16/01/2015

Inocente Demetria - Prólogo


Oakland Cemetery, Dallas, TX

A tarde de quarta-feira estava fria e chuvosa. Era o clima perfeito para um funeral. Jason Lovato tinha falecido. Para muitos, tinha falecido de uma causa desconhecida, mas para aqueles que lhe eram próximos, tinha morrido de doença numa cama. Ninguém soube ao certo o que ele tinha. Ninguém exceto uma pessoa.
O homem vestido de preto, estava agora sob uma árvore afastada da aglomeração de pessoas. O cemitério estava cheio de pessoas que vieram mostrar suas condolências. Trabalhadores e família, mesmo que esta última seja pouca. Vários jornalistas tentavam tirar fotos da cerimónia para suas reportagens e ele não precisava de aparecer na capa do jornal no dia seguinte.

Observava o enterro que decorria, mas observava principalmente uma mulher jovem. Ele não encontrava nenhuma lágrima em seu rosto, mas viu em seus olhos uma dor e fragilidade imensa. Sabia quem ela era, mas não sabia quase nada da sua vida. Ainda. Reparou na confusão que ela teve ao ver tantas pessoas e principalmente jornalistas no local. Ela não conhecia o avô que tinha? Na última conversa que tivera com Jason, este não lhe falara muito sobre a neta. A única coisa que ele dissera, fora seu último desejo e o local onde encontrara uma foto da mulher quando mais jovem. Foto essa que ajudou bastante nas pesquisas de seu paradeiro.
Ao observá-la, reparou que ela estava trajada com roupas escuras e simples, o cabelo estava solto e não havia vestígio algum de maquiagem. Os óculos e a carinha inocente apenas contribuíam na opinião negativa que o homem começava a formar dela. Não chamava a atenção das pessoas como as restantes mulheres no local. Ou estava tentando evitar as perguntas dos jornalistas que lá estavam, ou era o seu jeito de ser. Não vai atrair críticas positivas. Vai ser mais complicado do que supus, pensou.
Surpreendendo-o, a mulher mudou sua atenção do caixão para um homem parado do outro lado da multidão. Viu-a ficar tensa e algo parecido com medo apareceu em seu rosto. Ficou se perguntando o motivo daquela mudança. Quem era aquele homem? O que ele era dela? E porquê aquela reação dela perante o sujeito? Ele teria que descobrir. Teria que descobrir quem era aquele homem e que tipo de relação tinha com ela. Teria que descobrir tudo sobre a vida dela, onde estudava ou trabalhava, onde morava, quem eram seus amigos, namorados, onde ia e o que fazia. Tinha que saber toda a sua vida desde que nascera até aquele momento. Seu passado e seu presente. Ele não precisava de obstáculos em seu caminho. Se aquele homem que agora a encarava com um sorriso divertido no rosto era um obstáculo, então ele teria que se desfazer dele.
Viu-a desviar a atenção para ele e observou-a enquanto ela o analisava. Sorriu divertido quando a viu dar um sorriso tímido. Ela gostava do que via? Inocente ela era, com certeza. Ela nem sonha o que a espera nos próximos tempos, pensou.
Sem deixar transparecer qualquer emoção, sustentou o olhar dela e não lhe agradou o que viu. Seus olhos castanhos pareceram brilhar por breves segundos, mas isso rapidamente desapareceu quando viu que ele não sorrira de volta. Sua testa formou leves rugas que mostravam claramente sua confusão. Ele imaginava as perguntas em sua cabeça, mas ainda era cedo pra que ela tivesse as respostas que precisava. Olhou mais uma vez em sua aparência física e por fim virou as costas caminhando até seu carro preto.
Ao vê-lo ir embora, ela pôde finalmente respirar. Aquela tinha sido a primeira vez em toda a sua vida que um homem tinha conseguido fazê-la prender a respiração sem uma única palavra trocada. Quando lhe deu as costas ela pode ver a largura dos ombros fortes. Quanto mais andava, mais ela via que ele possuía a classe e elegância de um Deus. Nunca vou admitir isso em voz alta, pensou.
Para ela, ele era apenas mais um homem arrogante que se achava o dono do mundo. Era apenas mais do que já estava acostumada a ver. Ele, por outro lado, pouco se importaria com o que ela pensasse nesse momento. Tinha trabalho a fazer e agora, ainda tinha trabalho extra. Precisava saber quem era aquele homem e tinha que investigar a vida de Demetria. Ele iria saber até os seus segredos mais secretos.
Ou não se chamava Joseph Jonas.

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