Golden Tower Hotel,
Florença, IT
Joseph saiu do banheiro
da suite com uma toalha enrolada na cintura e com outra secando seus cabelos
curtos. Sentia-se cansado e só queria deitar na cama e dormir até ao dia
seguinte. As horas passadas dentro do jato particular somadas aos
acontecimentos daquele dia davam-lhe um tipo de cansaço que ele já não sentia
há muito tempo. Estava exausto e sabia que ainda tinha muito trabalho a fazer
em Florença.
Sentado na beira da cama,
Joseph olhava a lua que já dominava a noite lá fora e perguntava-se sobre o que
Demetria estaria fazendo naquele momento. Ainda se lembrava de sentir o corpo
frágil dela segurando o dele com força e ainda podia sentir o gosto dela em sua
boca. Agora sabia que estava lúcido, mas naquele momento não se conseguiu
controlar. O desespero tomou conta dele ao ver aqueles cacos de vidro
espalhados pelo chão do quarto e quando viu as gotas de sangue no chão do
banheiro, junto à lingerie simples e preta, não aguentou ser o Joseph arrogante
que tinha que ser todos os dias. Mesmo não querendo admitir e não querendo
deixar que aquilo realmente acontecesse, sentir os lábios de Demetria de novo
era o que ele mais queria.
— Você não pode Joseph. —
Sussurrou respirando fundo.
Depois do beijo com
Demetria e de a ter consolado minutos depois, a única coisa que ele conseguiu
fazer foi virar as costas e deixá-la lá, sem dizer uma palavra. Arrependia-se
por isso e já imaginava o ódio que ela estaria sentindo por ele naquele
momento. Ele não devia se importar. Não devia se aproximar dela tendo o perigo
que já conhecia presente. Mas ele não pôde evitar.
Vê-la naquela banheira,
machucada, mexeu com ele mais do que qualquer outra coisa. Sabia que tinha uma
promessa a manter. Tinha prometido a Jason que cuidaria dela e era isso que
faria, nem que fosse à distancia. Não a queria ver machucada, mas também não
queria se envolver, não queria se machucar. Ela era tão parecida com Alison. O
corpo, os olhos tristes, a fragilidade, a personalidade. Tudo era Alison.
Joseph sabia que essa
atração por Demetria era por ela lhe lembrar de Alison. Sentia a sua falta e
quando beijou Demetria sentiu-se por momentos como se estivesse beijando a
mulher que amava, que amou. Ele sabia que devia explicações a Demetria. Sabia
que teria que lhe explicar que aquele beijo não passava de um erro.
Sua mente estava uma
confusão e ele não conseguia organizá-la de jeito nenhum. Ao mesmo tempo que
queria Demetria longe, também a queria perto. Sua cabeça dizia que não se podia
render à atração que sentia por ela ser perigosa. Tão perigosa como Alison foi.
Mas ao mesmo tempo algo em seu coração dizia que devia cuidar de Demetria,
protegê-la e deixar-se levar na correnteza do desejo.
Tinha a prova de que
ouvir o coração podia destruir tudo e sabia que não ia deixar que acontecesse
uma segunda vez. Teria que manter a máscara do qual já estava cansado e teria
que aguentar os olhares de ódio e raiva que receberia de Demetria depois da
conversa que teria com ela. Sabia que seria assim desde que a viu naquele
funeral, mas nunca pensou que fosse tão difícil viver com essa angústia.
Depois de vestir o
smoking cinzento e de colocar o perfume habitual, Joseph resolveu descer até ao
restaurante do hotel para tomar uma boa bebida no bar e quem sabe comer alguma
coisa. Pretendia relaxar pelo resto da noite e não acreditava que visse
Demetria tão depressa.
— Um whisky com gelo por
favor. — Pediu sentado ao balcão do bar. Esperou que o garçom lhe servisse e
logo ouviu uma voz masculina ao seu lado.
— Você vem muito aqui? — Perguntou
um homem alto, loiro que tinha um sotaque britânico. Claramente era Inglês.
