Eu sabia que o acordo era uma loucura, mas não me arrependia. Joseph
estava certo. Eu tinha ficado assustada ao perceber que nós tínhamos mais do
que sexo e amizade. Valentina fez questão de alimentar isso, o senhor idoso que
sempre fica perto da empresa fez questão de me fazer ficar com dúvidas disso e
Joseph fez questão de confirmar no shopping.
A verdade é que é super normal para uma mulher ficar receosa de um novo
relacionamento depois de terminar algo tão duradouro. Eu não encarava dessa
forma, mas é verdade. Apesar de ter superado fácil, Travis fez besteira e me
deixou com sequelas. Eu não quero que aconteça aquilo de novo. Não quero ser
usada nem enganada. É muito mau para a auto-estima, mas mais que isso, trata-se
de respeito próprio. Eu sempre soube o que queria e sempre lutei para conseguir
e agora Joseph virava a minha vida de pernas pra baixo.
Ahh, mas como ele era gostoso! Eu não posso dizer que é mentira e que não
sinto um puta tesão por ele. Quer dizer, aquele tanquinho realmente faz uma
mulher suspirar e aqueles olhos sabem desarmar quando querem. Ter feito este
acordo foi a melhor ideia que ele podia ter tido. Ou a pior. Eu sei que vou ser
“usada” por ele, mas eu estou usando-o também. Acho que isso torna a situação
justa para ambos!
— Demi, é hoje o jantar de aniversário? — Perguntou Joseph lavando os
pratos do almoço. Eu estava sentada comendo uma maçã enquanto ele fazia o
serviço sem camisa. Oh tentação! — Demi!
— O quê? — Perguntei saltando. Percebi o sorriso malicioso que ele me
lançava e corei envergonhada por ele me ter flagrado com os olhos na carne do
pecado.
— Eu estava perguntando se o jantar de aniversário da sua amiga é hoje. —
Repetiu com vontade de rir.
— É sim. — Respondi baixo. Terminei a maçã enquanto o ouvia rir e fiz uma
careta. — Você acha piada né?
— Oh se acho. — Respondeu rindo. Cheguei perto dele e brinquei com a
espuma que ele fazia na pia.
— Está rindo da minha cara então? — Perguntei vendo-o parar de rir.
Antes que ele pudesse protestar peguei num monte de espuma e esfreguei na
cara dele, tentando apanhar a boca e tentando evitar os olhos. Sua expressão
ficou incrédula e ele parou qualquer movimento que fazia antes. Comecei a rir
ao vê-lo com espuma em metade do rosto e logo fiquei com medo do olhar
assassino que ele me deu. Eu pensei em correr para as colinas, mas ele foi mais
rápido e me pegou pelas pernas. Senti-me ser virada do avesso e logo ele
caminhava para o jardim da frente.
Enquanto ele me transportava como se fosse um saco de batatas, bati em sua
bunda e arranhei suas coxas por baixo dos calções que ele usava, mas de nada
adiantava. Ele fazia cócegas em minhas pernas e eu gargalhava como se tivessem
contado a melhor piada do mundo! Piada estava eu sendo para os meus vizinhos.
Quando achei que a situação desesperada exigia medidas desesperadas,
Joseph largou-me deitada na relva e pegou na mangueira da garagem. Arregalei os
olhos e olhei-o sem mover um músculo. ELE NÃO SE ATREVERIA! Tomei cuidado para
nem sequer piscar, mas quando não aguentava mais, Joseph abriu a mangueira e me
deu um senhor banho!
— JOSEPH JONAS! — Gritei batendo o dente. Não estava o dia mais quente
para tomar banho ao ar livre.
— Ainda acha legal esfregar espuma na cara de gente alheia? Acha? — Perguntou
rindo enquanto eu tentava levantar. Escorreguei, caí de bunda e doeu como a
porra, mas isso não me parou. Levantei com tudo e saltei nas costas do
desgraçado que tentava, inutilmente, continuar me molhando. Ele estava mais
encharcado que eu e fiquei totalmente satisfeita. — Olha só o que você fez! —
Reclamou quando cansámos. Estávamos sentados na grama do jardim e eu acabei por
deitar encarando o céu.
— Que eu fiz? Mas é muita cara de pau mesmo! — Disse rindo. Ele gargalhou
também e subiu em meu corpo. Ele prendeu seu olhar em mim, mas eu estava mais
interessada em observar cada gota de água que escorria por seu peito. Era muito
mais interessante.
— Sua vizinha é voyeur. — Disse do nada. Gargalhei e olhei o outro lado da
estrada. A vizinha espreitava por entre as cortinas e eu ri mais um pouco.
— Acho que podemos dar mais show ainda. — Falei com segundas e terceiras
intenções.
