Magestic
Incorporated, Dallas, TX
— Onde está Demetria? — Perguntou Joseph entrando no escritório de Austin
sem bater.
— Não faço ideia. — Respondeu desviando os olhos do computador para
Joseph. — Ainda não chegou? — Perguntou confuso.
— Não. Nem sinal dela. — Disse nervoso, caminhando até à janela.
O dia estava muito chuvoso e Joseph estava preocupado. Tinha-se passado
uma semana desde que Demetria se tinha mudado para a nova casa e a distância de
lá até à empresa era maior do que desde o hotel The Joule, onde ela estava
hospedada anteriormente. Ele oferecera-se para trazê-la, mas ela negou alegando
que tinha que tratar de uns assuntos antes de ir até à empresa. Eram exatamente
dez horas da manhã e nada dela aparecer.
— Calma Joseph, ela logo aparece. — Tentou acalmá-lo.
— Ela nunca se atrasou tanto como hoje. — Explicou. — Será que aconteceu
alguma coisa?
— Ela não disse que tinha coisas pra fazer antes de vir trabalhar?
Provavelmente ainda não conseguiu resolver tudo, ou apanhou trânsito. — Disse
tentando, em vão, acalmá-lo.
— Se assim fosse ela avisaria. — Insistiu olhando-o de cara feia, voltando
a olhar o temporal na rua. — Eu sei que avisaria. — Sussurrou pra si mesmo.
— Porque não vai esperar no escritório dela? Enquanto você está aqui ela
já pode ter chegado.
— Austin, nós vamos trabalhar aqui por pelo menos umas três horas. Ela vem
aqui ter. Porque acha que estou aqui? — Perguntou óbvio.
— Você é mais simpático quando ela está por perto. — Resmungou
desmanchando o sorriso e olhando para o computador amuado. Joseph teve vontade
de sorrir por breves segundos, mas a preocupação com Demetria era maior que
aquilo.
— Como estão as negociações com a empresa francesa? — Perguntou querendo
arranjar algo que o distraísse.
— Em andamento. — Avisou orgulhoso. Era ele quem estava fazendo as
negociações e se fosse sucedido, seria seu melhor projeto dentro daquela
empresa até aquele momento. — Mas tem um problema.
— Qual? — Questionou Joseph confuso.
— O dono da empresa quer resolver tudo com Demetria, não com você ou
comigo. — Avisou receoso.
— Com Demetria? — Perguntou não gostando do significado daquelas palavras.
— Sim. Andrew especificou claramente que queria Demetria em Paris para
assinar o contrato com ele em alguns meses.
— Espera, Andrew? Qual Andrew? — Perguntou cruzando os braços sobre o
peito. — O dono da empresa é o Charles.
— Certo, você ainda não sabe.
— O que eu não sei? Dá pra falar de uma vez? — Ordenou impaciente.
— Charles não é mais o dono da empresa. Ele passou-a para o filho, Andrew
Brown. Homem de vinte e dois anos, faculdade terminada, americano, mas filho de
pai francês, Charles. É ele quem gere a empresa agora.
— Fez faculdade cá? — Perguntou interessado.
— Não. Estudou em New Jersey por muitos anos, mas fez faculdade lá em
Paris.
— E qual é o interesse dele em Demetria? — Perguntou com fúria no olhar.
Fosse quem fosse, não parecia querer apenas conversar sobre trabalho.
— Ele quer que seja ela a ir a Paris assinar o contrato com ele, mais
ninguém.
Joseph olhou o chão, pensando em que interesse aquele homem podia ter em
Demetria. Estudou em New Jersey por muitos anos. Será que foi colega de
Demetria nos tempos de escola? Algum antigo namorado? Não podia ser. Austin não
tinha encontrado ninguém com aquele nome que pudesse ser próximo a ela. Quem
quer que fosse, não ia ter aquilo que desejava. Ele não permitiria.
— Austin, Demetria não vai saber disso, está entendendo? — Avisou
olhando-o.
— Mas, ela é presidente dessa empresa como você. Ela tem que tomar
conhecimento.
— Não tem. Ela vai sim pra Paris, mas vai comigo. Ainda faltam meses até
ao momento final das negociações. Até lá ela não vai saber de nada.
— Não concordo com isso, mas tudo bem. — Resmungou dando de ombros.
— Como se sentiria se um homem desse em cima de Selena? — Perguntou Joseph
voltando a olhar o exterior pela janela.
