Joseph’s POV
— Joseph, eu ainda não estou bêbada o suficiente para não saber o caminho
para casa. Onde você está indo? — Perguntou Demetria sentada no banco ao meu
lado. Sorri de canto e olhei-a rapidamente, voltando a colocar os olhos na
estrada.
— Eu sei que você está apenas alegre e provavelmente está implorando por
uma cama, mas eu não quero terminar a noite ainda.
— Está me sequestrando, então? — Perguntou tirando os sapatos. Vi-a
estender as pernas para cima do tablier do carro. O ato mais simples conseguia
ser o mais sexy com ela naquele vestido vermelho e preto, curto. Muito curto.
— Você está aqui de livre vontade não está?
— Não. Estaria se estivéssemos indo para casa e não é o caso. — Falou divertida.
— Então se considere sequestrada. — Concluí aumentando o volume do rádio
do carro.
Não dissemos nada nos minutos seguintes, mas o silêncio era algo
agradável. Demetria tinha a janela do carro aberta e sua mão estava de fora,
sentindo o frio em sua pele. Isso me deu uma ideia e eu finalmente decidi aonde
ir.
Senti seu olhar sobre mim quando atravessámos a fronteira para a cidade
vizinha e olhei-a com um sorriso no rosto. Pensei que fosse reclamar por
levá-la tão longe, mas ela apenas estendeu a mão até aos cabelos curtos na
minha nuca, acariciando-os. A estrada estava vazia e parecia ser toda nossa
àquela hora. Claro que tirando um camião ou outro, não havia muito mais
transito que eu precisasse de me preocupar.
— Aonde vamos? — Perguntou quando saí da interestadual e virei para o
litoral.
— Passear. Quero te levar a um lugar.
— Hum vamos ver o nascer do sol? — Perguntou divertida.
— Está zoando do meu romantismo? — Questionei falsamente ofendido.
— Estou sim. — Respondeu soltando uma gargalhada em seguida.
— Ótimo, vamos voltar. — Respondi dando a volta na primeira rotunda que
vi.
— Não! — Respondeu aflita. Ri da cara dela e continuei em direção ao nosso
destino. Uma volta completa a uma rotunda nunca fez mal a ninguém. — Pode
continuar.
— Eu sei. — Respondi.
— Eu confio em você. Sei que não vai vender o meu fígado.
— Tem certeza? — Perguntei com um falso olhar de causar medo. Ela não caiu
nessa.
— Tenho! — Insistiu deixando sua mão em minha coxa. Não vou dizer que o
gesto não me distraiu um pouco, mas não havia malícia em sua expressão. Ela só
me queria tocar de alguma forma.
— Você gosta de mar? — Perguntei passado uns minutos.
— Adoro. Desde pequena. — Respondeu sorrindo largamente. Não respondi, mas
pude ver o brilho nos olhos dela no instante em que era possível ver o caís. —
Uau! — Exclamou.
— Nunca veio aqui antes? — Perguntei procurando um lugar para estacionar.
— Nem sabia desde lugar. Como conhece isto aqui? — Perguntou maravilhada.
Sorri satisfeito por ver o sorriso no rosto dela e estacionei o carro numa vaga
livre.
— Eu e os rapazes costumávamos vir aqui nas férias da faculdade.
— Quando você ainda andava na faculdade, né? — Disparou. Não levei como uma
ofensa, mas sim como uma provocação.
— Até depois disso. Tenho muitas memórias interessantes daqui. — Respondi
com segundos e terceiros significados.
— Era aqui que você trazia as suas peguetes? — Perguntou enciumada.
— Está com ciúmes? — Perguntei vendo-a corar. Mesmo estando escuro dentro
do carro, o reflexo das luzes dos barcos permitia-me ver cada traço do seu
rosto.
— Não seja absurdo! — Respondeu calçando os sapatos. Ri da atitude
atrapalhada dela e segurei sua mão nas minhas.
— Eu não trazia minhas peguetes. Eu consegui algumas aqui de vez em quando,
mas a viagem era mesmo só para nós, garotos. Claro que garotas entravam na
diversão, mas foi aqui que eu fiz algumas das maiores loucuras da minha vida.