— Demetria Lovato querendo pegação em público? Sabe que pudemos ser
acusados de atentado ao pudor? — Perguntou me fazendo rir. Empurrei-o para o
meu lado e sentei sobre ele, prendendo suas mãos contra a grama húmida.
— Não valeria a pena? — Perguntei mordendo o lábio inferior.
— Os se valeria. — Murmurou descendo seus olhos para meu peito. Segui o
olhar dele e arregalei os olhos. Eu não tinha sutiã e a regata branca estava
tudo menos branca. — Com certeza valeria. — Disse por fim me olhando
maliciosamente. Tapei o peito com os braços de forma envergonhada e corri para
dentro de casa enquanto ouvia a gargalhada de Joseph atrás de mim. Passado dois
minutos ele já me lançava na cama.
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— Demi está pronta? — Ouvi Joseph perguntar da sala. Peguei minha bolsa de
mão preta envernizada, peguei os sapatos pretos de salto (clássico puro) e
corri para ele.
— Fecha o vestido por mim, por favor? — Pedi enquanto calçava os sapatos e
tentava não cair. Ajeitei uma mecha do cabelo solto que tapou minha visão e
senti um beijo carinhoso em minha nuca. Virei-me de frente pra ele e sorri
segurando-o pela jaqueta de couro preta. Como estava sexy! — O que foi? —
Perguntei depois de notar o olhar dele sobre mim. — Algo errado?
— Você está perfeita. — Respondeu me segurando pela cintura. — Esse
vestido foi desenhado para você, mas esse batom vermelho só me dá vontade de te
arrastar para o quarto e não sair de lá nos próximos anos. — Respondeu me
beijando levemente. Sorri com o elogio tarado que ele me deu e limpei um pouco
do batom que tinha ficado em seus lábios.
— A ideia é tentadora, mas é o aniversário de uma das minhas melhores
amigas. É meu dever estar presente. — Respondi vendo-o fazer beiço. Beijei seu
rosto tendo a certeza que o batom não marcaria e aproximei-me de seu ouvido. —
Podemos deixar a festa particular para mais tarde.
Sem permitir que ele respondesse, puxei-o pela mão e arrastei-o para fora
de casa. Ele insistiu em conduzir, o que deveras me surpreendeu, e logo entrámos
pelo restaurante selecionado por Valentina. Fiquei surpresa ao ver que teríamos
uma sala reservada só para nós oito. E sim, é isso mesmo. Oito. Todo o mundo
estava de parzinho. Valentina na companhia de Brandon, eu com Joseph, Milah com
Diego e Savannah finalmente ia apresentar o seu tão secreto par.
— Eu estou muito ansiosa! — Falou Valentina batendo palminhas enquanto eu
cumprimentava Brandon. Ele, não mais que Joseph, estava lindo.
— Consigo ver isso. — Falei rindo. Ela fez uma careta pra mim, mas logo
jogou o cabelo esvoaçante na cara de Brandon e se agarrou a mim toda suspeita.
— Eu não esqueci o presente dela. Está naquela mesa do fundo. Junto aos
casacos e às malas. Eu adicionei mais uma lembrancinha. — Conspirou enquanto
piscava pra mim. Joseph falava algum assunto masculino com Brandon e estava
totalmente alheio ao tema da nossa conversa.
— Que lembracinha? — Perguntei cheia de medo. Valentina era perigosa!
— Surpresa. Ahh. — Suspirou. — É hoje que eu pego o Brandon no banheiro.
— Valentina! — Repreendi. — Você não está pensando no que eu estou
pensando.
— O quê? Banheiros públicos são ótimos para fazer sexo. Vai dizer que
nunca experimentou? — Perguntou com descrença. Não respondi e logo a boca dela
fez um "O". — Não acredito! — Exclamou exageradamente.
— No que não acredita? — Perguntou Savannah chegando perto da gente. Eu
nem tinha a visto entrar no salão.
— Demi nunca fez sexo num sítio público!
— Sério? — Perguntou Savannah sem acreditar. Como assim?
— Você já fez? — Perguntei assustada.
— Já fez o quê? — Perguntou Brandon.
— Sexo em público. — Respondeu Valentina com um sorriso malicioso. Brandon
aproximou-se dela e acariciou o seu quadril disfarçadamente. Valentina mordeu o
lábio e eu revirei os olhos.
— Eu estou aqui povo. — Chamei a atenção enquanto Joseph me abraçava pela
cintura. — Nem toda a gente tem a necessidade de ser pega fazendo sexo em
público.
— Hum, na verdade, meio que tem. — Respondeu Joseph baixinho no meu
ouvido.
— Como assim? — Perguntei incrédula. Qual é!