Joseph viu que este tinha apoiado os cotovelos no balcão e assumia uma posição
relaxada enquanto observava quem entrava e saía do espaço luxuoso.
— Provavelmente não tanto
como você. — Respondeu não gostando do tom presunçoso que o outro usara.
Conhecia o tipo e não simpatizava de nenhuma maneira possível.
— Eu vi você esta tarde,
saindo do hotel acompanhado de uma linda morena. — Sondou se virando de frente
pra Joseph que o ignorou. — É sua namorada? — Perguntou divertido.
— Não. — Negou
prontamente, para felicidade do Inglês.
— Bom saber. — Comentou
malicioso. Joseph não gostou do tom que ele usou referindo-se a Demetria e
virou-se para o encarar. Quando ia abrir a boca para falar, o homem loiro
sorriu ainda mais olhando para a entrada. — A morena é realmente linda.
Joseph virou o rosto para
onde o Inglês olhava e teve a melhor visão da sua vida. Demetria estava parada
na porta, tímida e completamente deslumbrante. Usava um vestido preto, justo ao
corpo, mas comportado, a bater pouco acima do joelho e calçava uns sapatos de
salto alto, pretos, destacando sua cor de pele. Seus cabelos estavam apanhados
num penteado elegante e usava lindos brincos de prata, simples. Tinha
maquilhagem, mas só alguém como Joseph repararia. Estava simples, elegante,
clássica. Era ela mesma, de uma maneira que Joseph nunca tinha visto.
Viu que ela o olhou e
viu-a baixar o rosto em seguida, corando envergonhada. Sorriu por momentos,
esquecendo completamente do que devia fazer, e imaginou como seria tê-la nos
braços de novo. Ele não podia negar que sendo ou não parecida com Alison,
Demetria era sim uma mulher desejável. Ele desejava-a naquele mesmo instante. E
aparentemente o Inglês, que já caminhava na direção dela, também.
Joseph não se moveu do
lugar e viu Demetria olhar o britânico confusa. Este pareceu lhe fazer um
convite que ela estava prestes a aceitar. Só quando viu que um garçom se
aproximava é que ele entendeu que ele a tinha convidado para jantar e ela tinha
aceitado de boa vontade. Ela estava com raiva de Joseph e ele sabia disso. Sem
pensar duas vezes levantou-se do lugar de onde estava e caminhou calma e despreocupadamente
até eles.
— Fico feliz que tenha
chegado Demetria, agora já podemos ir jantar. — Falou Joseph na maior cara de
pau, fazendo com que Demetria o olhasse perplexa. O que ele estava fazendo?
— Joseph, Steve
convidou-me para jantar agora, eu já aceitei. — Disse envergonhada pela atitude
de Joseph. Ao contrário do que ela esperava, ele não perdeu a postura.
— Tenho a certeza que pode
jantar com ela em outro dia. — Comentou Steve com um falso sorriso no rosto.
— Assim como você. —
Retrucou. — Eu tenho que falar com Demetria. — Disse colocando um dos braços em
volta da cintura dela, deixou que sua mão ficasse em seu quadril e acariciou
automaticamente. Demetria sentiu um arrepio pelo toque de Joseph enquanto
olhava em seus olhos. — É realmente importante. — Disse agora olhando dos olhos
dela para seus lábios.
— Mas poderá ser amanhã.
— Insistiu o homem Inglês.
Joseph olhou-o
ameaçadoramente e puxou Demetria, apertando-a contra seu corpo. Ela não
jantaria com aquele loiro que só a queria usar. Nem com aquele nem com qualquer
outro que não fosse ele.
— Eu tentei ser educado,
mas posso perder a classe de vez em quando. — Avisou. — Ou você desaparece
daqui agora e deixa de dar em cima de Demetria, ou eu quebro a sua cara de
porcelana, entendeu?