— Como, por exemplo?
— Como, por exemplo, saltar da ponte do cais.
— O quê? Você está louco? — Perguntou depois de ver a altura da ponte. —
Como não morreu?
— A gente mergulhava de cabeça Demetria. Não é como se caíssemos de costas
pra elas ficarem ardendo. — Expliquei vendo sua expressão horrorizada.
— Vocês são loucos.
— Já fomos mais. — Disse piscando pra ela. Saí do carro e dei a volta,
abrindo a porta pra ela sair. Demi apoiou-se na minha mão e quando saiu ajeitou
o vestido que se tinha elevado. — Você confia em mim? — Perguntei segurando sua
cintura e encostando-a contra o carro.
— Confio. — Respondeu olhando nos meus olhos. Tentei ignorar o breve
arrependimento que começava a apoderar-se de mim. Eu só queria viver o aqui e
agora.
— Você já se arriscou alguma vez? Fez algo que nunca imaginou fazer?
Realizou proezas que você nunca teve coragem ou oportunidade de realizar antes?
— Você é o maior risco na minha vida atualmente. — Respondeu me fazendo
lembrar a Demetria sem casos de uma noite.
— Além disso. Coisas banais. Coisas bobas. Ou até impensáveis para
qualquer pessoa perto de você.
— Hum tem uma coisa que eu fiz quando era adolescente. Eu sentia-me
injustiçada e fiz aquela bobagem.
— O quê? — Perguntei curioso.
— Houve um fim de semana que a minha turma resolveu sair para o parque de
diversões e me chamaram para ir junto. Eu pensava que iria ser legal e que me
iria introsar, mas foi tudo menos divertido. Quando voltei para casa estava
numa daquelas crises adolescentes de “eu-não-sou-tão-legal-como-eles”, então
fiz uma lista com seis coisas que eu faria um dia para ser aceite. Sempre fui
certinha e nunca me atrevi a fazê-las, mas isso é uma coisa que eu nunca
esqueci. Até hoje fico rindo das coisas que escrevi.
— Nunca imaginaria que você tivesse passado por isso. Eu te imaginava como
a descolada da escola. — Falei com um sorriso. Abracei-a mais contra mim e
beijei sua testa. — O que escreveu naquela lista?
— Deixa pra lá.
— Não. Eu quero saber. Não deixe nem uma por dizer.
— Você vai rir.
— Provavelmente. — Disse com um sorriso. Beijei-a brevemente e dei-lhe
selinhos repetidamente. — Eu. Quero. Saber. — Falei por entre beijos. Seu
sorriso era enorme.
— Eu lembro que o número um da lista era o mais louco de todos. Algo que
eu não teria coragem de fazer. — Disse mordendo o lábio inferior. — É mais
fácil se eu escrever.
Só percebi o que ela queria dizer quando abriu a porta do carro e tirou do
porta-luvas uma caneta e um bloco de notas. Vi-a escrever e vi-a rir ao mesmo
tempo em que o fazia e eu nem queria imaginar o quão louco poderia ser. Um
minuto depois ela arrancava o papel do bloco e voltava a arrumar as coisas
dentro do carro. Esperei ansioso e logo a vi estender-me a folha de papel dobrada
em dois. Segurei o papel entre meus dedos e dei-lhe um olhar curioso. A lista
era a seguinte:
6. Comer pizza como uma esfomeada.
5. Dançar lascivamente em público acompanhada
de um ser do sexo masculino hétero.
4. Invadir uma propriedade alheia e
deixar uma peça de roupa como lembrança.
3. Roubar sabonetes de um hotel
luxuoso e flertar com o garçom do serviço de quarto.
2. Fazer uma tatuagem que outra
pessoa escolha (tatuagem e lugar).
1. Nadar pelada com o risco de ser
flagrada.
— Você não vai flertar com ninguém. — Disse depois de ter gargalhado. Demi
estava envergonhada e eu abracei-a. — Mas vamos fazer tudo o resto.
— O QUÊ? — Perguntou assustada. Ri da cara dela e insisti na minha ideia.
