Inocente Demetria - 20º Capítulo

Mansão Lovato, Dallas, TX

— Isso é enorme! Eu nem acredito que você vai viver aqui! — Exclamou Selena saindo do carro assim que Austin abriu a porta pra ela.

— E você acha que eu acredito? — Perguntou Demetria completamente deslumbrada. Joseph agarrou sua mão e sorriu pra ela. — Eu estava cansada de estar num hotel, mas isto é de mais pra mim.

Era segunda-feira e Demetria tinha tirado a tarde de folga para poder fazer a mudança para a casa que agora seria sua. Selena ainda estava de férias e Austin e Joseph também estavam lá para ajudarem no que fosse preciso.

— Joseph é quem pode ajudar mais aqui. Ele conhece essa casa de uma ponta a outra. — Disse Austin sorrindo.

— Verdade? — Perguntou Demetria olhando-o.

— Sim. — Afirmou olhando-a. — Vamos fazer um tour. Vem.

Depois de percorrer os três andares da casa e ver todas as suítes luxuosas, a cozinha profissionalmente equipada, a sala de jogos, o escritório, a piscina interior e até mesmo a garagem espaçosa o suficiente para quatro carros, Demetria não sabia mais como controlar o seu desespero.

— O que eu vou fazer com tanto espaço? Eu vivo sozinha numa mansão que dá para pelo menos umas três famílias! — Disse gesticulando. — Eu vou me sentir mais sozinha do que cachorro abandonado._Disse fazendo Selena rir.

— Sempre pode comprar um cão. — Aconselhou Austin.

— Simpático você! — Disse Joseph rindo.

— Até que não é uma má ideia. Eu gosto de cachorros.

— É, e como nunca pôde ter um, agora pode. — Disse Selena olhando as unhas sem se aperceber do que dissera.

Joseph percebeu que Demetria ficava tensa e acariciou sua mão com o polegar. Ainda não a tinha largado e não o queria fazer tão depressa. Ele podia ter deixado pra depois, mas resolveu perguntar naquele instante.

— Porque não podia ter um cachorro? — Perguntou observando a sua reação.

— Eu tinha um pouco de medo depois que eles ficavam grandes.

Joseph manteve o olhar sobre ela e Demetria percebeu que ele não tinha acreditado na resposta dela. Quem acreditaria? Selena olhou-a como que pedindo desculpas por ter falado de mais e Demetria assentiu silenciosamente, com um sorriso timido no rosto.

— Mas agora já pode. E eu ajudo a escolher o cachorro. — Ofereceu Austin animado.

— Não, não vai! — Exclamou Joseph sério.

— Porque não? — Perguntou confuso.

— Eu faço isso. Sei do que ela gosta. — Disse olhando Demetria que sorriu envergonhada.

— Tudo bem pombinhos, o clima de vocês está ótimo, mas nós temos trabalho pra fazer.

Demetria olhou pra Joseph e viu que ele tinha ficado desconcertado com o comentário de Selena. Era a primeira vez que ela o via daquele jeito. Ele estava... envergonhado. Tinha vontade de rir, mas sentia-se do mesmo jeito.

…

— Finalmente acabamos. — Sussurrou Demetria atirando-se para o sofá ao lado de Joseph que a abraçou de lado.

— Cansada? — Perguntou Austin sorrindo enquanto abraçava Selena contra o seu peito.

— Os últimos dias não têm sido propriamente os mais calmos da minha vida. — Disse olhando a casa. — Mudou tanta coisa. — Sussurrou.

— Seu avô ficaria orgulhoso amiga. Eu estou. — Disse Selena dando um sorriso caloroso.

— Todos estamos. — Disse Joseph beijando a testa dela.

— Jantam comigo? — Convidou Demetria.

— Desculpa, mas nós não podemos hoje amiga. — Respondeu Selena.

— É, vamos jantar em casa dos meus pais. — Revelou Austin.

Demetria olhou sugestivamente pra Selena que apenas deu de ombros envergonhada. Agora ela via que aquilo estava ficando sério mesmo.

Olhando pra Joseph, Demetria viu-o assentir devagar e sorriu tímida. Ele ficaria.

…

— Vai-me contar a verdade? — Perguntou Joseph vendo Demetria preparar o jantar.

— Que verdade? Não tem verdade nenhuma. — Respondeu nervosa sem olhá-lo.