— Ameaçado, cauteloso e sinceramente, muito ciumento. — Admitiu olhando-o.
— É como eu me sinto em relação a Demetria. — Concluiu.
— E vai mentir pra ela? — Perguntou num tom acusatório.
— Não vou estar mentindo. — Disse fazendo uma pausa. — Algo me diz que vou
estar protegendo. — Sussurrou.
— Tem uma diferença entre nós dois. — Falou Austin depois de uns minutos
em silêncio. Joseph olhou-o confuso. — Eu iria me sentir do jeito que falei,
mas eu estou apaixonado por Selena. Eu já estou agarrado àquela mulher. A ideia
de ela ter voltado pra New Jersey sozinha já está me deixando maluco. — Confessou
cruzando os dedos sobre o colo e recostando-se na cadeira.
— Onde quer chegar? Que diferença você está falando?
— E você?
— Eu o quê?
— Está apaixonado por Demetria?
A pergunta apanhou Joseph de surpresa. Apaixonado! Ele nunca achou que
podia apaixonar-se por outra pessoa depois de Alison. Ele não queria isso pra
ele. E agora? Demetria fazia-o sentir-se como um adolescente. Sentia-se feliz
ao lado dela. Podia ser ele próprio. Mas estava apaixonado?
— Eu...
— Desculpem o atraso, o trânsito está uma tragédia e o hospital estava do
mesmo jeito. — Disse Demetria adentrando o escritório de Austin sem bater.
Estava completamente ofegante e... Molhada.
— O que raios aconteceu com você? Porque se atrasou tanto? Está bem? — Perguntou
Joseph chateado o suficiente para lhe dar um olhar que a fez encolher-se por
completo.
— Estávamos preocupados Demetria. — Disse Austin com uma voz calma,
tentando aliviar a tensão que se formou.
— Eu já disse, o trânsito está um inferno e demorei mais do que esperava
no hospital. — Justificou-se confusa. Não esperava ser recebida assim.
— Hospital? — Joseph pareceu despertar ao ouvir essa palavra e aproximou-se
dela, levando as mãos aos cabelos molhados. Ela gelava. — Você está bem? — Perguntou
agora levando as mãos aos ombros magros, deslizando pelos braços.
— Estou bem. — Respondeu. — Só tinha uns exames de rotina que não podia
adiar. — Explicou olhando-o. Podia ver a preocupação em seus olhos e em seu
rosto e sorriu, acalmando-o.
— Está bem mesmo? — Insistiu Joseph.
— Bem, só estou um pouco molhada, mas inteira. — Brincou olhando para a
roupa que vestia.
— E como se molhou? — Perguntou Austin com uma sobrancelha erguida.
Demetria corou ao perceber que ele estava ali, mas manteve a postura.
— No caminho do estacionamento até à entrada do edifício.
— Existe estacionamento subterrâneo sabia? — Perguntou Joseph ajudando-a a
tirar o casacão preto.
— Eu estava atrasada. Nem me lembrei disso. — Respondeu revirando os
olhos.
— Tem que se secar ou vai ficar doente. — Avisou Joseph.
— Você parece o pai dela. — Respondeu Austin rindo sem perceber como o
comentário tinha incomodado Demetria. Joseph percebeu, mas não falou nada.
Passos de bebé. Lembrou. — Eu vou buscar café pra gente. Aproveito pra trazer
uma toalha. — Falou levantando-se da cadeira e encaminhando-se à saída. — Já
volto.
Joseph sentiu Austin colocar uma mão em seu ombro e olhou pra ele cúmplice,
recebendo um aceno e um sorriso. Sabia que podia contar com ele e sabia que o
assunto anterior não ia sair dali. Quando se deu conta, viu Demetria perto da
janela, abraçando-se a si própria enquanto olhava a rua como ele fizera
anteriormente. Ela estava tão linda com um vestido social preto e um sapato
alto, também preto, destacando os pequenos pés de princesa. Estava muito
diferente do que ele conhecera, mas ainda conseguia ser ela mesma. Era isso que
ele mais gostava nela. Ela era genuína.
— Está com frio? — Perguntou chegando perto dela.
— Um pouco. Vai passar. — Disse olhando-o brevemente e sorrindo.
— Parece preocupada. — Falou indo abraçá-la. Demetria não se deixou ser abraçada
e ele encarou-a confuso. — Algum problema?
