06/07/2014

Como se Apaixonar em 40 Dias - 21º Capítulo (+18)


Pela milésima vez eu sabia que não ia dar resultado. Eu ia parecer ridícula e iria me arrepender depois que Joseph risse da minha cara. Mas a li estava eu, em pleno sex-shop encarando uma prateleira com pelo menos sete tipos de algemas diferentes. Para quê tanta opção se o objetivo era o mesmo?
— Isto não vai dar certo Val! — Conclui cruzando os braços.
— Claro que vai! — Incentivou com um sorriso. — Não é assim tão difícil escolher. Falo por experiência própria. — Confessou.
— Você tem algemas? — Perguntei arregalando os olhos. Maluca!
— Tenho. Usei-as na noite passada quando Brandon me levou a casa.
— Você quer dizer, quando o Brandon vos levou para casa. — Falei maliciosa. Ela corou envergonhada e eu acabei rindo. Aquilo ainda era uma novidade de Val.
— Não importa esses detalhes. Só sei que a noite foi muito boa. — Falou mordendo o lábio com algum pensamento impuro.
— Como você... Er, como você faz para... — Engoli em seco. — Como faz para usá-las?
— É fácil. Quando a coisa envolve algemas eu faço tudo por três partes: sedução, timing e clímax. Primeiro você o seduz ao ponto dele aceitar de tudo e mais alguma coisa. Você sabe como homens ficam desesperados quando não conseguem alcançar o que tanto anseiam. Depois você espera pelo momento certo para segurá-lo pelos pulsos e deixá-lo indefeso, prendendo-o como você quer. Essa parte é a mais complexa já que homens são naturalmente mais fortes que as mulheres. Se você não o pegar de jeito ele acaba virando o jogo e você fica submissa aos desejos dele. Não é esse o nosso objetivo. Por terceiro e último, você sente os benefícios e subjugar alguém. E com isso eu não me refiro a maus tratos. Sou contra ao abuso, mas sou totalmente a favor da mulher ser mais poderosa que o homem e na cama, nós somos meu amor. É uma brincadeirinha que pode ser jogado a dois. E é muito divertida. — Concluiu piscando para mim.
Pisquei os olhos assustada e preparei-me para sair daquele lugar. Aquilo era uma loucura. Nunca que eu conseguiria ser pervertida por uma noite. Quer dizer, já fui, mas era Joseph quem me seduzia. Não era eu que invocava uma gata assanhada pronta para atacá-lo. Eu não era assim.
— Isso é loucura Valentina. Vamos embora. — Disse dando as costas. Ela segurou meu braço impedindo-me de continuar.
— Espere. — Pediu. — Não é assim tão obsceno como você imagina. Você pode fazer as coisas com doçura. Eu sei que você é assim.
— É. Eu não consigo invocar nenhuma tarada. — Falei vendo-a prender o riso.
— Não precisa. Você vai saber o que fazer. Eu falei isso porque é como eu faço. É como eu vejo as coisas. Uma brincadeira fogosa entre duas pessoas que procuram dar prazer uma à outra. Com você e Joseph é diferente. Não são coisas que se possam comparar. No entanto, nada te impede de tentar. É algo que quebra a rotina.
— Eu não tenho essa confiança toda em mim mesma Valentina. Eu não sei nem escolher algemas para uma noite de diversão! — Exasperei ficando desesperada. Eu queria dar aquilo a Joseph, mas o meu ego não estava tão lá em cima.
— Está exagerando à toa. Vem. Primeiro vamos escolher. Depois vemos o resto. — Disse puxando-me de volta para a prateleira. — Eu recomendo essas aqui. — Falou pegando num modelo de algemas de aço. Pareciam reais de mais.
— Eu não sei como funciona. — Foi impossível não fazer uma careta.
— Por isso escolhi essas mais simples. Estas não tem chave. Tem um sistema automático que tranca quando você fecha e ela ajusta-se facilmente ao pulso. Para soltar é só pressionar esta pequena patilha e pronto. Sorte que Joseph não vai saber disso. — Explicou. — O melhor mesmo é experimentar. Vamos ali ao balcão.
— Está maluca? Nem pensar! — Protestei impedindo-a de me fazer passar vergonha.
— Ué, você pode testar este tipo de coisa antes de comprar. Eles até aconselham. — Ela falava naturalmente. Como se o seu passatempo favorito fosse fazer compras em sex-shops.
