Pela milésima vez eu sabia que não ia dar resultado. Eu ia parecer
ridícula e iria me arrepender depois que Joseph risse da minha cara. Mas a li
estava eu, em pleno sex-shop encarando uma prateleira com pelo menos sete tipos
de algemas diferentes. Para quê tanta opção se o objetivo era o mesmo?
— Isto não vai dar certo Val! — Conclui cruzando os braços.
— Claro que vai! — Incentivou com um sorriso. — Não é assim tão difícil
escolher. Falo por experiência própria. — Confessou.
— Você tem algemas? — Perguntei arregalando os olhos. Maluca!
— Tenho. Usei-as na noite passada quando Brandon me levou a casa.
— Você quer dizer, quando o Brandon vos levou para casa. — Falei
maliciosa. Ela corou envergonhada e eu acabei rindo. Aquilo ainda era uma
novidade de Val.
— Não importa esses detalhes. Só sei que a noite foi muito boa. — Falou
mordendo o lábio com algum pensamento impuro.
— Como você... Er, como você faz para... — Engoli em seco. — Como faz para
usá-las?
— É fácil. Quando a coisa envolve algemas eu faço tudo por três partes:
sedução, timing e clímax. Primeiro você o seduz ao ponto dele aceitar de tudo e
mais alguma coisa. Você sabe como homens ficam desesperados quando não
conseguem alcançar o que tanto anseiam. Depois você espera pelo momento certo
para segurá-lo pelos pulsos e deixá-lo indefeso, prendendo-o como você quer.
Essa parte é a mais complexa já que homens são naturalmente mais fortes que as
mulheres. Se você não o pegar de jeito ele acaba virando o jogo e você fica
submissa aos desejos dele. Não é esse o nosso objetivo. Por terceiro e último,
você sente os benefícios e subjugar alguém. E com isso eu não me refiro a maus
tratos. Sou contra ao abuso, mas sou totalmente a favor da mulher ser mais
poderosa que o homem e na cama, nós somos meu amor. É uma brincadeirinha que
pode ser jogado a dois. E é muito divertida. — Concluiu piscando para mim.
Pisquei os olhos assustada e preparei-me para sair daquele lugar. Aquilo
era uma loucura. Nunca que eu conseguiria ser pervertida por uma noite. Quer
dizer, já fui, mas era Joseph quem me seduzia. Não era eu que invocava uma gata
assanhada pronta para atacá-lo. Eu não era assim.
— Isso é loucura Valentina. Vamos embora. — Disse dando as costas. Ela
segurou meu braço impedindo-me de continuar.
— Espere. — Pediu. — Não é assim tão obsceno como você imagina. Você pode
fazer as coisas com doçura. Eu sei que você é assim.
— É. Eu não consigo invocar nenhuma tarada. — Falei vendo-a prender o
riso.
— Não precisa. Você vai saber o que fazer. Eu falei isso porque é como eu
faço. É como eu vejo as coisas. Uma brincadeira fogosa entre duas pessoas que
procuram dar prazer uma à outra. Com você e Joseph é diferente. Não são coisas
que se possam comparar. No entanto, nada te impede de tentar. É algo que quebra
a rotina.
— Eu não tenho essa confiança toda em mim mesma Valentina. Eu não sei nem
escolher algemas para uma noite de diversão! — Exasperei ficando desesperada.
Eu queria dar aquilo a Joseph, mas o meu ego não estava tão lá em cima.
— Está exagerando à toa. Vem. Primeiro vamos escolher. Depois vemos o
resto. — Disse puxando-me de volta para a prateleira. — Eu recomendo essas
aqui. — Falou pegando num modelo de algemas de aço. Pareciam reais de mais.
— Eu não sei como funciona. — Foi impossível não fazer uma careta.
— Por isso escolhi essas mais simples. Estas não tem chave. Tem um sistema
automático que tranca quando você fecha e ela ajusta-se facilmente ao pulso.
Para soltar é só pressionar esta pequena patilha e pronto. Sorte que Joseph não
vai saber disso. — Explicou. — O melhor mesmo é experimentar. Vamos ali ao
balcão.
— Está maluca? Nem pensar! — Protestei impedindo-a de me fazer passar
vergonha.
— Ué, você pode testar este tipo de coisa antes de comprar. Eles até
aconselham. — Ela falava naturalmente. Como se o seu passatempo favorito fosse
fazer compras em sex-shops.