— Estou toda molhada. Vou molhar você também. — Disse dando um sorriso que
ele percebeu ser forçado. — Austin está demorando né? — Perguntou virando-lhe
as costas.
Demetria não queria que ele a abraçasse e nem queria que ele a
acarinhasse. Ela queria que ele a convidasse pra sair de uma vez. Tinha-se
passado mais de uma semana e ele não fez qualquer tipo de convite. Será que não
queria mais sair com ela? Ela tinha feito algo errado? Como se lesse seus
pensamentos, Demetria sentiu Joseph abraçá-la por trás enquanto lhe sussurrava
ao ouvido.
— Saia comigo esta noite. — Demetria arrepiou com o tom sedutor e sorriu,
pousando a mão em cima das dele. — Não quero que pense que não quero mais sair
com você, mas é que esta semana tem estado tão corrida para nós dois.
— Eu pensei mesmo que não queria mais sair comigo. — Admitiu virando-se de
frente pra ele. — Pensei que tinha cansado de mim.
— Nunca! — Disse rapidamente, depositando um selinho demorado nos lábios
dela. — Desculpe pela demora. Eu não sou muito bom nessas coisas. Eu... Faz
tempo que não tenho um encontro. Não deste... Jeito. Não queria que pensasse
que...
— Tudo bem. — Interrompeu fazendo carinho na nuca dele. — Eu também não.
— Aqui Demetria. — Interrompeu Austin depois de pigarrear. Não queria
interromper o momento do casal, mas precisavam trabalhar. Viu Demetria
afastar-se de Joseph envergonhada e deu um sorriso cúmplice, entregando também
os cafés.
— Obrigado. — Agradeceu Joseph num tom frio, fuzilando-o com os olhos por
os ter interrompido.
…
— Você está linda. — Sussurrou Joseph quando Demetria se aproximou dele,
no exterior da mansão.
— Obrigada. Você também. Acho que nunca vi você tão... À vontade. — Disse
rindo enquanto o olhava.
Joseph estava vestindo uma camisola preta de frio, uma calça jeans e
calçava um All Star preto, combinando com a cor da camisola. Aquilo com certeza
fez os olhos de Demetria brilharem. Ela nunca imaginou que ele pudesse vestir
algo tão comum. Algo além de uma roupa social. Gostava de saber que ele também
conseguia sair um pouco da rotina em que ela agora fazia parte.
— Tenho meus momentos. — Disse acariciando o rosto dela. — Vamos?
— Sim. — Concordou sorridente.
Joseph puxou-a pra si e juntou seus lábios aos dela num beijo carinhoso.
Aquela noite seria só deles e ninguém estragaria isso.
Passados uns minutos de Joseph ter começado a dirigir, Demetria sentiu a
mão direita dele em sua coxa, fazendo um carinho inocente. Mesmo sendo
inocente, não conseguiu conter um arrepio e um sorriso, juntando sua mão à
dele. Fazia frio naquela noite, mas a cada toque de Joseph ela sentia-se arder.
Era um calor que ela diria que desconhecia se fosse há umas semanas atrás. A
vida mudara tão depressa que ela mal tinha tempo para acompanhar. Ela estava
vivendo rápido de mais. Estava se deixando envolver rápido de mais. Mas não
queria se arrepender. Não com Joseph.
— Vai dizer-me o que está pensando?
— Vai dizer-me onde está me levando? — Retrucou divertida.
— Hum, não. — Respondeu rindo ao ver a cara de amuada que ela fazia.
— Então vai ficar sem saber.
Joseph olhou-a brevemente, incrédulo, e logo voltou a olhar a estrada,
desta vez acariciando a mão dela.
— Acho que posso viver com isso. — Disse. — Por agora.
Demetria gargalhou e o sorriso de Joseph aumentou ao ouvir o som da risada
dela. Era tão espontânea e contagiante. Ele queria vê-la rindo. Sempre.
Quando Joseph estacionou o carro no parque do cemitério, pôde ver a
expressão de surpresa que Demetria tinha no rosto. Aquilo podia ser loucura,
mas ele realmente queria fazer aquilo.
— Você me trouxe a um cemitério no nosso primeiro encontro? — Perguntou
rindo.
— É, eu trouxe. Espera um pouco. — Disse saindo e caminhando até à mala do
carro. Demetria podia ver que ele tirava algo de lá, mas não conseguia perceber
o que era. Sorriu quando ele abriu a porta e segurou sua mão, vendo que a outra
segurava uma cesta. — Venha senhorita. — Demetria saltou pra fora do carro e
sorriu sapeca enquanto se esticava para lhe dar um selinho que ele retribuiu.