— Nós vamos sim, realizar todos esses desejos. Mas antes disso quero que
me explique algumas coisas. — Falei. Vi-a assentir com um sorriso. Ela ainda não
acreditava que iríamos fazê-lo, e isso soava a desafio. Ela não conhecia Joseph
Jonas motivado desse jeito. — Por que comer pizza como uma esfomeada? —
Perguntei rindo enquanto olhava o sexto e menos importante item da lista.
— As garotas sempre tinham essas manias de comer saladas para manter a
linha e eu sempre abominei isso. Imaginei que se me entupisse de pizza poderia
parecer descolada para os garotos que odeiam essas frescuras de menina. Iria
conquistar um território que não era delas, entende? — Explicou.
— Entendi. — Ri.
— Além disso, eu realmente amo pizza. A vontade de comer falou mais alto
nessa hora. — Falou.
— Certo. Isso é razoável. Agora, porquê o quinto item? — Perguntei
erguendo uma sobrancelha.
— Queria me sentir sexy e mostrar que poderia ser sexy. Isso não iria
funcionar com roupa de moletom. — Disse sorrindo.
— Quarto item?
— Uma forma de ter uma história para me gabar. Coragem e cara de pau. —
Disse. Com essa eu ri.
— Isso também se arranja. — Falei olhando-a com um sorriso malicioso. —
Terceiro?
— Ter condições de passar a noite num hotel que provavelmente nunca
poderia pagar e trazer uma lembrança como prova.
— E onde entra o garçom nessa história? — Perguntei agora enciumado.
Demetria riu e abraçou-me pela cintura.
— Queda por homens mais velhos, eu acho.
— Isso não vai acontecer. — Avisei apontando um dedo na sua cara. Demi
mordeu a ponta do dedo e em seguida chupou. Estreitei meus olhos para ela e
sorri malicioso. Ela sabia provocar e claramente queria me deixar louco esta
noite, mas ainda tínhamos muitas horas pela frente. Eu queria dar-lhe uma das
melhores noites da vida dela e isso não estava envolvendo sexo. Ainda pelo
menos. — Segundo item.
— Isso é na verdade um desejo que continuo tendo, mas é algo que nunca
tive coragem de fazer. Eu e as agulhas não temos uma boa relação. — Explicou
fazendo careta.
— O primeiro? — Perguntei sorrindo ao vê-la esconder o rosto na curva do
meu pescoço.
— Pura loucura. Nunca faria.
— Tudo bem. — Concordei guardando a lista no bolso traseiro da calça
jeans. Demi levantou a cabeça e olhou-me desconfiada. No fundo eu sabia que ela
estava desiludida, mas eu não disse que não o faríamos.
— Tudo bem?
— Sim.
— Num momento você diz que vamos cumprir cada item e agora é tudo bem? —
Perguntou.
— Meu amor. — Chamei fazendo-a arregalar os olhos. Sorri e acariciei seu
rosto. — A noite só está começando. Temos muitas horas pela frente e muitas
oportunidades para cumprir tudo isso. Esta noite quero que esqueça todos os
seus medos, receios ou preconceitos sobre você mesma. Sou só eu e você aqui. Eu
quero que você se divirta. — Expliquei. O principal motivo de tê-la levado ali
era para esquecer a nossa realidade. Eu conhecia tudo por ali e agora ela
também conheceria.
— Eu não sei se isso é boa ideia. — Disse fazendo uma careta enquanto
olhava os barcos no cais.
— Eu volto a perguntar. Quantas vezes você se arriscou por algo? Quantas
vezes esqueceu a vida monótona que você tem que levar todos os dias?
— Não muitas. Acho que na verdade nunca tive muitas chances disso. —
Respondeu.
— Exato. Eu quero te dar essa chance agora. Eu vivo na sua casa, durmo na
sua cama e lido com a sua rotina. Eu vejo como é a sua vida e por uma noite
quero que veja como era a minha.
— Você sabe que eu já estou sóbria, não sabe? Não vou ter coragem de fazer
nem metade das coisas dessa lista.
— Eu sei que está. Nunca faria isso com você estando embriagada. E pode
deixar que eu faço acontecer. — Insisti. Desta vez Demetria não contestou e eu
sorri puxando-a para um beijo intenso.
