Aeródromo, Dallas, TX
Eram sete e meia da manhã e Joseph já estava
completamente impaciente à espera de Demetria no aeródromo. A decolagem estava
prevista para as oito horas e Demetria já devia ter chegado com sua bagagem.
— Senhor Jonas, não quer entrar e esperar
confortavelmente? — Perguntou uma das hospedeiras do jato particular.
— Não, obrigada. — Respondeu pegando no telemóvel.
Digitou o número que já conhecia melhor que qualquer outro e esperou que
atendessem a chamada enquanto se afastava de qualquer um que pudesse escutar a
conversa.
— Alô, Joseph? — Atendeu uma voz feminina já
familiar do outro lado da linha.
— Sim Maria, sou eu. Elizabeth ainda está em
casa? — Perguntou franzindo o cenho ao ver o motorista tirar sua mala do carro
com dificuldade.
— Sim, está tomando o café da manhã. Quer
falar com ela? Pensei que já estivesse viajando. — Comentou sorrindo.
— Ainda não, mas vou. Passa o telefone pra ela
por favor. — Pediu educadamente. Esperou pacientemente e sorriu ao ouvir a voz
melodiosa da filha perguntando quem era. Pôde ouvi-la implorar pelo telefone
quando soube que era ele, o que o fez sorrir ainda mais.
— Papai? — Perguntou. A voz da pequena tinha
saído mais ansiosa do que ele esperava e amaldiçoou-se por não estar em casa a
tomar o café da manhã com ela antes dela ir pra escola.
— Sim, sou eu. Como você está? — Perguntou
preocupado. Tinha conversado com Maria sobre a viajem e tinha explicado também
para Elizabeth, mas sem grandes detalhes. Nunca era fácil ter que viajar e
ficar dias sem ver a filha, apesar de isso se ter tornado um costume nos
últimos anos.
— Estou bem papai. — Disse num tom de voz
alegre e inocente. Joseph podia perceber que ela estava sorrindo. — E você como
está? — Perguntou fazendo-o rir. Isso chamou a atenção de alguns dos funcionários
e por isso afastou-se mais um pouco, virando-se de costas pra eles.
— Estou bem também. — Respondeu ainda rindo. —
Liguei pra dizer que te amo antes de entrar no avião. — Admitiu num tom de voz
baixo para que ninguém o escutasse.
— Então diga, estou escutando. — Disse
determinada. Joseph voltou a rir e revirou os olhos. A sua garotinha estava
crescendo e a cada dia se parecia mais com ele.
— Papai te ama Beth. — Disse por fim,
sorrindo.
— Também te amo papai. — Joseph sentiu seu
coração apertar e sorriu orgulhoso.
— Eu sei Beth._Suspirou. — Vai se comportar
enquanto eu estiver fora está bom?
— Vou sim pai. Pode trazer um presente pra mim
da Itália? — Perguntou a menina do outro lado.
— Trago sim. — Afirmou. — Tenho que ir
agora. — Avisou olhando o relógio de pulso.
— Está bem pai. Se cuida hein! — Brincou a
garotinha. Joseph voltou a rir e despediu-se.
— Te amo. Beijo grande. — Desligou o telemóvel
e voltou a colocá-lo no bolso da calça social.
Quando se virou deu de cara com uma Demetria
de braços cruzados e sorridente. Não se tinha apercebido quando ela chegara e
engoliu em seco ao ver que ela estava próxima o suficiente para poder escutar a
conversa que tivera.
— Não sei quem é a mulher, mas só de saber que
ela o fez rir dessa maneira tão genuína, já a admiro. — Disse sorridente por
ter visto um Joseph genuíno pela primeira vez.
— Deu pra escutar a conversa dos outros? — Perguntou
sondando-a, tentando saber o que tinha escutado. Ela não podia saber. Assim
como qualquer outra pessoa.
A verdade é que ninguém além de Jason sabia
que Joseph tem uma filha. Ele não sai à rua com ela e por isso não corria o
risco de alguém descobrir que ele não é apenas um magnata famoso como também é
pai solteiro. Fazia isso para proteger Elizabeth e ao mesmo tempo para
protegê-lo a ele.
Sabia que devia viver uma vida normal criando
a filha na frente de qualquer pessoa, deixando que os outros vissem que ela
tinha um pai mesmo não tendo a mãe, mas não queria que ela ficasse exposta. Não
queria que ela deixasse de ter uma infância normal ao lado de outras crianças
para passar a ser o centro das atenções de um escândalo da alta sociedade. Não
iria permitir que fizessem isso com sua filha, mas para protegê-la tinha que
falhar como pai e isso doía mais a cada dia que ela ia crescendo.