Depois de entrarem no cemitério, Joseph já sorria satisfeito por ter Demetria
agarrada a ele como se a vida depende-se disso.
— Sabia que tinha escolhido o lugar certo. — Disse malicioso enquanto
recebia um olhar reprovador dela, fazendo-o rir.
— Idiota. — Resmungou.
— Vem, eu te ajudo a subir. — Disse puxando-a pela mão quando começaram a
subir uma colina, em direção à maior árvore do cemitério.
— Ao menos vai dizer-me o que tem na cesta?
— Não sabia que era assim tão curiosa Lovato.
— Oh Jonas, você nem imagina. — Disse se agarrando a ele de novo.
— Fico feliz por ter vindo bem vestida. Está frio esta noite. Não quero
que fique doente.
— Eu sou resistente. Além disso, já não está chovendo e nem vai.
— Não vai? Como sabe?
— Porque eu disse que não vai. Por isso não vai! — Disse fazendo-o sorrir.
— Está bem senhorita dona do tempo. Chegámos.
Demetria estava tão distraída com a conversa que nem reparou que já tinham
chegado ao topo da colina. Olhando pra frente deles, Demetria viu algo que
sempre tinha sonhado fazer mas que nunca tinha tido oportunidade. Cinema ao ar
livre. Uns bons metros à frente haviam algumas toalhas estendidas com casais de
namorados esperando o filme começar na tela gigante. Alguns comiam pipoca,
outros comiam chocolate e outros simplesmente beijavam.
— Isto é...
— Besteira? — Perguntou Joseph levando a mão à nuca, olhando-a tímido. Ele
parecia um adolescente de novo e Demetria estava a começar a gostar da imagem
dele naquele momento. Feliz.
— Não é besteira. — Negou sorrindo. Demetria levou uma das mãos ao rosto
dele e acariciou a pouca barba que ele tinha naquele momento. Viu-o fechar os
olhos e aproximou os lábios dos dele. — Este é o melhor encontro que podia ter
planeado.
Joseph sentiu o alívio invadir-lhe o peito e beijou-a, largando a cesta no
chão ao lado deles. Demetria sorriu entre o beijo e entregou-se, levando ambas
as mãos até aos cabelos dele, puxando-os levemente. O beijo dele era bom,
trazia-lhe sensações boas e ela queria aquilo pra sempre. Desta vez não
existiam medos e ela concordava com Selena. Era hora de dar uma chance a si
mesma. Viver algo que sempre desejou e que o passado sempre impediu. Era o
momento de ser egoísta e pensar nela mesma, de viver.
Depois de ter estendido uma toalha grande, Joseph sentou-se encostando as
costas na árvore e estendeu a mão pra Demetria, fazendo-a sentar-se entre as
pernas dele. Enrolando um cobertor sobre eles, Joseph abraçou-a e manteve-a
colada a si.
— Está melhor assim. Menos frio. — Murmurou Demetria enroscando-se mais
nele que beijou sua testa carinhosamente. — Qual é o filme?
— Um clássico. Romeu e Julieta. — Respondeu.
— Sério? — Perguntou olhando-o com alegria.
— Você gosta de clássicos? — Perguntou depois de concordar.
— Amo. — Respondeu olhando a tela que agora mostrava a projeção do filme.
— Eu também.
Ficaram vários minutos em silêncio, vendo o filme no meio de carinhos e
afagos, até que Demetria não conseguiu conter a curiosidade.
— Porque escolheu ter o nosso primeiro encontro aqui? — Perguntou
olhando-o. — Quer dizer, no meio de tanta opção, porquê aqui? Este é o último
lugar em que eu pensaria.
— Eu sempre quis fazer isso. — Disse dando de ombros. — Nunca tive
oportunidade de o fazer antes.
— Nem com Alison? — Perguntou com a voz calma. Arrependeu-se ao perceber o
silêncio dele e pensou ter estragado o encontro, mas ficou aliviada quando ele
riu sarcasticamente, apertando-a mais contra ele.
— Alison sempre odiou este tipo de coisa. Ela preferia ir a um restaurante
caro e ficar com uma mesa entre a gente do que colocar os pés num cemitério à
noite e ficar agarrada a mim. Essa é uma das muitas coisas em que vocês se
diferenciam. Simplicidade é uma das coisas que eu mais gosto em você. — Falou
beijando os cabelos dela.