— Demetria. — Disse simplesmente, fazendo-a suspirar cansada.

— Eu não consigo esconder nada de você não é? — Perguntou derrotada ao ver a expressão séria no rosto dele. — Você sempre parece saber mais da minha vida do que eu imagino. Não sei como faz isso. — Joseph pareceu ficar desconfortável com o comentário e Demetria olhou-o atenta, contornando a ilha da cozinha e ficando de frente pra ele. Porque ele estava daquele jeito? — Tudo bem? — Perguntou olhando-o atenta.

— Está. Claro que está. — Assentiu colocando uma mecha do cabelo macio de Demetria atrás da orelha. Acariciou a maçã do rosto dela e viu a mesma ganhar um tom rosado. — Não mude de assunto senhorita. Não consegue mais mentir pra mim.

— Não? Tem certeza? — Perguntou sorrindo divertida.

— Não. Mude. De. Assunto. — Disse beijando a testa dela. — A questão não é o fato de não ter tido um cão quando era pequena. O que eu quero saber é o porquê de ter ficado tão incomodada com o assunto. Você nunca falou da sua familía, além do seu avô.

— Joseph eu... — Ela poderia contar? Poderia falar disso com ele? Olhando-o nos olhos, Demetria viu que podia sim contar a verdade pra ele. Mas estaria ela preparada? Não, não estava. — Eu prefiro não falar sobre isso.

— Não prefere ou não quer? — Perguntou sem indícios de julgamento. Demetria olhou-o nos olhos e sorriu timida, lembrando-se das palavras dele.

— Passinhos de bebé lembra?

— Hum, bem visto senhorita. — Disse olhando algo atrás dela. Demetria viu um sorriso brotar no rosto masculino e envolveu o pescoço dele com os braços, ficando mais próxima. — O que eu tenho que fazer para ganhar a sua confiança? — Perguntou olhando-a com ternura. — Em passos de bebé. — Acrescentou fazendo-a sorrir.

— Não esconda nada de mim. Não minta. Seja você mesmo. Verdadeiro em cada palavra e em cada olhar. — Disse fazendo-o olhá-la nos olhos. — Isso é o bastante.

Joseph olhou-a profundamente e ouviu de novo suas palavras, ecoando-as em sua cabeça. Ele não queria mentir pra ela. Não queria esconder nada. Mas tal como ela ainda não conseguia falar abertamente sobre os seus sentimentos, ele também não. Sabia que com o tempo iria confiar cegamente naquela mulher, mas naquele momento o medo fazia-se mais forte. Ele a entendia.

 — É o bastante pra mim também. — Sussurrou. Baixou o rosto lentamente e sentiu a respiração quente em seu rosto. Apertou-a mais contra si e roçou os lábios levemente nos dela. Ela era tão... Beijável.

— O ja... jantar. — Gaguejou Demetria arrepiando.

— Você não imagina a vontade que eu tenho de fazer amor com você nesta mesma bancada. — Admitiu Joseph com a voz rouca. Demetria mordeu o lábio inferior surpresa e não conseguiu evitar aquela mesma imagem em sua cabeça. Ela também desejava isso. Fazia tempo que desejava aquele homem. Mas ainda não era a hora certa para nenhum dos dois.

— Isso não pode ser o seu jantar. — Disse arrependendo-se no segundo seguinte ao ver a expressão surpresa no rosto dele. Ficando vermelha de vergonha, Demetria escondeu o rosto no pescoço dele e riu.

— Acredite, eu ficaria mais do que satisfeito. — Retrucou rindo.

— Pare. — Ordenou.

— Porquê? Falei a verdade. — Disse se defendendo, agora apertando-a mais contra ele.

— Joseph. — Avisou olhando-o.

— Tudo bem. Mas tenho que avisar que se não parar de morder o lábio desse jeito eu vou-te atacar. — Avisou contornando os lábios dela com o polegar, soltando o lábio carnudo. — Isso mesmo. — Sussurrou.

Demetria sorriu ao perceber que o afetava e colocou-se na ponta dos pés para beijá-lo carinhosamente. Joseph retribuiu o gesto de imediato e sorriu entre o beijo, sentindo-se um adolescente.

— Estou gostando dos passos de bebé. — Sussurrou Demetria com os lábios ainda colados aos dele.

— Eu também pequena. — Concordou olhando-a carinhosamente. — Eu também.