— Não precisa. Eu cuido disso. — Insisti. Podia sentir o meu rosto queimar
e podia sentir olhares em mim mesmo sabendo que eu e Valentina éramos as únicas
clientes naquela loja. Eu estava ficando paranóica.
— Certo. Se você diz. — Desistiu dando de ombros. — Mas você precisa de
mais um acessório.
— O quê? — Perguntei curiosa. Eu não sabia o que aquela louca estava
inventando.
— Langerie para o momento. Eu sei que você ficou de olho numa quando
viemos aqui no outro dia. Tenho uma surpresinha para você.
Segui-a pelo corredor em direção ao balcão e fiquei alhei-a ao notar um
livro de kamasutra em cima do mesmo. Peguei-o por curiosidade e abri. Valentina
conversava alguma coisa com a atendente e eu estava demasiado ocupada tentando
imaginar a quantidade de exercício físico que seria necessária para uma mulher
ter aquela elasticidade. Porra! Era impossível fazer aquilo! As pernas dela
estavam...
— Demi! — Soltei o livro num susto e olhei Val que prendia o riso. A
atendente com o nome de Camila na camiseta olhava-me com um sorriso acolhedor.
Eu devia ter a palavra “virgem” escrito na testa.
— Desculpe. — Pedi apressada.
— Tudo bem. Abre essa caixa. É um presente meu para você. Eu sei que você
tinha ficado de olho no preto, mas como tudo está mudando achei que isso
poderia mudar também.
Olhei-a confusa. Eu sabia o que ela queria dizer com o “tudo está
mudando”, mas não com a caixa. Ainda confusa e sentindo-me um pouco ansiosa,
tirei a tampa e deparei-me com um conjunto de langerie envolta de veludo preto.
Reconheci-a. Era a langerie que eu tinha visto quando Joseph me perguntou se eu
gostaria de ser algemada. Diferente da outra esta era vermelho e então entendi as
palavras de Val. Joseph terá que me dar um senhor orgasmo esta noite.
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Creme cheiroso e macio: confirma.
Langerie vermelha sedutora e roupão de seda: confirma.
Sapato de matar: confirma.
Cabelo solto e esvoaçante: confirma.
Tarada invocada: porra!
Eu não tinha a certeza sobre aquilo. É, eu ainda achava aquilo uma loucura
apesar de muito excitante. Brandon tinha ligado a Joseph para irem jantar com
uns amigos e eu até agradeci mentalmente por isso. Joseph não queria ir, mas a
sua saída era-me conveniente. Acho que tem dedo de Valentina nisso, mas é só um
detalhe.
Olhei o relógio e vi que era o aniversário do Jonas oficialmente. Ele
ainda não tinha chegado e ainda dava tempo de eu desistir daquela pouca
vergonha. Ah! No fundo eu não quero desistir. Quero que ele me... Coma? Não, palavra
vulgar. Eu só quero que ele...
— Demi? — Ouvi chamar da sala. Merda! Agora não podia voltar atrás. Seja o
que a tarada sem vergonha quiser.
— No quarto. — A tentativa de fazer uma voz sedutora foi pelo buraco.
— O que...
Joseph estava parado na porta, gostoso para caralho. O cabelo desarrumado,
a camisa branca com os botões abertos, descalço e com o cinto desapertado. As
calças descaídas revelavam aquelas entradas perfeitas e eu fiquei com uma
estranha vontade de beijá-lo ali. Sorri de lado ao notar que não era preciso
muito para a tarada vir ao de cima.
Caminhei lentamente até ele e pouco antes de chegar deixei o robe deslizar
por meu corpo. Vi-o suster a respiração e seus olhos percorrerem meu corpo. Ele
abriu a boca para dizer algo, mas nada saiu. Segurei as duas pontas soltas de
seu cinto e puxei-o para mim com força, roçando meu corpo no dele. Um gemido
fraco escapou de sua boca e rocei meus lábios nos dele satisfeita. Primeiro
passo: sedução.
— Parabéns meu amor. — Sussurrei olhando em seus olhos. Eles brilhavam de
admiração e eu me senti no topo do mundo.
— Obri... Er, obrigado. — Gaguejou engolindo em seco. Sorri safada e mordi
seu lábio inferior. Suas mãos foram parar em minha cintura e apertaram
gentilmente. Fraco.