Demetria sorriu com o carinho e deitou a cabeça no peito dele.
Joseph pensou em deixar o assunto por ali, mas a pergunta de Austin tinha
ficado a ecoar em sua cabeça. Aquele era o momento perfeito para dizer o que
ele sentia. Não ia ser uma declaração de amor, mas seria algo que ele jamais
pensaria voltar a fazer com uma mulher. Ele não deixava ninguém saber como ele
se sentia.
— Depois que Alison me abandonou, eu nunca pensei que pudesse sentir-me
assim de novo.
— Assim como? — Sussurrou beijando levemente o seu pescoço.
— Tão atraído por uma mulher a ponto de fazer qualquer coisa por ela. — Disse
fazendo-a olhá-lo. Demetria prendeu a respiração e olhou-o assustada.
— Você está... Você está dizendo que faria qualquer coisa por mim?
— Sim, estou. — Confirmou acariciando o rosto dela. — Desde o nosso
primeiro beijo, até um pouco antes disso, que eu comecei a sentir algo
diferente em relação a você. Era atração física, mas não era só isso. Nunca foi
só isso. Você é única e tem um enorme poder sobre mim. Você atrai o melhor e o
pior de mim. Os meus desejos e os meus medos. Você faz com que eu seja eu mesmo
o tempo todo, sem máscaras ou fingimentos. Faz com que eu me desafie sendo
apenas eu a maior parte do tempo. Você me faz sorrir, me faz sentir um
autêntico adolescente. Faz-me feliz como eu há muito não era. — Fez uma pausa
olhando-a e continuou. — Eu sinto saudades quando não estou perto de você,
sinto falta do calor do seu corpo perto do meu, sinto vontade de te beijar e de
ver o seu sorriso o tempo todo e sinto um ciúme louco quando algum outro homem
se aproxima de você. A verdade é que eu estou ficando louco por você e pela
primeira vez eu quero arriscar. Você faz valer a pena. — Sussurrou por fim
esfregando a ponta do nariz com o dela.
Demetria não desviou o olhar dele nem por um segundo e sorriu quando ele
terminou de falar. Ele podia ser mais fofo? Mesmo com o passado conturbado,
mesmo com todo o sofrimento, ele conseguia fazê-la sentir-se feliz também.
Levantando uma mão, Demetria acariciou o rosto dele fez com que ele a olha-se
com atenção. Se ele estava sendo sincero, ela iria ser também.
— Eu tinha medo. — Admitiu vendo a surpresa instalar-se em seu rosto. — Ainda
tenho.
— Eu sei disso. — Disse. — Só não entendo o porquê. Não sei o que te machucou
tanto assim. — Demetria manteve o olhar por uns breves segundos e desviou-o em
seguida, olhando para as mãos deles juntas. Ela contaria parte da verdade.
Confiava nele. Não tinha porque não o fazer.
— Eu... Eu só gostei de um homem uma única vez. Na altura era um garoto na
verdade. Ele era o melhor amigo que alguém podia ter, até que eu me apaixonei
por ele. Esse foi o meu maior erro. — Sussurrou. Joseph remexeu-se inquieto.
Porque aquela conversa o incomodava? Era o passado dela, não o presente, ele só
tinha que escutar.
— Porque foi o seu maior erro?
— Porque ele fingiu durante o tempo todo. — Baixou a cabeça e olhou para
as mãos dos dois. — Fingiu até conseguir me levar pra cama, me humilhar e
fingir que não me conhecia depois disso.
Joseph olhou-a incrédulo e sentiu o sangue ferver. Como alguém tinha sido
capaz de fazer aquilo com uma mulher? Como alguém tinha tido coragem de fazer
aquilo com Demetria? Respirando fundo, tentou controlar a raiva que crescia
dentro dele, mas não estava resultando nem um pouco. Ele queria saber quem
tinha feito aquilo.
Demetria percebeu que ele tinha ficado nervoso e separou suas mãos para
rodear o pescoço dele com ambos os braços. Encostou a testa com a dele e ficou
em silêncio, esperando que ele dissesse alguma coisa.
— Quem é ele? — Perguntou simplesmente. Demetria sentiu-se estremecer com
o tom de voz ameaçador que Joseph usou e arregalou os olhos, olhando-o
assustada.
— Não interessa. É passado. — Respondeu rapidamente.