— Não precisa. Eu cuido disso. — Insisti. Podia sentir o meu rosto queimar e podia sentir olhares em mim mesmo sabendo que eu e Valentina éramos as únicas clientes naquela loja. Eu estava ficando paranóica.
— Certo. Se você diz. — Desistiu dando de ombros. — Mas você precisa de mais um acessório.
— O quê? — Perguntei curiosa. Eu não sabia o que aquela louca estava inventando.
— Langerie para o momento. Eu sei que você ficou de olho numa quando viemos aqui no outro dia. Tenho uma surpresinha para você.
Segui-a pelo corredor em direção ao balcão e fiquei alhei-a ao notar um livro de kamasutra em cima do mesmo. Peguei-o por curiosidade e abri. Valentina conversava alguma coisa com a atendente e eu estava demasiado ocupada tentando imaginar a quantidade de exercício físico que seria necessária para uma mulher ter aquela elasticidade. Porra! Era impossível fazer aquilo! As pernas dela estavam...
— Demi! — Soltei o livro num susto e olhei Val que prendia o riso. A atendente com o nome de Camila na camiseta olhava-me com um sorriso acolhedor. Eu devia ter a palavra “virgem” escrito na testa.
— Desculpe. — Pedi apressada.
— Tudo bem. Abre essa caixa. É um presente meu para você. Eu sei que você tinha ficado de olho no preto, mas como tudo está mudando achei que isso poderia mudar também.
Olhei-a confusa. Eu sabia o que ela queria dizer com o “tudo está mudando”, mas não com a caixa. Ainda confusa e sentindo-me um pouco ansiosa, tirei a tampa e deparei-me com um conjunto de langerie envolta de veludo preto. Reconheci-a. Era a langerie que eu tinha visto quando Joseph me perguntou se eu gostaria de ser algemada. Diferente da outra esta era vermelho e então entendi as palavras de Val. Joseph terá que me dar um senhor orgasmo esta noite.

-----

Creme cheiroso e macio: confirma.
Langerie vermelha sedutora e roupão de seda: confirma.
Sapato de matar: confirma.
Cabelo solto e esvoaçante: confirma.
Tarada invocada: porra!
Eu não tinha a certeza sobre aquilo. É, eu ainda achava aquilo uma loucura apesar de muito excitante. Brandon tinha ligado a Joseph para irem jantar com uns amigos e eu até agradeci mentalmente por isso. Joseph não queria ir, mas a sua saída era-me conveniente. Acho que tem dedo de Valentina nisso, mas é só um detalhe.
Olhei o relógio e vi que era o aniversário do Jonas oficialmente. Ele ainda não tinha chegado e ainda dava tempo de eu desistir daquela pouca vergonha. Ah! No fundo eu não quero desistir. Quero que ele me... Coma? Não, palavra vulgar. Eu só quero que ele...
— Demi? — Ouvi chamar da sala. Merda! Agora não podia voltar atrás. Seja o que a tarada sem vergonha quiser.
— No quarto. — A tentativa de fazer uma voz sedutora foi pelo buraco.
— O que...
Joseph estava parado na porta, gostoso para caralho. O cabelo desarrumado, a camisa branca com os botões abertos, descalço e com o cinto desapertado. As calças descaídas revelavam aquelas entradas perfeitas e eu fiquei com uma estranha vontade de beijá-lo ali. Sorri de lado ao notar que não era preciso muito para a tarada vir ao de cima.
Caminhei lentamente até ele e pouco antes de chegar deixei o robe deslizar por meu corpo. Vi-o suster a respiração e seus olhos percorrerem meu corpo. Ele abriu a boca para dizer algo, mas nada saiu. Segurei as duas pontas soltas de seu cinto e puxei-o para mim com força, roçando meu corpo no dele. Um gemido fraco escapou de sua boca e rocei meus lábios nos dele satisfeita. Primeiro passo: sedução.
— Parabéns meu amor. — Sussurrei olhando em seus olhos. Eles brilhavam de admiração e eu me senti no topo do mundo.
— Obri... Er, obrigado. — Gaguejou engolindo em seco. Sorri safada e mordi seu lábio inferior. Suas mãos foram parar em minha cintura e apertaram gentilmente. Fraco.
— Estou com vontade de brincar hoje. — Disse espalmando minhas mãos em seu peito. Ele estava quente e podia arriscar dizer que suando. Acariciei sua pele e deslizei meus dedos por seus ombros e braços, levando a camisa de arrasto. Contornei-o e parei nas suas costas, levando minhas mãos ao seu abdómen definido. — Você quer brincar? — Perguntei em seu ouvido. Seus músculos tencionaram e eu percebi aquilo como um sim.
Voltei para a sua frente e sorri para ele antes de puxar sua nuca e beijá-lo com vontade. Satisfeita por senti-lo responder com uma fome que nunca antes tinha mostrado, levei minhas mãos aos botões de sua calça jeans e em seguida empurrei-a pelo traseiro torneado. Não deixei de dar uma apertada bem dada e o gemido de Joseph foi o suficiente para me fazer sorrir entre o beijo.
— Você... O que você tem hoje? — Perguntou enquanto beijava seu pescoço. Quase podia sentir o sorriso em seus lábios.
— Tenho você. — Respondi voltando a beijá-lo desesperadamente. Senti sua ereção sob a box e levei minha mão até lá. Apertei com carinho, ouvindo-o gemer de novo. Peguei sua cintura para mantê-lo junto a mim e fui conduzindo-nos para a cama.
Não demorou a que ele estivesse deitado na cama comigo de quatro em cima dele. Eram beijos, mordidas, chupadas e lambidas que eu sabia que ele gostava. Minhas mãos estavam na cama para amparar meu peso em cima dele e só quando deslizei um pouco mais para cima é que me lembrei das algemas debaixo da almofada. Automaticamente preparei-me para o segundo passo: timing.
Valentina tinha razão. Era a parte mais complicada. Eu não sabia se devia pôr as algemas agora ou se devia esperar. Não sabia como Joseph ia reagir mesmo que eu soubesse que ele gosta da coisa. Eu tinha-lhe dito que era algo que não faria e ali estava eu seminua pronta para algemá-lo. Loucura isso. Eu estava nervosa e não queria colocar tudo a perder. Sabia que se não fosse agora não faria mais então peguei na coisa e algemei um dos pulsos de Joseph. Não me perguntem como, mas num momento eu estava beijando Joseph e algemando-o e no outro estava toda atrapalhada tentando me desenvencilhar de ficar algemada junto. Em vão.
— Demi, o que é isso?
Joseph não conseguia entender o que estava acontecendo e eu sentei-me na cama tentando tirar o troço preso no meu pulso. Não me atrevi a encará-lo, mas percebi que ele tinha entendido quando começou a rir. Fiquei mais nervosa e desesperada e só com a ajuda de Joseph é que consegui tirar as algemas. Ele ainda ria e a minha reação foi sair do quarto batendo a porta e ir à cozinha. Apertei a beira da bancada de pedra e respirei fundo sentindo meus olhos arderem. Porra!
Não é preciso dizer que me sentia envergonhada, idiota e ridícula. Parecia uma adolescente virgem com medo da primeira vez. Nem conseguia ser mulher o suficiente e satisfazer alguém direito! Não me surpreende a reação de Joseph ao rir. Funguei para manter a calma e pensar em como iria encará-lo agora. Ele não tinha vindo atrás de mim e eu não sei se devia ficar aliviada ou preocupada.
— Estúpida! É o que você é Demetria. — Falei batendo na minha testa.
— Não é verdade. — Ouvi Joseph dizer atrás de mim. Virei-me para encará-lo, repentinamente furiosa. Ele estava parado no batente da porta de boxer e com as malditas algemas rodopiando em seu dedo.
— Como não? — Perguntei cruzando os braços. — Você até riu do quanto eu estava sendo idiota. Não acha isso broxante o suficiente? — Questionei incrédula ao ver o sorriso safado dele.
— Quer que eu tire a boxer para você ter a certeza que não broxei? Juro que continua duro do jeitinho que você gosta. — Falou me fazendo corar envergonhada. Tentei não perder a postura de durona, mas estava difícil quando constatei o fato. — Já para não falar que você fica gostosa para caralho quando está chateadinha como agora.
— Não é verdade. — Neguei sem querer acreditar.