O homem loiro finalmente
pareceu entender e retirou-se, deixando um Joseph satisfeito, uma Demetria
boquiaberta e um garçom de olhos arregalados. Quando Joseph viu que o Inglês
tinha desaparecido do seu campo de visão, virou-se para o garçom e pediu uma
mesa para dois.
— Uma mesa para dois. A
mais privada e escondida que tiver. — Exigiu.
— Mesas assim só no andar
de cima senhor. — Avisou o garçom.
— Tudo bem. — Concordou
rapidamente ainda segurando Demetria contra si.
Até agora ela não tinha
conseguido entender o que tinha acontecido ali. Não entendia porque Joseph
fizera aquela cena e não entendia porque ele não a largava um minuto sequer.
Seu braço em volta dela mostrava claramente ser um gesto possessivo, como se
ele protegesse algo que lhe pertencesse. Não era o caso, então porquê isso?
— Porque não me deixou
jantar com Steve? — Perguntou baixinho. Joseph mantinha-a tão perto de si que
conseguia sentir o hálito doce dela em seu pescoço.
— Queria jantar com ele?
— Retrucou olhando-a pela primeira vez desde que o outro se fora.
— Não ignore a minha
pergunta! — Disse.
— Então responda à minha.
Queria jantar com Steve?
Demetria olhou bem dentro
daqueles olhos e viu que eles brilhavam mais do que nunca. Porque lhe
interessava realmente? Foi ele quem a deixou naquele banheiro depois do beijo.
Porque lhe importava se queria ou não jantar com outro homem? Será que...
— Joseph, você está com
ciúmes?
— Sim. — Admitiu
surpreendendo-a sem deixar de olhá-la.
Sim, era verdade, Joseph
tinha ficado com um ciúme louco ao pensar que outro homem poderia tocá-la e se
amaldiçoou por deixar que isso fosse mais forte que qualquer outra coisa. Antes
que Demetria pudesse perguntar mais alguma coisa, o garçom voltou sorrindo,
fazendo um sinal para que o acompanhassem até à mesa que Joseph tinha exigido.
Demetria sentiu que Joseph a soltou apenas por tempo suficiente para pegar sua
mão, entrelaçando seus dedos.
— Eu não entendo você. — Comentou
num sussurro ao ver a atitude dele. Joseph sorriu timidamente com o comentário
dela e concordou. Ele também não se entendia a maior parte das vezes.
Quando chegaram ao andar
superior do restaurante, Demetria ficou encantada. O que tinha visto até ali já
a tinha feito sorrir, mas agora seus olhos deviam estar brilhando com a beleza
do local. Era calmo, sem muita luz no ambiente e rodeado de varandas que
permitia que os hóspedes do hotel tivessem a visão perfeita de Florença.
Demetria estava tão ocupada reparando em cada detalhe que não ouviu nem uma
palavra do que Joseph e o garçom trocaram. Só despertou de seu fascínio quando
sentiu Joseph apertar sua mão mais forte, fazendo-a olhá-lo.
— Vamos jantar na varanda
coberta. — Avisou. — Quero que tenha uma visão privilegiada de Florença.
Demetria apenas assentiu
sorrindo e deixou-se guiar por ele até ao local. Quando lá chegou ficou ainda
mais maravilhada e Joseph não pôde evitar sorrir ao ver a felicidade dela.
Sabia que não ia durar e tinha a sensação que ela também sabia disso, mas mesmo
assim aproveitava aquele momento. Nunca tinha visto Demetria sorrir daquele
jeito antes e estava começando a querer que ela sorrisse daquele jeito o tempo
todo.
— Vem. — Disse puxando-a
em direção à mesa. Fez carinho em sua mão antes de a soltar e em seguida puxou
a cadeira para ela se sentar. Demetria encarou-o por segundos e ele sorriu
confuso. — O que foi? — Perguntou agora vendo que ela corava envergonhada.
— Nada. — Disse se
sentando sem deixar de sorrir.