— Quem. É. Ele? — Insistiu olhando-a seriamente.
— Joseph, isso aconteceu quando eu tinha quinze anos. Já faz tempo que...
— Quinze? — Interrompeu zangado. — Pior ainda! Quem é ele?
— Não podemos esquecer isso simplesmente? — Perguntou suspirando. Começava
a arrepender-se de ter contado aquilo pra ele.
— Não.— Negou prontamente. — Eu quero saber quem fez isso com você!
— Para quê? — Perguntou se irritando. — O que vai fazer? O que vai mudar
Joseph? Eu já fui usada, já fui humilhada e abandonada! Me diga, o que vai
mudar? Vai deixar você feliz ao encontrá-lo? E eu? Como eu fico? Você não entende!
— Murmurou com os olhos marejados.
Joseph passou a mão pelo cabelo num gesto nervoso e olhou-a,
arrependendo-se de ter deixado seu lado ciumento e vingativo falar mais alto.
Ela estava chorando e ele causara isso. Havia pior sentimento que o sufoco que
ele sentia naquele momento?
— Me perdoa. — Pediu puxando-a pra seu colo, limpando uma lágrima que escorrera
de seus olhos. Ela parecia tão frágil, tão inocente. Demetria assentiu e sorriu
forçadamente, secando as lágrimas. — Não queria que chorasse.
— Nada do que você diga ou faça vai mudar o passado. A forma como eu me
senti, como ainda me sinto. Como eu fui machucada. Nada vai mudar. Ou pelo menos
pensei antes de te conhecer. — Disse suspirando. — Naquela noite, depois que
ele... Terminou… — Começou fazendo uma expressão de nojo. — Eu senti-me suja.
Suja por ele me ter tocado, e suja comigo mesma por ter deixado.
— Não precisa contar se...
— Não, eu quero. — Interrompeu pousando delicadamente uma mão em seu
peitoral. — Eu preciso. — Sussurrou fazendo uma pausa pra respirar fundo. O
filme continuava e todos os casais estavam alheios ao que se passava com eles.
Era o mesmo que estarem sozinhos e isso era tudo o que eles queriam naquele
momento. — Ele, ele começou por ser carinhoso, mas depois, eu vi o monstro que
ele realmente era. Ele foi bruto, não me beijou, não disse coisas fofas e muito
menos disse que gostava de mim. Ele simplesmente me fodeu, me humilhou e saiu,
me deixando com dor e a chorar. Foi tudo ao contrário do que eu sempre tinha
sonhado. Eu era tão inocente que nunca... Deus como eu era estúpida. — Suspirou
deixando mais lágrimas escorrerem enquanto brincava com os próprios dedos.
Joseph não sabia o que sentir, só conseguia ver a imagem de Demetria numa cama,
machucada e abandonada. Seu coração apertou de agonia ao imaginar o sofrimento
dela e teve pena, teve pena por ela ter sofrido tudo o que uma adolescente não
devia sofrer, teve pena pelos sonhos destruídos e sentiu que devia preencher o
espaço vazio, sentiu que tinha que lhe dar tudo o que lhe foi roubado. — Quando
você ainda me odiava ou tinha raiva de mim, você disse algumas das coisas que
ele me disse nessa mesma noite. Algumas palavras que eu nunca esqueci. O que
você disse não era novidade pra mim. — Falou sorrindo timidamente. — Em
Florença, quando você encontrou o espelho do quarto quebrado, eu tinha lembrado
de tudo. Todo o mundo parecia querer mostrar-me que eu não era suficiente, que
eu não era mulher e eu estava acreditando. Não tinha aguentado olhar a minha
própria imagem naquele espelho. Toda essa mudança na minha vida estava deixando-me
louca e naquela tarde eu...
— Chegou ao seu limite. — Supôs Joseph beijando sua testa carinhosamente.
Demetria olhou-o brevemente e assentiu.
— Eu tinha prometido a mim mesma que nunca mais ia apaixonar-me, que nunca
mais ia deixar que outro homem me tratasse como ele tratou. Mas no funeral de Jason,
desde o primeiro momento em que eu te vi que as coisas começaram a mudar aqui
dentro. — Disse apontando para a cabeça. — Você me intimidou me julgou e me fez
ter muita raiva de você, mas ao mesmo tempo fazia meu corpo arrepiar e estremecer
sempre que estava perto. — Admitiu fazendo uma pausa. — Ainda faz. Você tinha e
ainda tem um poder sobre mim que eu ainda não sei como lidar. Não é só você que
sente essas coisas. Eu... Eu também.
