
Olhei o rosto de Demetria que agora descansava em meu peito e fechei os
olhos, beijando sua testa. Não faltava muito para chegar a hora de ela levantar
e eu não queria que ela soubesse que eu não tinha pregado olho. Fiquei toda a madrugada
olhando-a, abraçado a ela enquanto pensava no que iria fazer. Eu não podia
fazer aquilo com ela. Não era justo e eu não queria. Não queria que ela me
odiasse. Não. Eu queria que ela me amasse como fez há algumas horas atrás. Eu
quero que ela seja minha.
— Joseph. — Ouvi-a sussurrar em seu sono. Acariciei seus cabelos mais uma
vez e vi-a ajeitar-se em meu peito enquanto se enroscava mais em mim.
Eu iria contar a verdade. Não iria esconder mais nada dela. Não queria que
houvesse segredos entre nós. E mesmo que isso possa ser a coisa mais estúpida
que eu vá fazer, ela merece saber a verdade.
— Bom dia. — Sussurrou depois de se remexer. Esfregou os olhos e levantou
a cabeça para me olhar. Dei-lhe um selinho.
— Bom dia. — Respondi abraçando-a apertado. Eu queria aproveitar cada
segundo que eu ainda tinha com ela.
— Acordou há muito tempo? — Perguntou voltando a deitar em meu peito.
— Algum. — Respondi simplesmente. Vi-a suspirar e nesse momento soube que
ela queria conversar. — Podemos conversar durante o café da manhã? — Perguntei
querendo adiar o momento.
— Sim. — Respondeu querendo voltar a dormir. Não a impedi. Ainda estava
pensando em como contar toda a verdade.
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Acabei de fazer o café e tirei as torradas para um prato. Senti braços me
rodearem e dei um meio sorriso ao sentir um beijo de Demi em minha nuca.
— Hum. Senhor Joseph está muito prendado. — Brincou com um sorriso
radiante.
— Vai dizer que já posso casar? — Perguntei querendo entrar na
brincadeira.
— Com certeza não. — Falou rindo em seguida. A campainha tocou e vi-a
ficar confusa. — Deve ser algum vizinho. Já volto. — Disse me dando um beijo
rápido.
Terminei as panquecas que estava fazendo e terminei de fritar o bacon.
Ouvi Demetria falar com alguém na porta de entrada e ouvi quando ela fechou a
mesma. Não me surpreendi ou ouvi-la gritar da sala.
— Era a vizinha tarada. Veio devolver aquele tapete que Zeus fez o favor
de...
Desliguei o fogão e limpei as mãos. Demetria não tinha terminado a frase e
não tinha voltado à cozinha. Caminhei até à sala e vi-a parada perto do sofá
com um papel nas mãos. Ela lia o conteúdo atentamente e vi seus olhos marejarem.
Aquela era a minha carta de boas-vindas à faculdade.
— Que merda é essa, Joseph? — Perguntou com raiva. Ela ainda segurava a
carta branca com o símbolo da faculdade.
— Me deixa explicar. — Pedi me aproximando devagar.
— Me deixa explicar o quê? O que tem para explicar? Esqueceu o que está
escrito nesta carta? Quer que eu te lembre? — Perguntou irónica. Fechei os
olhos ao ouvi-la citar as palavras anunciadas na folha de papel. — “Caro Joseph
Adam Jonas, é com todo o prazer que informarmos que foi aceite na Faculdade de
Mecânica...”! FACULDADE JOSEPH? QUE MERDA ESTÁ ACONTECENDO? — Gritou largando a
carta na mesa de centro. Levei as mãos à minha cabeça e deixei-me ficar em
silêncio por breves segundos. — Quando você decidiu? — Perguntou num tom de voz
baixo.
— Antes de vir morar com você. — Respondi. O que me restava agora era
falar a verdade.
— Eu não acredito! — Sussurrou incrédula. — Quando você se candidatou?
— Fiz o teste de admissão no começo da semana. — Falei. Eu pensava que já
tinha visto mágoa nos olhos de Demetria Lovato, mas quando ela ouviu as minhas
palavras e levantou o rosto, eu vi algo que nunca pensei ver nela. Frieza. — Me
escuta, por favor. Eu não vou mais para a faculdade. Eu não quero te deixar.
Não quero fazer isso e eu sei que pode não me perdoar, mas eu não quero ficar
longe de você. — Apressei-me a dizer. Ela parecia ter entrado em algum estado
de dormência e eu comecei a ficar desesperado. — Demi, por favor. Eu te amo. Eu
não quero perder você. Eu não quero!
— Você fez o teste depois de... Depois... Depois de eu ter dito que...
Você mentiu. — Ela estava desnorteada e por momentos pensei que ela fosse desmaiar.
Aproximei-me dela e tentei segurá-la, mas ela afastou-se bruscamente. — NÃO
TOCA EM MIM! — Gritou chorando. Vi-a soluçar e agarrei meus cabelos. Não! Não!
— EU TENHO NOJO DE VOCÊ! TENHO RAIVA DE VOCÊ! EU QUERO QUE VOCÊ SUMA DESSA CASA
E DESAPAREÇA PARA SEMPRE! EU ODEIO VOCÊ!
— Demi, por favor... — Implorei tentando chegar perto dela. Levei um tapa
na cara e senti meus olhos arderem. Não era pelo tapa, mas sim por suas
palavras.
— NÃO CHEGA PERTO DE MIM! — Continuou gritando. — EU TE ODEIO! EU QUERO VOCÊ
FORA DESSA CASA E NÃO QUERO QUE VOLTE NUNCA MAIS! SAÍ! SAÍ DAQUI!
Segurei seus braços para que ela parasse de me estapear e olhei em seus
olhos. Estavam vermelhos e úmidos devido ás lágrimas. Suspirei e soltei-a
lentamente enquanto ela caia no sofá e se abraçava, balançando como uma criança
indefesa.
— Demi...
— Saí. — Sussurrou. —Apenas leva o carro e saí. — Ordenou sem me olhar.
Limpei minhas lágrimas e caminhei até ao quarto. Arrumei tudo o que tinha
levado e voltei à sala. Demetria estava no mesmo sitio, mas desta vez eu não
ouvia os seus soluços. Ela apenas chorava em silêncio, como se o nó em seu
peito fosse grande de mais para permiti-la gritar de novo.
Saí pela porta e abri a garagem. Entrei no carro e saí disparado em direção
à casa dos meus pais. Toquei a campainha e agradeci mentalmente por ter sido
minha mãe a abrir a porta.
— Joseph! — Exclamou. Não sabia se era surpresa ao ver-me ali ou surpresa pelo
meu estado deplorável. Talvez seja pelos dois. — O que aconteceu? — Perguntou
ainda segurando a porta.
— Eu... Demi... Acabou mãe. —Sussurrei voltando a sentir as lágrimas
escorrerem.
— Joseph. —Sussurrou.
Fui puxado para um abraço e apertei minha mãe com força, escondendo meu
rosto em seu ombro como costumava fazer quando era criança. Senti suas mãos
delicadas em meu cabelo e soltei tudo o que estava sentindo sem me importar se
estava dando show ou não. A verdade é que eu tinha perdido Demetria e não havia
nada que eu pudesse fazer para mudar isso. Acabou.
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