Resolvi que seria melhor não cumprir a ordem da lista e por isso comecei
por visitar uma velha amiga que tem um café-bar aqui no cais. Segurei a mão de
Demi e caminhei até à porta do bar. Havia alguns motoqueiros na entrada junto
às suas motos e mesmo Demetria estando acompanhada, assobios foram ouvidos. Eu
podia ter respondido, mas sabia que acabaria mal e hoje a noite era toda sobre
ela. Não queria arruinar isso por causa de um ciúme bobo que eu não sabia de
onde vinha.
— Joseph Jonas! — Cumprimentou Lizzie quando me viu entrar. Ela estava
atrás do balcão limpando uns copos e eu não consegui evitar um sorriso radiante
ao vê-la.
— Lizzie! — Falei estendendo minha mão livre para segurar a dela. Beijei
as costas de sua mão e sorri sedutor enquanto sentia Demi querendo se soltar de
mim. Mantive o aperto da minha mão na dela e soltei a de Lizzie. — Bom te ver.
Está cada vez mais bela. — Elogiei segurando Demi pela cintura. Olhei seu rosto
e vi que ela estava tensa. Parecia estar com raiva e eu perguntei-me o que
seria. Ciúmes? Lizzie também a olhou e sorriu amável como sempre.
— Quem é vivo sempre aparece. — Disse apontando para mim. Sentei ao balcão
e puxei Demi para ficar entre as minhas pernas. Tinha muitos olhares sobre ela
e eu não gostava disso. — Sou Lizzie, dona do bar. — Apresentou-se estendendo a
mão para Demi. Ela aceitou-a com firmeza e eu sorri beijando seu pescoço.
— Demetria Lovato. — Respondeu um pouco fria.
— O que vão querer beber? — Perguntou com um sorriso.
— Hum, o especial da casa. Dois, por favor. — Pedi vendo-a assentir e
afastar-se para preparar as bebidas. Demi ainda estava tensa com meus braços em
volta dela e eu percebi que além de Lizzie, ela não se sentia confortável ali.
Aquele era um bar para beber, cantar, dançar e flertar e ela estava sofisticada
comparando com as outras mulheres que se vestiam como se estivessem no Texas.
Esqueci que hoje era noite temática. Certas coisas não mudam. — Este foi o
primeiro bar que viemos nas nossas primeiras férias aqui. Foi o primeiro bar
onde fiz a loucura de usar um chapéu de cowboy. — Disse rindo. Demetria sorriu,
mas ainda estava tensa. — Lizzie foi a primeira mulher a dizer não para Brandon
e foi a primeira que se tornou realmente minha amiga. Aquele tipo de amiga que
você fica meses ou anos sem ver ou falar, mas que você sabe que sempre estará
lá para você.
— Ela também foi a primeira a dizer não para você? — Perguntou com um meio
sorriso. Sorri e ergui seu rosto pelo queixo.
— Eu nunca tentei com ela. A primeira a me dizer não foi você depois do
nosso primeiro beijo. — Revelei. Demi olhou o chão, mas não disse nada então
continuei. — Este bar é como uma segunda casa para mim. Passei aqui muitas
horas. Ora me divertindo, ora bebendo e afogando as mágoas da minha vida
adolescente. Na maior parte das vezes era Lizzie quem escutava e me
aconselhava. Ela casou nova e sabia como lidar comigo. Quando não falava com
ela, falava com Jack.
— Quem é Jack? — Perguntou curiosa.
— O idiota do meu marido. — Respondeu Lizzie ao nosso lado dando uma
piscada para Demi. — Finalmente se deixou domar? — Perguntou olhando para mim.
Olhei Demetria e sorri de canto enquanto lhe entregava uma das bebidas. Não foi
preciso verbalizar. Lizzie entendeu o que o meu corpo dizia. Demi colada em
mim, minha mão em sua cintura, meus beijos carinhosos por sua pele e meu olhar
possessivo. Lizzie me conhecia como ninguém. — Já era hora. — Disse com um
sorriso satisfeito. Eu podia ver que Demi não estava entendendo e sorri pronto
para cumprir o que faria naquele bar. Antes disso, Demetria teria que se trocar.
— Lizzie preciso de um favor seu. — Falei conspiratório.
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