Magestic
Incorporated, Dallas, TX
Eram quase oito da noite quando Demetria terminou de revisar os contratos
do dia seguinte. Sentia-se cansada e seus olhos pesavam com o sono que tinha
acumulado. Desligou o computador, arrumou sua bolsa, apagou as luzes e trancou
a porta, preparando-se pra ir embora. Enquanto esperava o elevador chegar no
silêncio da empresa, Demetria viu uma luz fraca vindo do escritório de Joseph.
Ele ainda ali estava?
Não o tinha visto desde o que acontecera na hora de almoço e não sabia se
teria coragem de encará-lo. Engolindo a covardia que a dominava, caminhou a
passou firmes em direção à porta do escritório. Abriu a porta sem bater e
recriminou-se pela falta de educação. Joseph não pareceu notar sua presença,
mas claramente fez-se notar, deixando-a paralisada, observando a figura
masculina.
Joseph estava sentado na sua cadeira, virado pra grande janela e estava
sério, pensativo. Os cabelos estavam mais despenteados que o normal, a gravata
rodeava o seu pescoço com o nó desfeito e a camisa tinha todos os botões
abertos, deixando à mostra o peitoral forte e o tronco definido. Ele estava
simples, relaxado e estava lindo. Demetria sentiu as pernas tremerem e teve que
se agarrar ao batente da porta pra não cair. Desejava-o tanto.
— Oi. — Ouviu-o sussurrar sem se virar para olhá-la.
— O... Oi. — Gaguejou.
— Achei que já tinha ido embora. — Comentou finalmente encarando-a. Joseph
não parecia se incomodar com a sua presença e muito menos com o fato de estar
tão exposto a ela. Parecia natural para ele.
— Eu fiquei adiantando trabalho de amanhã. — Afirmou. Joseph olhou-a com
atenção e viu que ela estava nervosa.
— Sobre a cena lamentável à hora de almoço, não vai acontecer de novo.
Ashley foi devidamente repreendida. — Avisou pensando que era esse o problema
para o nervosismo dela.
— Não se preocupe com isso. Está tudo bem. — Afirmou tentando não olhá-lo.
Joseph observou-a de novo e sorriu solenemente. Ela era tão linda. Queria
segurá-la nos braços naquele momento. Queria fazê-la sentir a pele dele que
estava fervendo. Queria que ela o tocasse.
Ainda completamente relaxado, Joseph levantou-se, contorno a mesa e
recostou-se na mesma, virado de frente pra Demetria, cruzando os braços sobre o
peito. Viu os olhos dela percorrerem seu corpo e sorriu ao vê-la ficar
ofegante.
— Eu... Eu tenho que ir. Boa noite. — Disse apressadamente. Em seguida
virou as costas preparando-se pra sair, mas sentiu-se paralisar com as palavras
de Joseph.
— Eu sinto saudades do seu beijo. Sinto saudades de ter os seus lábios nos
meus e te fazer suspirar de deleite. Sinto falta de você Demetria.
Joseph viu-a parar antes mesmo de sair do escritório e sorriu vendo o
efeito que tinha nela. Ela era especial e ele sabia disso desde o começo.
— Não diga essas coisas, por favor. — Pediu Demetria num sussurro
suficientemente alto pra ele ouvir.
— Porque não? — Perguntou confuso, caminhando até ao centro do escritório
amplo. Demetria virou-se pra encara-lo e viu os olhos dele brilhando. Lindos
olhos cor de mel que a hipnotizavam.
— Por que... Porque amigos não dizem essas coisas. — Explicou atrapalhada
pela forma como ele a olhava.
— Tem razão. Amigos não dizem essas coisas. — Concordou surpreendendo-a. —
Amigos que se desejam fazem muito mais. Você sabe que eu a desejo e eu sei que
você me deseja também. O desejo está por todo o seu corpo e você não quer
aceitar. Por muito que não admita, o seu corpo fala por você. O desejo está nos
seus olhos e está consumindo-a a cada segundo que passa. Você tem a necessidade
de ser amada por alguém que o saiba fazer.
Demetria não sabia o que dizer em resposta aquelas palavras. Eram tão
verdadeiras que a atingiram com força no peito, fazendo-a arrepiar e tremer dos
pés à cabeça. Podia sentir a voz dele por perto como se lhe estivesse
sussurrando ao ouvido, mesmo sabendo que ele estava a apenas a alguns metros de
distância. Suas palavras ecoavam em sua cabeça e tudo o que ela conseguia fazer
era olhá-lo, quase suplicando pra que ele a agarra-se com força e a beijasse.
— Eu... Nós não... — Demetria não conseguiu terminar a frase e acabou por
desviar o olhar para o chão. Aquilo era errado, mas ela sabia que ele tinha
razão. Ela o desejava e estava dando em louca por causa daquela mistura de
sentimentos. Nunca tinha sentido algo tão forte e tão assustador em toda a sua
vida e isso estava deixando-a louca.