— Eu vou adorar te provar. — Falou maliciosamente enquanto vinha até mim. Fiquei imóvel e sustive a respiração quando ele pegou minha mão e beijou, chupando o dedo mindinho e mordendo em seguida. Aquilo era tão fodidamente erótico! Oh sim. Ele tinha a escola toda! Quando dei conta ele já tinha algemado um de meus pulsos. Olhei-o insegura quando o vi segurar minha outra mão. — Você confiou em mim naquela noite e eu peço que confie agora também.
— Tudo bem. — Me rendi ficando algemada. Olhei-o sem saber o que fazer e fechei os olhos ao senti-lo aproximar seu rosto do meu.
— É o meu aniversário e eu tenho esta fodida fantasia de te possuir nessa bancada até você gritar de prazer. — Falou com rouquidão enquanto enroscava seus dedos grossos em meus cabelos. — No entanto acho que devemos começar por algo mais confortável. Quero você na cama. — Disse me segurando no colo.
Minha mente ainda rodopiava com as coisas obscenas que ele falava e eu nunca me tinha sentido tão excitada. Quando ele me deitou na cama e abriu minhas pernas, ofeguei ao vê-lo cobrir meu corpo com o seu. Seus lábios exigiram os meus e suas mãos seguraram as minhas por cima da minha cabeça. Sentia-me impotente e ao mesmo tempo sentia-me uma deusa que tem a adoração do homem. E eu tinha a de Joseph.
Gemi ao sentir sua língua na minha e tratei de acariciá-la como sempre fazia. Faziam apenas horas que eu não sentia o beijo de Joseph, mas eu sempre ficava com saudade. Sempre queria mais dele. Não importava se fazíamos sexo ou se era apenas um abraço, eu sempre queria mais.
Pensei que tivesse arruinado a noite, mas Joseph mostrou, mesmo sem dizê-lo, que o meu drama era algo sem sentido. Eu não me dava bem com algemas e isso era um fato, mas ali estava eu, algemada com Joseph de joelhos entre as minhas pernas enquanto descia sua mão por minha barriga. Então eu entendi. Talvez eu não tivesse jeito par dominar e sim ser submetida a Joseph. Isso me fez confusão. Eu não gostava do título “submissa”. Tenho vontades próprias... Que Joseph conhece muito bem.
— Joseph. — Gemi arqueando meu corpo quando suas mãos subiram por minhas coxas.
— Lamento Demi, mas não vai ser algo lento desta vez. — Falou fazendo a minha calcinha voar pelo quarto.
— Como assim? — Perguntei confusa. Senti os dedos de Joseph me acariciando e arfei ao sentir um dedo me penetrando de surpresa.
— Você me deixou latejando ainda há pouco. A carne é fraca meu amor. — Falou mordendo meu queixo. Sorri e suspirei ao sentir um vazio quando ele se afastou. Abri os olhos e vi-o remexendo a gaveta da cómoda. Voltou com a camisinha vestida e eu mordi meu lábio ao vê-lo no ponto.  — Safada. — Disse subindo em mim de novo.
Cobrindo meus lábios novamente, senti-o entrando numa estocada só. Entrou firme e abrasador o suficiente para me fazer rodear seu pescoço e segurar seus cabelos com força. Ele começou e não parou. Tal como tinha avisado anteriormente. Senti-me poderosa do jeito que Valentina tinha falado. Mesmo não estando no controle eu me sentia no controle e nunca tinha sido tão bom. Joseph parecia depender de mim para qualquer coisa nesse momento e eu gostava da sensação de poder cuidar dele. De fazê-lo meu.
Meu corpo estremecia a cada movimento de Joseph e não consegui evitar gemer alto quando o senti ir mais fundo, atingindo um lugar prazeroso de mais para que eu pudesse suportar. Uma, duas, três e quatro vezes ele repetiu o movimento sabendo que eu estava perto de atingir um orgasmo forte o suficiente para me deixar dormente por alguns segundos.
— Vem bebé. — Pediu ofegante. — Vem comigo.
Sorri com suas palavras doces e deixei vir enquanto gemia em sua boca. Não houve uma grande diferença de tempo entre o meu orgasmo e o dele e logo senti o corpo dele sobre o meu. Ele ainda estava dentro de mim e eu ainda estava algemada. Acariciei seus cabelos molhados de suor e beijei sua testa sussurrando novamente um feliz aniversário. A noite não terminaria ali.

Sem comentários:

Enviar um comentário