— Estou com vontade de brincar hoje. — Disse espalmando minhas mãos em seu
peito. Ele estava quente e podia arriscar dizer que suando. Acariciei sua pele
e deslizei meus dedos por seus ombros e braços, levando a camisa de arrasto.
Contornei-o e parei nas suas costas, levando minhas mãos ao seu abdómen
definido. — Você quer brincar? — Perguntei em seu ouvido. Seus músculos
tencionaram e eu percebi aquilo como um sim.
Voltei para a sua frente e sorri para ele antes de puxar sua nuca e
beijá-lo com vontade. Satisfeita por senti-lo responder com uma fome que nunca
antes tinha mostrado, levei minhas mãos aos botões de sua calça jeans e em
seguida empurrei-a pelo traseiro torneado. Não deixei de dar uma apertada bem
dada e o gemido de Joseph foi o suficiente para me fazer sorrir entre o beijo.
— Você... O que você tem hoje? — Perguntou enquanto beijava seu pescoço.
Quase podia sentir o sorriso em seus lábios.
— Tenho você. — Respondi voltando a beijá-lo desesperadamente. Senti sua
ereção sob a box e levei minha mão até lá. Apertei com carinho, ouvindo-o gemer
de novo. Peguei sua cintura para mantê-lo junto a mim e fui conduzindo-nos para
a cama.
Não demorou a que ele estivesse deitado na cama comigo de quatro em cima
dele. Eram beijos, mordidas, chupadas e lambidas que eu sabia que ele gostava.
Minhas mãos estavam na cama para amparar meu peso em cima dele e só quando
deslizei um pouco mais para cima é que me lembrei das algemas debaixo da almofada.
Automaticamente preparei-me para o segundo passo: timing.
Valentina tinha razão. Era a parte mais complicada. Eu não sabia se devia
pôr as algemas agora ou se devia esperar. Não sabia como Joseph ia reagir mesmo
que eu soubesse que ele gosta da coisa. Eu tinha-lhe dito que era algo que não
faria e ali estava eu seminua pronta para algemá-lo. Loucura isso. Eu estava
nervosa e não queria colocar tudo a perder. Sabia que se não fosse agora não
faria mais então peguei na coisa e algemei um dos pulsos de Joseph. Não me
perguntem como, mas num momento eu estava beijando Joseph e algemando-o e no
outro estava toda atrapalhada tentando me desenvencilhar de ficar algemada junto.
Em vão.
— Demi, o que é isso?
Joseph não conseguia entender o que estava acontecendo e eu sentei-me na
cama tentando tirar o troço preso no meu pulso. Não me atrevi a encará-lo, mas
percebi que ele tinha entendido quando começou a rir. Fiquei mais nervosa e
desesperada e só com a ajuda de Joseph é que consegui tirar as algemas. Ele
ainda ria e a minha reação foi sair do quarto batendo a porta e ir à cozinha.
Apertei a beira da bancada de pedra e respirei fundo sentindo meus olhos
arderem. Porra!
Não é preciso dizer que me sentia envergonhada, idiota e ridícula. Parecia
uma adolescente virgem com medo da primeira vez. Nem conseguia ser mulher o
suficiente e satisfazer alguém direito! Não me surpreende a reação de Joseph ao
rir. Funguei para manter a calma e pensar em como iria encará-lo agora. Ele não
tinha vindo atrás de mim e eu não sei se devia ficar aliviada ou preocupada.
— Estúpida! É o que você é Demetria. — Falei batendo na minha testa.
— Não é verdade. — Ouvi Joseph dizer atrás de mim. Virei-me para encará-lo,
repentinamente furiosa. Ele estava parado no batente da porta de boxer e com as
malditas algemas rodopiando em seu dedo.
— Como não? — Perguntei cruzando os braços. — Você até riu do quanto eu
estava sendo idiota. Não acha isso broxante o suficiente? — Questionei
incrédula ao ver o sorriso safado dele.
— Quer que eu tire a boxer para você ter a certeza que não broxei? Juro
que continua duro do jeitinho que você gosta. — Falou me fazendo corar
envergonhada. Tentei não perder a postura de durona, mas estava difícil quando
constatei o fato. — Já para não falar que você fica gostosa para caralho quando
está chateadinha como agora.
— Não é verdade. — Neguei sem querer acreditar.
— Eu vou adorar te provar. — Falou maliciosamente enquanto vinha até mim.