— Oh pequena. — Suspirou abraçando-a mais forte.
— Em Florença eu senti-me tão bem quando você me abraçou naquele banheiro.
— Confessou dando um sorriso fraco. — Senti-me protegida. E quando me beijou eu
senti-me amada e desejada. Senti-me mulher, senti que as coisas podiam ser
diferentes com você. Depois que você me falou do seu passado com Alison eu
entendi que eu não era a única com medos. Percebi que você de algum modo também
estava frágil. Foi a partir dessa tarde que eu... — Fez uma pausa e olhou-o
receosa. Ela não estava falando de mais, estava? Ela queria falar a verdade.
Queria esclarecer a confusão em que sua cabeça e seu coração estavam.
— Que você o quê princesa? — Perguntou sorrindo pra ela, encorajando-a.
— Que eu pensei que com você ia valer a pena tentar. — Disse dando de
ombros. — Que com você as coisas podiam ser diferentes. — Demetria olhou-o e viu
que ele sorria timidamente. — Eu tenho uma atração por você que eu nunca tive
por nenhum outro homem. Eu gosto de você pelo que você é e pelo que provoca em
mim. Você... Faz-me sentir como se eu fosse a mulher mais linda de todo o
mundo. — Riu agora com descrença enquanto voltava a olhar algo que não fosse
ele.
— Hey. — Chamou fazendo-a olhá-lo de novo. — Você é a mulher mais linda de
todo o mundo. Tanto por dentro como por fora. Nunca deixe que tentem
convencê-la do contrário. — Afirmou fazendo-a sorrir.
— Eu... Eu sei que provavelmente assustei você com toda a minha bagagem,
mas... Eu queria que você soubesse que não é o único que quer tentar, que não é
o único que deseja ou que se sente atraído e que não é o único com medos.
— Naquela tarde em Florença eu vi o quão machucada você estava por dentro
e prometi a mim mesmo que iria descobrir o que tinha acontecido com você,
prometi que te ajudaria a superar da melhor maneira que eu pudesse. Eu esperava
que você confiasse em mim o bastante para um dia me contar a verdade e fico
feliz que tenha sido hoje, fico feliz que tenha confiado em mim.
— Eu precisava que você entendesse que eu não sou como as outras mulheres
com quem você pode ter saído anteriormente. Eu sou complicada. Comigo tem que
ser com passos de bebé. — Disse enquanto beijava a testa dele e sorrindo quando
o viu fechar os olhos.
— Eu entendo Demetria. Agora eu entendo. Você não merecia nada do que lhe
aconteceu.
— Se merecia ou não eu não sei. — Disse dando de ombros. — Só sei que
doeu. — Sussurrou.
— Tem uma coisa que não me sai da cabeça. Eu preciso perguntar. — Avisou
olhando-a.
— Pode perguntar. — Afirmou mesmo não tendo a certeza se devia deixar.
— Tudo o que esse garoto fez, — Começou com raiva na voz. — tudo isso pode
ser considerado um estupro Demetria. — Disse olhando-a. O choque nos olhos dela
não o surpreendeu, mas ele precisava saber aquilo. — Você o denunciou? Falou
pra alguém? Sua família pelo menos?
— Eu... — Demetria não sabia o que responder. Não queria falar de sua família.
Não queria revelar toda a verdade de uma vez. Queria tentar uma relação com
Joseph, mas queria tentar devagar.
— Você não falou pra ninguém? — Perguntou incrédulo ao perceber a demora
dela pra responder. — Nem pra sua mãe?
— Eu não tenho mãe! — Exclamou irritada sem se aperceber do que tinha
dito. Olhando para Joseph, viu o olhar confuso dele e viu também a surpresa. O
que ela tinha feito? Como ia explicar?
— Eu não sabia. Me desculpa. — Disse Joseph ainda confuso. — E seu pai?
Com certeza deve ter feito alguma coisa.
Demetria sentiu-se aliviada por ele ter, aparentemente, esquecido o
assunto sobre sua mãe, mas ainda estava nervosa por estar a falar da família.
— Eu contei para meu pai. — Sussurrou olhando para as próprias mãos. — Ele
não acreditou e nada fez. Saí de casa pra ir viver com Selena e o assunto ficou
por aí. — Finalizou ainda sem olhá-lo.