— Não se preocupe. Não ouvi seu segredo. —
Respondeu sincera. — Só ouvi você rindo, o que me surpreendeu, e a última frase.
Deixa de frescura Joseph. — Disse revirando os olhos. — Fico contente que esteja
bem disposto, de verdade. Vão ser muitas horas dentro daquela coisa. — Falou
apontando para o jato atrás deles. Joseph entendeu que ela não percebera muita
coisa e sentiu-se aliviado por não ter que inventar uma mentira.
— Porque se atrasou? — Perguntou ouvindo os motores
do pequeno avião começando a trabalhar.
Demetria percebeu que ele ia ignorar seu
comentário anterior e logo se pôs a pensar em alguma mentira que ele pudesse
engolir.
— Coisas de mulheres. Sabe como pode ser complicado.
— Mentiu descaradamente. Joseph olhou-a pelo canto do olho enquanto se dirigia
à escada do jato e sorriu sarcástico. Não acreditara em uma única palavra. Já
pra não falar que os olhos castanhos dela estavam vermelhos e isso provava que
ela tinha chorado.
— Claro, entendo. — Fingiu acreditar.
Demetria respirou aliviada ao entender que o
assunto morreria ali e olhou para o chão enquanto seguia Joseph. Estava
completamente distraída pensando no que tinha acontecido naquele quarto de
hotel que nem reparou que Joseph tinha parado para se virar para ela. Chocou
contra o homem alto e forte e perdeu o equilíbrio, quase se espatifando do
chão. Sentiu-se ser amparada por Joseph que a segurou firmemente pela cintura e
olhou para o rosto dele que estava mais próximo do que ela realmente esperava.
Joseph sentiu a respiração ofegante de
Demetria e seus olhos desviaram para seus lábios carnudos e rosados. Sentiu a
garganta ficar seca e largou-a quando percebeu que ela estava segura. Não podia
ter qualquer pensamento de desejo com aquela mulher. Não iria permitir sequer
pensar nela se não como a garota inocente e fraca que era.
— Pode subir. — Disse sério, dando passagem
para que ela entrasse no avião. Demetria desviou o olhar do dele ao ver que era
o Joseph arrogante que ela odiava e seguiu seu caminho sem se deixar abalar
pela proximidade de segundos atrás.
Quando entrou no jato particular a sua reação
foi de total surpresa. O pequeno avião não era tão pequeno assim e o seu
interior era completamente luxuoso. Uma das hospedeiras, loira e com o peito
avantajado, indicou qual era o seu assento ao mesmo tempo que a encarava de
alto a baixo com uma expressão de nojo. Demetria sentiu-me incomodada com o
olhar, mas sentou-se em seu assento sem dizer nada, virada de frente para onde
entrara. Olhou para Joseph a tempo de ver que ele dava um olhar reprovador à
hospedeira que baixou o olhar e sussurrou um pedido de desculpas.
Joseph sentou-se de frente para Demetria e
pousou sua pasta pessoal no assento ao seu lado. Demetria acabou fazendo o mesmo
com sua bolsa e tirou o telemóvel de lá, avisando Selena que iria decolar.
— Não se pode usar celulares quando o avião
está para decolar. — Avisou Joseph mal humorado. A verdade é que tinha ficado
curioso ao ver que ela sorria escrevendo a mensagem. Seria para algum homem?
— Eu sei. Não se preocupe. — Falou arrumando o
telemóvel de novo. Joseph olhou-a seriamente ainda pensando naquele sorriso
enquanto ela escrevia a mensagem e Demetria olhou-o sem entender. — Algo
errado? — Perguntou confusa.
— Estava mandando mensagem para algum amigo? —
Perguntou ainda mal humorado.
— Estava sim. — Respondeu vendo que Joseph
remexia-se inquieto.
Joseph deixou o assunto morrer ali e prometeu
quer iria decobrir quem era o homem para quem Demetria mandava mensagens e
principalmente que mensagens. Ela não podia se distrair com namoros nesta
viagem e iria dizer-lho mais tarde.
Demetria esqueceu-se de Joseph por uns
momentos e tentou prender os cintos de segurança do assento. Não sabia como
aquilo funcionava e Joseph sorriu ao vê-la atrapalhada. A hospedeira loira
aproximou-se de imediato, prestando ajuda.
— Quer ajuda? — Perguntou a Demetria que a
olhou séria.
— Não, ela não quer sua ajuda. E eu não quero
você perto dela. Depois que decolarmos, traga-me um whiskey com gelo. — Ordenou
Joseph se levantando e dando a volta à pequena mesa entre ele e Demetria.