— Você merece tanto ser amada todos os dias. — Ouviu-o sussurrar e voltou
a olhá-lo sem se mover. Continuava paralisada na porta daquele escritório e
tinha a certeza que parecia ridícula. — Amada com carinho, de verdade.
Demetria observou-o e viu o olhar carinhoso que ele lhe lançava. Sem
aguentar mais, largou a bolsa de qualquer jeito no chão e caminhou até ele com
passos largos e firmes. Aquilo era inevitável, ela precisava de senti-lo.
Puxando-o com força pela camisa, Demetria logo encaixou seus lábios nos dele,
num beijo urgente e necessitado da parte de ambos. Sentiu-se satisfeita por ser
tão bem recebida nos braços dele, mas precisava de mais. Não hesitou em pedir
passagem para a língua e logo segurou com força os cabelos curtos de Joseph
enquanto ele a apertava contra seu corpo. Suspirou entre o beijo quando Joseph
massageou sua língua e não conseguiu conter um gemido quando as mãos dele
adentraram sua camisa e apertaram sua pele com firmeza. Demetria sentia o seu
corpo em chamas e não queria parar. Queria se entregar a Joseph de todas as
maneiras, queria se entregar a todo aquele desejo que a estava consumindo.
Aquilo era algo surreal e ela não tinha o poder de controlar.
Joseph apertou-a fortemente contra o corpo, não querendo que ela escapasse
nem por um momento. Estava surpreso por ela se ter atirado nos braços dele, mas
estava satisfeito por ela o ter feito. Já sentia saudades do seu gosto e tê-la
tão perto dele naquele momento era tudo o que ele podia desejar. Ela era tão
frágil que ele não sabia nem como segurá-la direito. Só queria apertá-la com
força e impedir que ela saísse de perto dele. Sentia o calor dela e sentia que
o desejo era tão grande e incontrolável como o dele. Não era só ele que a desejava.
Ela o desejava também.
Aprofundando ainda mais o beijo, Joseph levou uma das mãos até à nuca de
Demetria e puxou-a para mais perto ainda. Sentiu quando ela acariciou seu peito
por dentro da camisa com delicadeza, estava tímida e não sabia ao certo como
tocá-lo. Parecia ter medo de o machucar e ele não ia permitir que ela
continuasse desse jeito. Queria ser tocado por ela. Queria que ela o explorasse
como se tocasse um homem pela primeira vez. Mal ele sabia que ela estava tocando
um homem pela primeira vez.
Quando separaram o beijo, Joseph não permitiu que ela se afastasse.
Encostou a testa na dela e segurou o rosto delicado com uma das mãos enquanto a
outra permanecia em suas costas, por dentro da blusa.
— Eu... Me desculpe. — Sussurrou Demetria ainda ofegante. Estava
envergonhada pela atitude precipitada, mas não se arrependia de tê-lo feito.
Não daquela vez.
— Não peça desculpa por algo que nós dois queríamos. — Respondeu Joseph
abraçando-a.
Demetria não conseguiu evitar o sorriso quando Joseph voltou a encaixar
seus lábios nos dela e desta vez não se deteve ao levar as mãos aos cabelos
curtos. Arranhou a nuca de Joseph levemente e sentiu que ele a apertava com
ainda mais força, encaminhando-a desajeitadamente em direção ao sofá preto.
Deitando-a com cuidado, Joseph deixou-se cair sobre ela lentamente, apoiando
metade do peso para não a machucar. Sabia que não iriam longe naquela noite,
não poderiam, mas o desejo estava lá presente e ele continuava beijando-a e
acariciando-a sem cansar. Ao sentir Demetria ficar tensa debaixo de si, sorriu
e afastou o rosto para olhá-la. Ela era tão frágil, tão inocente. Demetria
abriu os olhos e retribuiu um sorriso tímido ao ver que ele a observava.
— O que foi? — Perguntou num sussurro. Joseph não parava de sorrir pra ela
e fazia questão de deixá-la sentir seu corpo, intimidando-a e envergonhando-a.
— Janta comigo? — Convidou surpreendendo-a.
— O quê? — Ele tinha falado sério? Tinha-a convidado pra jantar? Um
encontro?
— Quero que jante comigo. Quero conhecer mais de você. — Disse colocando
uma mecha de cabelo dela atrás da orelha.
— Isso... Você quer dizer um encontro?
— Você quer que seja um encontro? — Perguntou divertido. Parecia um garoto
adolescente.
Demetria ficou sem saber o que responder. O que aquilo significava? Era
uma tentativa de relacionamento? Podia ela fazer isso? Tudo aquilo parecia
certo e errado ao mesmo tempo. Era confuso e isso fazia-a pensar sobre todos os
seus medos. Ela conseguia ultrapassá-los? Joseph e ela tinham seus motivos para
terem medo de um relacionamento, mas nenhum deles era mais forte do que aquilo
que eles estavam sentindo um pelo outro.
— Eu... Eu não sei Joseph. Eu...
Ela não sabia o que dizer, não sabia o que pensar e não sabia se devia
aceitar o convite. