— Bom dia Demetria. Como foram suas férias? — Perguntou Sarah chegando à
minha mesa. Olhei-a por instantes e refleti. Porra!
— Intensas. — Respondi dando um sorriso amarelo. Vi-a dar um sorriso malicioso
e revirei os olhos já sabendo o que viria.
— Espero que sim. Eu sei que Joseph não é seu primo. — Falou saindo em
seguida.
Fiquei ali com cara de tacho por breves segundos e quando acordei vi que
tinha chamado demasiado a atenção. Merda! Ela sabia? Não quero nem saber o que
está pensando. Certo, eu sei que não foge muito da minha realidade atual, mas
ela não precisa saber disso! Olhei novamente o monitor há minha frente e
suspirei. Eu queria ficar de férias para sempre. Ouvi o som irritante do meu celular
na minha bolsa e antes que mais alguém desse conta, já tinha atendido a
chamada.
— Demi. — Ouvi Joseph chamar. Fiquei confusa. Porque ele estava me
ligando?
— Me diz que não incendiou minha casa! — Pedi fechando os olhos.
— Ainda não. — Respondeu rindo. — Eu estou ligando para saber se posso
usar o seu carro.
— O meu carro? — Perguntei desconfiada. Eles odiavam-se! — Para quê
exatamente?
— Eu preciso ir às compras e visto que você não me deixou trazer o meu
carro, não vejo outra solução.
— Porque não pega um táxi? — Perguntei óbvia.
— Pode apenas descer e entregar as chaves? Não vai doer sabe. — Falou com
ironia. Revirei os olhos e comecei a vasculhar a mala à procura das chaves.
Parei no momento em que entendi as palavras dele.
— Espera, você disse para eu descer?
— É, eu estou aqui em baixo. — Respondeu.
— Certo, já estou descendo. — Disse por fim desligando a chamada.
Peguei as chaves e o celular e corri até ao gabinete do Matt. Ele teria
que salvar minha pele.
— Matt! — Chamei conseguindo sua atenção.
— Fala Demetria. — Disse sorrindo.
— Lembra aquela aposta que eu ganhei? — Perguntei. Ele assentiu e eu sorri
satisfeita. — Ótimo. Esquece o fato de me dever um almoço e cobre a área por
mim. Tenho que dar uma fugida e não convém que a loira lá em cima fique
sabendo. Prometo que são apenas cinco minutinhos.
Não esperei que ele respondesse e corri em direção ao elevador. Sabia que
com Matt era numa boa. Cheguei ao átrio do edifício e saí porta fora à procura
do ser que me esperava. Olhei em todas as direções onde ele podia estar naquela
rua menos atrás de mim. Gritei assustada quando senti duas mãos na minha
cintura e virei-me para encontrar Joseph Jonas com um sorriso ridículo nos
lábios.
— Oi. — Falou ainda me segurando. — Desculpa ter-te assustado, mas aquele
banco ali era mais confortável do que esperar perto da barraca de
cachorro-quente. — Falou apontando para um banco logo perto da entrada. Ele
tinha razão.
— Aqui, as chaves. — Falei estendo-as. Recuei antes que ele as pegasse e
dei-lhe o meu olhar mais sério. — Eu não faço a mínima ideia do que você esteja
aprontando Jonas, mas eu quero o meu carro intacto quando eu chegar a casa.
Nada de trocas! — Falei lembrando que ele sempre insistia na droga do carro
novo.
— Certo. Nada de carros novos. Prometo. — Falou fazendo juradinho. Eu
podia ver que ele falava sério, mas eu olhei-o desconfiada de qualquer das
formas. — A que horas você sai do trabalho?
— Hoje devo sair por volta das cinco da tarde. Tem novos projetos por
aqui. Não se preocupe. Eu apanho um táxi. Não é difícil nesta rua. — Falei.
— Tem certeza? — Agora era um Joseph sério e aparentemente preocupado.
— Tenho certeza. — Respondi. — Já não sou uma garotinha Joseph. — Disse.
Vi um sorriso malicioso brotar em seus lábios e ri. O desgraçado já estava
pensando sacanagem.
— Eu bem sei. — Falou. Olhei em volta constrangida e dei um tapa fraco em
seu braço. Senti-me ser puxada contra seu corpo e senti seus lábios nos meus.
Seu beijo era casto e ao mesmo tempo exigente. Como podia?
— Pára. — Pedi me afastando.
— Por quê? — Perguntou fazendo bico. Mordi-o sem resistir e vi-o sorrir
satisfeito.
— Tenho que ir trabalhar e, além disso, estamos no meio da rua.
— Certo. — Falou pegando as chaves que eu voltava a estender. — Obrigado.
— Disse me dando um selinho.
— De nada. Não se esqueça. — Falei lembrando-o do aviso.
— Certo chefe. — Respondeu me roubando mais um beijo.
Afastei-o depois disso e vi-o caminhar até ao carro no estacionamento.