A mulher loira saiu de lá amuada e Demetria
olhou-o confuso. Será que ele tinha visto o olhar que a hospedeira lhe tinha
dado quando entrara? Era por isso que ele a olhou daquela maneira quando entrou
e a tratara deprezivelmente agora?
Joseph ignorou o olhar que ela lhe dava e
tirou as mãos dela delicadamente, fazendo-a largar os cintos.
— É fácil. Observa. — Pediu pegando nas duas
partes do cinto e prendendo-o em seguida, de maneira a que ela entendesse. Os
cintos ficavam justos ao corpo dela e ele sentiu que ela contraiu seus músculos
quando ele lhe tocou na barriga reta. Querendo sentir aquilo de novo,
demonstrou como se soltava o cinto e logo tirou as mãos de perto do seu corpo
para que ela mesma fizesse. Ao ver que ela conseguiu apertar os cintos com
sucesso, voltou a sentar-se no seu lugar.
— Obrigado. — Agradeceu Demetria. Sentia sua
barriga formigando, tal como acontecera com sua coxa no outro dia em que ele a
tocara.
— De nada. — Respondeu sem olhá-la.
Depois de duas horas de vôo, Demetria
sentiu-se enjoada e correu para o banheiro, também luxuoso, do jato. Joseph
ficou um pouco preocupado por sua saúde, mas sabia que aquilo era normal para
quem pouco viajou de avião e por isso deixou-se ficar relaxado.
Encarou a bolsa de Demetria no assento ao lado
dela e viu um envelope branco com letras pretas e grossas, escritas a letra de
computador. Conferiu que Demetria ainda estava no banheiro e pegou no envelope,
mesmo sabendo que era errado. Leu as letras na parte da frente do envelope e
imediatamente o virou só para ler o que estava escrito atrás. No mesmo instante
em que leu a frase ali contida, soube que era por causa daquilo que Demi tinha
chorado e se atrasado naquela manhã.
"Para Demetria Lovato. De Patrick.",
era o que dizia na parte da frente. "Sou seu pai. Nunca se esqueça
disso.", estava escrito na parte de trás. Voltou a colocar o envelope na
bolsa do mesmo jeito que o encontrou e no instante seguinte Demetria saiu do
banheiro completamente pálida.
— Como se sente? — Perguntou para disfarçar
sua curiosidade.
— Eu odeio aviões. — Respondeu meio tonta,
fazendo-o rir brevemente.
Não se voltaram a falar por mais uma hora e
Demetria acabou adormecendo completamente torta. Joseph olhou-a atento e
analisou-a. Suas roupas eram comportadas e simples como sempre foi desde que a
conhecera e sorriu ao ver que nem o fato de ir para Itália iria fazer mudar
quem ela era realmente. Apreciou isso na garota que claramente tinha a força de
uma mulher que ele poderia admirar um dia, mas não deixou que seus pensamentos
fossem mais longe do que isso.
Levantou-se do assento e mudou a bolsa de Demi
para onde estava sentado, acomodando-se assim no assento ao lado da mulher
adormecida. Muito delicadamente para não a despertar, fez com que ela mudasse a
posição do corpo e apoiasse a cabeça no ombro dele para que ficasse mais
confortável. Surpreendeu-se quando ela se aninhou mais nele, agarrando seu
braço ainda adormecida e sorriu ao vê-la dormindo tão tranquila.
Poderia atirar aquele momento na cara dela
quando a quisesse deixar sem chão, mas sabia que não o faria. Não, ele preferia
mantê-lo para si e recordar mais tarde. Elevou a mão esquerda para acariciar
seu rosto carinhosamente e olhou atentamente os lábios entreabertos. Resolveu
ceder ao que já vinha imaginando e tornou aquele momento ainda melhor ao
aproximar-se para tocar levemente os lábios dela com os seus.
Deixou que o beijo inocente demorasse uns
breves segundos, mas logo se afastou amaldiçoando-se por deixar-se levar pela inocência
e fragilidade que ela deixava transparecer. Mesmo não sabendo o que pensar, não
podia negar que gostou de sentir os lábios dela nos seus, mesmo que de uma
forma involuntária. Acabou por acariciar o rosto dela de novo enquanto beijava
sua testa carinhosamente e continuou aproveitando enquanto ela dormia para lhe
fazer carinho não só no rosto como também na mão e no braço nu. Prometeu a si
mesmo que quando ela acordasse não a tocaria mais, mas enquanto isso, iria
aproveitar aquele momento de insanidade.
*----------------------------------------------* awwwnnn
ResponderEliminarcomo voce para ai minha filha postas logooo *-*
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