Ficaram ambos sentados em
silêncio, observando a cidade iluminada. Joseph tinha que falar e iria, mas não
conseguia deixar de observá-la. Estava linda no vestido preto e o sorriso
perfeito só a deixava mais atraente. Estava sendo ela mesma e nem precisava se
esforçar para ser sensual. Joseph admirava isso numa mulher.
— O que aconteceu com a
gente mesmo? — Perguntou Demetria rindo em descrença, fazendo com que ele
desviasse o olhar de seu colo nu para ela que continuava encarando a cidade.
— Ficamos mais íntimos do
que alguma vez fomos. — Respondeu fazendo com que ela o olhasse curiosa.
— Íntimos o suficiente
para ter ciúmes sem nenhuma razão aparente? — Perguntou.
— Íntimos o suficiente
para nos beijarmos enquanto você está completamente nua numa banheira cheia de
espuma. — Retrucou.
— Não vai parar de me
deixar envergonhada, não é?
— Você fica fofa desse
jeito. Combina com você.
— Devo tomar isso como um
elogio?
— Você está encantadora.
— Respondeu olhando o decote do vestido e os cabelos bem presos. — Isso é um
elogio.
Demetria sorriu e Joseph
pegou sua mão machucada por cima da mesa, fazendo carinho no lugar do corte.
Ela não entendia essas atitudes dele. Ele conseguia ser mais confuso que ela e
isso acabava com qualquer pensamento lógico que ela pudesse criar sobre o que
estava acontecendo entre eles.
— Você parece tão
diferente. Desde que aterrámos aqui em Florença que você parece outra pessoa.
Quer dizer, tirando a cena no elevador. — Disse revirando os olhos ao lembrar
de como ele a ofendera.
— Manter uma máscara pode
cansar. — Sussurrou sem se aperceber realmente do que dizia.
— O quê? — Perguntou
confusa. O que ele queria dizer com aquilo?
— Nada, esquece isso. Eu
quero falar sobre você, sobre o que foi aquilo esta tarde. — Demetria esqueceu-se imediatamente do que ele dissera antes e ficou
nervosa pela mudança de assunto. Não esperava que Joseph fosse fazer perguntas
sobre o que tinha visto. Não esperava, mas já devia saber.
— Não tem nada pra você
saber sobre mim. — Disse apressada separando sua mão da dele e largando-a sobre
suas pernas.
— Tem sim. E muita coisa.
Eu não sou burro Demetria, tem algo ruim acontecendo que te deixou nervosa a
ponto de quebrar um espelho e se machucar. Você tem medo que eu saiba e é por
isso que está branca como papel. Por isso está nervosa neste momento. — Disse
calmamente. Joseph não queria parecer rude naquele momento. Não haviam máscaras
e ali era ele mesmo, sem mentiras no meio. Ele estava preocupado com Demetria,
de verdade.
Demetria sentiu-se presa
entre a espada e a parede e ficou sem saber o que responder. Ela tinha dado a
mostrar que tinha algo errado e agora não podia fugir das perguntas de Joseph.
Ela entendia a preocupação dele, não era bom para a empresa que a presidente
fosse uma desequilibrada com um passado obscuro. Ela não queria lhe contar a
verdade. Não queria lhe contar nada do que aconteceu naquela noite e muito
menos o que veio depois dela. Não queria sentir-se humilhada e usada de novo.
Não queria lembrar. Mas ao mesmo tempo que não queria falar, sabia que teria
que dar algumas respostas para que Joseph não insistisse e acabasse esquecendo
o assunto. Resolveu assim contar apenas uma parte da verdade que podia servir
de justificação, mesmo que se envergonhasse em seguida de o fazer.
— Eu sofri bullying no
tempo de escola. — Confessou surpreendendo-o. Joseph não esperava por isso. — Nunca
fui popular, mas também nunca o desejei ser. Nem por uma única vez. — Disse com
o olhar distante. — Tinha umas meninas que se divertiam rindo de como as
pessoas aparentavam e não se importavam se os comentários maldosos machucavam
ou não. Em mim machucava. — Disse sorrindo sarcasticamente. — Eu nunca fui
magrinha como uma modelo ou uma atriz, ou qualquer que seja o tipo de mulheres
com quem você costuma conviver, mas sempre fui genuína. Sempre fui eu mesma,
sabe? Mas mesmo que eu tivesse orgulho de mim, elas conseguiam acabar com
qualquer auto-estima que eu tinha. Me colocavam pra baixo e me tratavam como se
eu fosse um nada. Só porque eu não era tão bonita como elas.
— Você é mais bonita que
todas elas. — Afirmou Joseph quando ela fez uma pausa para respirar fundo. Não
precisava de conhecer essas mulheres para saber que Demetria era mais bela que
elas. Ela era a mulher mais linda que existia.
— Elas me tratavam como
você me tratou assim que a gente se conheceu. Elas me tratavam como Ashley, sua
secretária, me tratou no meu primeiro dia na empresa. Elas me olhavam como a
hospedeira do jato me olhou. — Disse olhando nos olhos de Joseph, vendo seu rosto
ficar duro como pedra. — O que você me falou no outro dia no escritório e o que
me falou hoje no elevador, fez-me sentir exatamente como se estivesse na escola
de novo. — Assumiu sentindo os olhos lacrimejarem. — Fez-me sentir humilhada,
envergonhada de mim mesma, feia, suja, incapaz. Me fez sentir menos mulher. — Limpou
uma lágrima que escorrera e olhou suas mãos sobre as coxas. Não conseguia
encará-lo.
Joseph fechou o punho
sobre a perna debaixo da mesa e ficou com vontade de se espancar a si próprio
ao ouvir as palavras de Demetria. Tinha feito tudo errado. Este tempo todo em
que tentava se proteger, só a tinha machucado. Por muito forte que ela
parecesse, ela era sensível, e cada palavra dele tinha sido como uma facada
nela, relembrando o passado que ela queria esquecer.
— Você me convenceu a
mudar. Me fez gastar milhares de dólares em roupas de grife. — Disse deixando-o
confuso. — Naquele dia no meu escritório, quando você me explicou o porquê de
Ashley continuar a trabalhar para você e como toda a mulher podia sentir-se
bonita. Eu entendi que eu podia sim mudar as roupas que usava. Entendi que
podia mudar e continuar sendo eu mesma. — Falou sorrindo timidamente. — Falei
com Selena e ela quase me fez comprar uma loja inteira de sapatos. A verdade é
que eu não fiz isto por causa dos comentários que você e Ashley fizeram. Eu fiz
isto por mim e por meu avô. Eu quero que ele se orgulhe de mim onde quer que
esteja e eu quero me sentir bem comigo mesma. Eu consigo me sentir bem comigo
mesma nesta roupa. — Disse alisando o vestido que usava. — E sinto que consigo
ser eu mesma ao mesmo tempo.
Joseph ouvia atentamente
cada palavra que saía da boca que ele queria beijar de novo. Ouvindo tudo
aquilo, ele tinha vontade de ter Demetria em seu colo e niná-la como um bebê.
Cuidar dela e ajudá-la em tudo o que precisasse. Arrependia-se de tudo o que
dissera de ruim naquele elevador e prometeu a si mesmo que não o faria de novo.
E se o fizesse, ele próprio se castigaria.
— Quando eu... Quando eu
me despi para tomar um banho e relaxar antes da reunião na RG, eu tinha tirado
um vestido simples, profissional, da mala e posto em frente ao corpo, me
olhando ao espelho. — Respirou fundo e sorriu triste. — Com as palavras que
você me disse naquele elevador, eu senti tudo aquilo de novo. Em frente àquele
espelho, eu tinha vergonha de mim mesma. Não me sentia boa o suficiente. Nem
pra viajar ao seu lado a negócios e nem para ser presidente da Magestic. Me
senti deslocada, senti que não pertencia a este lugar. — Falou apontando para
todo o luxo à sua volta. — O jato particular, o hotel, o baile amanhã. Fez-me
sentir como se eu estivesse vivendo a vida de outra pessoa que não a minha. Eu
sentia que estava vivendo a vida de meu avô e que eu não conseguia ter o poder
sobre as minhas próprias decisões. Me sentia impotente.