Fiquei imóvel e sustive a respiração quando ele pegou minha mão e beijou,
chupando o dedo mindinho e mordendo em seguida. Aquilo era tão fodidamente
erótico! Oh sim. Ele tinha a escola toda! Quando dei conta ele já tinha algemado
um de meus pulsos. Olhei-o insegura quando o vi segurar minha outra mão. — Você
confiou em mim naquela noite e eu peço que confie agora também.
— Tudo bem. — Me rendi ficando algemada. Olhei-o sem saber o que fazer e
fechei os olhos ao senti-lo aproximar seu rosto do meu.
— É o meu aniversário e eu tenho esta fodida fantasia de te possuir nessa
bancada até você gritar de prazer. — Falou com rouquidão enquanto enroscava
seus dedos grossos em meus cabelos. — No entanto acho que devemos começar por
algo mais confortável. Quero você na cama. — Disse me segurando no colo.
Minha mente ainda rodopiava com as coisas obscenas que ele falava e eu
nunca me tinha sentido tão excitada. Quando ele me deitou na cama e abriu
minhas pernas, ofeguei ao vê-lo cobrir meu corpo com o seu. Seus lábios
exigiram os meus e suas mãos seguraram as minhas por cima da minha cabeça. Sentia-me
impotente e ao mesmo tempo sentia-me uma deusa que tem a adoração do homem. E
eu tinha a de Joseph.
Gemi ao sentir sua língua na minha e tratei de acariciá-la como sempre
fazia. Faziam apenas horas que eu não sentia o beijo de Joseph, mas eu sempre
ficava com saudade. Sempre queria mais dele. Não importava se fazíamos sexo ou
se era apenas um abraço, eu sempre queria mais.
Pensei que tivesse arruinado a noite, mas Joseph mostrou, mesmo sem
dizê-lo, que o meu drama era algo sem sentido. Eu não me dava bem com algemas e
isso era um fato, mas ali estava eu, algemada com Joseph de joelhos entre as
minhas pernas enquanto descia sua mão por minha barriga. Então eu entendi.
Talvez eu não tivesse jeito par dominar e sim ser submetida a Joseph. Isso me
fez confusão. Eu não gostava do título “submissa”. Tenho vontades próprias...
Que Joseph conhece muito bem.
— Joseph. — Gemi arqueando meu corpo quando suas mãos subiram por minhas
coxas.
— Lamento Demi, mas não vai ser algo lento desta vez. — Falou fazendo a
minha calcinha voar pelo quarto.
— Como assim? — Perguntei confusa. Senti os dedos de Joseph me acariciando
e arfei ao sentir um dedo me penetrando de surpresa.
— Você me deixou latejando ainda há pouco. A carne é fraca meu amor. —
Falou mordendo meu queixo. Sorri e suspirei ao sentir um vazio quando ele se
afastou. Abri os olhos e vi-o remexendo a gaveta da cómoda. Voltou com a
camisinha vestida e eu mordi meu lábio ao vê-lo no ponto. — Safada. — Disse subindo em mim de novo.
Cobrindo meus lábios novamente, senti-o entrando numa estocada só. Entrou
firme e abrasador o suficiente para me fazer rodear seu pescoço e segurar seus
cabelos com força. Ele começou e não parou. Tal como tinha avisado
anteriormente. Senti-me poderosa do jeito que Valentina tinha falado. Mesmo não
estando no controle eu me sentia no controle e nunca tinha sido tão bom. Joseph
parecia depender de mim para qualquer coisa nesse momento e eu gostava da
sensação de poder cuidar dele. De fazê-lo meu.
Meu corpo estremecia a cada movimento de Joseph e não consegui evitar
gemer alto quando o senti ir mais fundo, atingindo um lugar prazeroso de mais
para que eu pudesse suportar. Uma, duas, três e quatro vezes ele repetiu o
movimento sabendo que eu estava perto de atingir um orgasmo forte o suficiente
para me deixar dormente por alguns segundos.
— Vem bebé. — Pediu ofegante. — Vem comigo.
Sorri com suas palavras doces e deixei vir enquanto gemia em sua boca. Não
houve uma grande diferença de tempo entre o meu orgasmo e o dele e logo senti o
corpo dele sobre o meu. Ele ainda estava dentro de mim e eu ainda estava
algemada. Acariciei seus cabelos molhados de suor e beijei sua testa sussurrando
novamente um feliz aniversário. A noite não terminaria ali.
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