Preparei-me para entrar, mas antes que pudesse fazê-lo um senhor de certa idade
chamou minha atenção.
— Vocês formam um casal muito bonito. — Falou me olhando com um sorriso
simpático. Sorri de volta com uma vontade enorme de explicar que Joseph e eu
não formávamos um casal, mas acho que só iria confundir mais o senhor.
— Obrigada. — Respondi meia sem jeito. Acenei e entrei no edifício,
caminhando em direção ao elevador.
Será que outros pensam como ele? Eu não quero compromisso agora e não
quero que os outros achem que eu quero. Joseph sabe disso e eu sei disso,
mas... É suficiente? Ignorei qualquer pensamento sobre Joseph neste momento e
caminhei até minha mesa. Acenei a Matt que assentiu sorrindo e mostrando que
estava tudo tranquilo por ali e sentei em minha cadeira. No momento em que o fiz
ouvi o iPhone tocar e olhei o visor. Eu estava morta!
— Oi Valentina. — Atendi fechando os olhos e fazendo uma careta. Já sabia
o que me esperava.
— ME DÊ UM BOM MOTIVO PARA NÃO TER VINDO ALMOÇAR COMIGO ONTEM! — Gritou me
fazendo rir por momentos. Sempre escandalosa. — NÃO RIA DESGRAÇADA. EU ESTOU
BRAVA COM VOCÊ!
— Certo. — Falei pensando no que dizer. Só havia uma resposta para que ela
entendesse e que neste caso era a mais pura verdade. — Eu transei com Joseph
Jonas. — Falei me certificando que não havia ninguém por perto. Fiquei aliviada
ao ver que todo o mundo estava demasiado ocupado para reparar em mim.
— COMO É? FINALMENTE DEUS OUVIU AS MINHAS PRECES! Agora me explica melhor
esse assunto. Quero detalhes sórdidos. — Falou mais calma. Ouvi uma voz de
mulher ao fundo e ri.
— Onde você está? — Perguntei.
— Numa sex-shop aqui no shopping. — Falou como se estivesse numa
cafetaria.
— Eu não quero nem saber o que está fazendo aí. — Falei rindo.
— Estou comprando um brinquedo novo. O meu estragou. — Disse triste.
Gargalhei e logo tentei conter-me enquanto recebia encaradas reprovadoras dos
colegas mais rígidos.
— Escuta, eu não posso falar agora. Vem almoçar comigo. Estou sem carro,
por isso tem que vir me pegar. — Expliquei. Maldito Jonas. — Eu posso contar
alguns dos detalhes sórdidos. — Falei percebendo que ela se animava.
— Combinado!
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— Ele é grande? — Perguntou Valentina me fazendo engasgar com o vinho
branco que eu estava bebendo.
— Sério que está perguntando isso? — Perguntei envergonhada. Estávamos
sentadas há dez minutos e parecia a conversa mais constragedora que eu alguma
vez tive.
— Claro! Tamanho é poder. Quanto mais bem dotado ele for, mais você se
ajoelha. Fato! — Falou ignorando o detalhe de estarmos em público.
— Certo. Ele é bem dotado. Muito bem dotado. — Admiti. Se não fosse com
ela com quem eu falaria?
— Maior que o Travis?
— Bem mais. — Falei comparando-os mentalmente.
— Ele tem pegada?
— Sim.
— Muita pegada?
— Como assim Valentina? Como espera que eu saiba responder a isso? —
Perguntei revirando os olhos.
— Amiga, tudo depende da forma como ele te deixou! Ficou molhada?
Selvagem? Completamente louca?
— Minhas pernas ficaram dormentes. — Lembrei. Dei um pequeno sorriso, mas
logo bebi mais um pouco do vinho.
— MEU DEUS! VOCÊ...
— Cala a boca Valentina! — Pedi baixo. — Por favor, não grite! Não quero
ser notícia amanhã. Nem devia estar falando disto aqui.
— Você achou um Pénis de Ouro! — Disse atónita. What the fuck?
— Como assim um Pénis de Ouro? — Perguntei completamente confusa. Ela era
louca!
— Com licença, senhoritas. — Ouvi o garçom interromper ao nosso lado.
Petrifiquei no mesmo instante e xinguei Valentina de todas as ofensas
imaginárias!
— Desculpe, mas como é que você se sente depois de uma boa foda? —
Perguntou Valentina na maior cara de pau. Olhei-a completamente imóvel e vi no
sorriso dela que aquilo não era nada. — O que eu quero perguntar realmente é,
como você se sente depois de deixar uma mulher totalmente dormente? As pernas
pelo menos.
— Eu... Er, bem... Eu sinto-me, orgulhoso, eu acho. Qualquer homem ficaria
satisfeito de fazer... Isso. É bom para o ego. — Disse por fim. Ele estava
vermelho como um tomate e eu devia estar roxa neste momento! Eu vou atirá-la da
ponte a baixo!