Joseph começou a sentir
um aperto no peito ao ouvir cada palavra de Demetria. Ele tinha prometido a
Jason que cuidaria dela e tudo o que fez até ali foi prejudicá-la. Que tipo de
pessoa ele se tinha tornado? A única vez que se sentiu assim foi quando Alison
desapareceu, e isso fazia muito tempo. Elas eram tão parecidas. Isso dava com
ele em doido.
— As lembranças de tudo o
que passei vieram fortes e eu acabei extrapolando e socando o espelho. Não
queria olhar pra mim mesma. Tinha vergonha. — Joseph viu que ela fez uma pausa
e viu-a corar envergonhada. — Quando você me encontrou na banheira, quando me
beijou, eu me senti bem, bem comigo mesma, bem com você e me senti amada. Como
nunca fui. Senti que podia ser boa o suficiente, me senti especial. — Admitiu
baixinho. Joseph podia ver seus olhos brilhando. — Quando você me abraçou depois
do beijo, senti-me protegida de tudo e todos. Senti que podia desabafar. — Disse
por fim.
Joseph olhou nos olhos
dela enquanto ela olhava a cidade. Seus olhos estavam tristes e úmidos. Ele
sabia que ela choraria se pudesse, mas preferiu segurar as lágrimas para não
mostrar fraqueza. Essa era Demetria Lovato.
Antes que pudesse fazer
alguma coisa, viu o garçom chegar com os pedidos que ele tinha feito enquanto
Demetria observava o local. Esperou impacientemente que ele fosse embora e
quando viu que estavam sozinhos de novo na espaçosa varanda, esticou a mão para
Demetria que o olhou confusa.
— Vem. — Pediu
gentilmente.
Mesmo sem entender
Demetria segurou sua mão e levantou-se. Joseph fez com que ela contornasse a
mesa e viesse até ele. Afastou um pouco a cadeira, virando-a de frente para a
visão maravilhosa da cidade e puxou Demetria para se sentar em suas pernas,
abraçando-a.
— Tem comida na mesa,
estamos num restaurante e você me põe em seu colo? — Perguntou olhando-o
confusa. — Eu realmente não te entendo.
— Deita no meu peito? — Perguntou
acariciando seu rosto, ignorando os comentários dela.
Demetria olhou-o atenta.
Tentando perceber o porquê daquela atitude dele e logo imaginou o que seria.
— Está com pena de mim?
Eu não quero que tenha pena. Você que quis saber coisas sobre mim! — Acusou.
Joseph sorriu da indignação da pequena dele e levou a mão até sua nuca,
puxando-a para beijar sua testa carinhosamente. Demetria já era sua pequena,
sua protegida.
— Apenas deite em meu peito,
quero te abraçar, ninar. — Falou sorrindo triste.
Demetria concordou
assentindo e deitou a cabeça sobre o peito forte, sentindo as batidas rápidas
do coração dele. Joseph abraçou-a mais apertado e começou a fazer carinho nela.
Suas mãos deslizavam por seu ombro e braços nus, sua outra mão brincava com
seus dedos, entrelaçando-os. Lembrou-se da viajem, quando ela estava adormecida
nos braços dele e chegou à conclusão que era muito melhor fazer carinho nela
quando ela estava acordada. Ela retribuía automaticamente e ele gostava disso.
Mesmo não devendo.
— Demetria. — Chamou
baixinho, conseguindo a atenção dela. — De tudo o que eu falei e fiz até hoje a
você. — Fez uma pausa e levou a mão até ao rosto dela, fazendo-a olhá-lo
atentamente. — Me perdoa?
adorei me fez chorar e serio você foda *----*
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