— A adrenalina, você sabe, ajuda. — Falou me deixando surpresa.
— Sério?
— Claro. O segredo está no medo de ser flagrada. Anima muito mais as coisas.
— Falou Valentina sem vergonha na cara.
— Você já fez? — Perguntei a Joseph.
— Hum, talvez. — Respondeu sem dar muito interesse ao assunto.
— Quando você fez sexo em público? Não me contou! — Reclamou Valentina para
Savannah. Vi-a corar envergonhada e soube que ali não vinha coisa boa.
— Lembra aquele festival de musica há dois anos? — Perguntou.
— Claro. Foi um dos melhores Verões das nossas vidas. — Respondeu
Valentina com naturalidade.
— Bem, num dos concertos, eu meio que... Eu estava de rolo com o Gus! Ele
me desafiava. — Defendeu-se.
— Quem é o Gus? — Perguntou o garoto, mais homem que garoto, que estava do
lado dela. Só agora o notei e apreciei a vista. Savannah sempre sabia escolher
sarados bronzeados. Ela preferia os australianos por um motivo que eu
desconheço.
— Er, um garoto aí. — Falou sem dar importância.
— Ex-namorado?
— Não exatamente. — Respondeu Valentina se chegando perto dele. Vi-o
arregalar os olhos com a aproximação brusca e vi o riso escondido de Savannah.
— Me deixa explicar. Savannah é o ser humano mais puro que pode existir. Ela é
contra a violência e totalmente a favor da paz, mas...
— Tem um “mas”? — Perguntou preocupado.
— Ela teve um rolo aí com o Gus. O nome dele é Gustavo, mas a gente
apelidou de Gus. Ele me lembrava do rato da Cinderela sabe? Então, como eu ia
dizendo, ela é a favor da paz, mas teve uma época em que ela ficou com muito
mau gosto para escolher namorado. Nós fomos nesse festival de música e estávamos
todas solteiras...
— Err, eu estava com Travis. — Lembrei sentindo que Joseph se tencionava.
Segurei suas mãos sobre minha barriga e acariciei, fazendo-o relaxar. Valentina
olhou-me e voltou a conversar com o moço.
— Como eu dizia todas estávamos solteiras e aí já sabe como é. Soltámos a
franga!
— Isso deve ser uma coisa boa? — Perguntou assustado.
— Você é o pénis de ouro dela? — Perguntou de volta enquanto apontava para
Savannah. Joseph e Brandon riram e eu sorri com pena da minha amiga que
escondia o rosto com ambas as mãos. Eu não sabia se ela ria ou se chorava. —
Então você é uma coisa boa. A propósito, eu sou Valentina Riviera. Prazer. —
Apresentou com um sorriso perfeito enquanto o cumprimentava. O rapaz estendeu a
mão completamente acanhado e sorriu.
— Valentina, você está assustando-o. Relaxa Cody. — Disse abraçando-o pela
cintura. Ele sorriu e deu-lhe um selinho.
— Por falar em apresentações, este é Joseph. — Apresentei com um sorriso.
— O pénis de ouro dela. — Gargalhou Valentina.
— Deus, você só me faz passar vergonha. — Disse sentindo meu rosto
esquentar. Joseph riu mais uma vez. — E você está adorando, não é desgraçado? —
Perguntei dando um tapa nele. Joseph fez beiço e eu beijei-o brevemente.
— E este é Brandon. — Apresentou Valentina com um sorriso enorme na cara.
— Seu pénis de ouro? — Perguntou Savannah.
— Depois te digo. — Respondeu com uma piscadela. Foi impossível não rir.
Eu tinha medo. Valentina era o ser mais imprevisível que eu conhecia e não
podia nem sequer imaginar como seria esse presente extra. Depois de Milah
chegar e das apresentações e parabenizações terem sido feitas, começamos a
comer o jantar preparado exclusivamente para a gente. Estava ótimo, mas é
impossível apreciar uma boa comida quando você está jantando com Valentina.
— Quer dizer, aquilo era a coisa mais idiota que o garoto podia dizer.
“Perdi a ereção, me deixa tentar de novo”. Sério? Mesmo? — Perguntou contando
uma de suas melhores lembranças do tempo de faculdade. — Garotos são muito
objetivos. — Reclamou bebericando no vinho tinto.
— O que esperava que ele fizesse? — Perguntou Brandon confuso.
— Eu esperava que ele realmente tentasse de novo, mas sem dizê-lo. Ele não
pode ir com tudo apenas? Tem que verbalizar? Isso acaba com a vontade de uma
mulher. De verdade! — Explicou. — Homens são muito enrolados às vezes. —
Reclamou. Recebeu um “concordo” coletivo das fêmeas da mesa e rimos mais uma
vez.
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