— Obrigada. — Agradeceu com um sorriso. O rapaz retirou-se e eu olhei-a
com uma cara muito feia. — Pode parar Demetria Lovato. Foi apenas uma pergunta
inocente.
— Inocente? — Perguntei irónica. Ela assentiu com aquele sorriso bobo dela
e eu permiti-me sorrir. O homem que a fisgasse seria o homem mais bem sucedido
no mundo. Sexo nunca seria problema.
— Voltando à conversa e ignorando esses seus ataques de vergonha. Você tem
um pénis de ouro em casa. Isso é maravilhoso!
— Eu não entendo o que quer dizer Valentina.
— Eu já devia ser a sua sexóloga há muito tempo! — Falou se ajeitando na
cadeira. Dei uma dentada na minha macarronada e encarei-a. Sim, eu estava
interessada em suas teorias. — Um Pénis de Ouro é aquele que se você não
agarrar agora, nunca mais encontra. Ele é poderoso, potente, generoso e
implacável. Esses são os principais adjetivos dele.
— Quais são os outros? — Perguntei estranhamente interessada.
— Gostoso, incomparável, imparável, insaciável e por aí vai. — Falou dando
de ombros. — Como eu dizia, o Pénis de Ouro tem a principal função de te deixar
louca e te transformar numa devassa. E por favor, nunca, mas nunca, o subestime.
Ele tem poderes que nem eu mesmo conheço. E olha que eu sei muito! — Disse de
forma misteriosa. A vaca estava me deixando mais interessada no assunto.
— E porque é nomeado de “Pénis de Ouro”? — Perguntei.
— Porque é o pénis supremo. É o melhor dos melhores e nenhum consegue ser
melhor que ele. É imbatível! — Falou alegre. — Minha tia sempre me disse:
Valentina, quando você achar o seu Pénis de Ouro, agarre-o e nunca o deixe
fugir!
— Você falava sobre isso com a sua tia? — Perguntei agora assustada.
Gargalhei da sua expressão séria e gargalhei mais quando ela não gargalhou
junto.
— Não, ela é que falava comigo. Com quem você acha que eu aprendi a
teoria? Nos manuais de Educação Sexual da escola? Só falta dizerem lá que os bebés
vêm nas cegonhas! — Falou com ironia.
— Eles não dizem isso. — Defendi. Pobres coitados.
— Eu sei, mas vem tanto nome científico lá que vai quase dar no mesmo. Por
favor, né Demi, chamemos as coisas pelos nomes!
— Tudo bem. — Concordei rindo. — E como você “agarra” esse Pénis de Ouro?
— Relação, compromisso e por aí vai. Também pode casar se achar mais
seguro. — Falou. Ri das palavras dela e neguei. Impossível.
— Então parece que este não é o meu “Pénis de Ouro”. Eu não quero
compromisso agora e nem penso em casamento. Joseph e eu somos apenas amigos. —
Expliquei recebendo uma olhada feia. — Certo, amigos coloridos. Você entende
mais disso do que eu!
— Pois entendo. E é por isso que eu digo que você e Joseph não vão ficar
apenas nisso de amizade colorida não. Escreve o que eu digo! — Falou
determinada.
— O que quer dizer?
— Demetria, você acha que o Pénis de Ouro se mostra assim logo na primeira
trepada? Claro que não, né? Tem que ser com carinho. Se você foi logo de
primeira, então sinto muito amiga. Já está agarrada.
— Você é louca! — Disse por fim. — E não diga que é trepada ou foda. Eu
não me sinto muito bem com isso.
— Vulgaridade? — Perguntou. Assenti em confirmação. — Tudo bem. Respeito
isso. Mas você está agarrada sim. Mesmo que não queira vocês não se vão largar
mais. Vai ver! — Determinou. Eu queria mudar de assunto e a melhor forma de
fazer isso era falando dela.
— E você? Já encontrou o seu Pénis de Ouro?
— Quem me dera! Casava na hora. Apanhava o avião para Vegas e puxava o
Elvis falso para ser padrinho.
— Agora sim eu tenho a prova de que você é louca.
— Ainda dúvida? — Perguntou fazendo-me rir.
Fazia um bom tempo que eu não me sentia tão leve e descontraída e fiquei
satisfeita por ter saído com ela. Sentia também a falta das outras garotas, mas
elas não puderam vir então deixámos para outro dia. Valentina era muito doida e
algumas coisas podiam não parecer bem nela, como todo o à vontade que ela
mostra ao falar de sexo, mas não é por isso que certas coisas deixavam de fazer
sentido. Por alguma razão aquela teoria não me saía da cabeça. Era absurdo
assim como a opinião do velhinho sobre eu e Joseph sermos um casal, mas isso
não me saía da cabeça. Não por eu achar ser possível, mas sim por achar que
esta “amizade colorida” não iria dar bom resultado.
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