— Eu não acredito, como ele? Ele é seu pai! — Disse ainda sem acreditar.
Demetria não respondeu. Respirou fundo e encostou a testa na de Joseph ao
mesmo tempo que rodeava o tronco dele com seus braços. Esfregou a ponta do
nariz com o dele e deu-lhe um selinho demorado, apenas para sentir os lábios
quentes nos dela.
— Passos de bebé. Por favor? — Pediu de olhos fechados.
— Sim. — Concordou Joseph prontamente. Aquele assunto não estava
esquecido, mas tinha havido revelações a mais para apenas um encontro. — Este
encontro não está sendo como esperava não é mesmo? — Sussurrou depois de ela se
ajeitar em seu peito e voltar a ver o filme.
— Não, não está. Acho que pra nenhum dos dois. Mas pra mim está sendo
melhor do que eu esperava. Trouxe-me pra fazer algo que eu sempre quis fazer,
me faz sorrir, me faz sentir acarinhada e me faz sentir segura. Eu estou
gostando muito de estar aqui com você. Lembra-me da primeira vez que a gente se
viu. Também foi num cemitério, lembra?
— Lembro.— Respondeu sorrindo enquanto deslizava os longos dedos pelo braço
de Demetria. — Tudo parece tão diferente agora. Diferente pra melhor.
— Sim, diferente pra melhor. — Concordou levantando a cabeça para olhá-lo
sorrindo. Voltando a olhar para a frente sorriu ainda mais com o que viu. — Aquilo
é um casal de velhinhos namorando? — Perguntou com os olhos brilhando.
— É sim. Já estavam aqui quando a
gente chegou. — Confirmou. — Aquilo é amor puro.
— Amor? — Perguntou olhando-o
surpresa. Era a primeira vez que o ouvi-a falar de tal sentimento.
— Sim. — Afirmou baixando o rosto
para olhá-la. — Passos de bebé levam a sentimentos de adultos Demetria. — Disse
olhando-a profundamente. Demetria sentiu o seu coração acelerar e apertou-se
mais contra ele. — Obrigada por confiar em mim. — Sussurrou baixando mais o
rosto pra beijá-la.
— Você confiou em mim primeiro. — Lembrou levando uma das mãos ao rosto
dele, acariciando a barba por fazer.
Joseph sorriu brevemente enquanto roçava os lábios com os dela e logo os
encaixou, beijando-a com ternura. Invadiu a boca quente e úmida com sua língua
e aprofundou o beijo, provando o gosto em que já tinha viciado. Apertou-a ainda
mais e soltou um gemido rouco quando ela mordiscou seu lábio inferior. Ela
fazia-o perder o controlo com uma rapidez extraordinária, mas depois de tudo o
que ela lhe confessou, seria cuidadoso. Iria dar-lhe o que lhe roubaram. Iria
cuidar dela. Porque afinal, sabia que ela iria cuidar dele também.
Amo demais essa fic ❤❤ posta logo, please, super ansiosa para reler o que ainda falta ❤ beijos
ResponderEliminarVOCE VOLTOUUUUUUUUUUUUUUUUUU VOCE VOLTOU AEEEEE!posta mais pelo amor de Deus Flavinha
ResponderEliminarMoça tu volto aeeeeeeee nossa todo dia ficava olhando pra ver se tu nao tinha postado nada e hj fiquei mega feliz que tinha capitulo novo... posta logo ♥
ResponderEliminarTo amando, ta perfeito, posta mais pelo amor de Deus, que fico quase louca de tantas vezes por dia que entro pra ver se tem capítulo novo.. Ta maravilhoso.. Beijos <3
ResponderEliminarSelinho pra você, amor ->
EliminarPrimeiro selinho ♥
Beijos ♥
AMEI POSTAS LOGOOOOOOOOOO. Ta muito foda,
ResponderEliminarPOSTA LOGOOOO.
ResponderEliminarTa incrível!!!
:):):)
Leitora nova o///
ResponderEliminartô amando, continue logo, bjôs <3
Ei teria como divulgar meu blog? jemialways.blogspot.com.br
ResponderEliminarAdoro tanto essa história, espero que volte a reposta ela um dia.
ResponderEliminarSam.
Amei a historia, por favor posta o prox cap !!!
ResponderEliminarIncrível! Isso é a adaptação de algum livro? Se sim de qual? 😘😘
ResponderEliminarHeyyy continua logo por favor essa história é incrível!! ❤️❤️
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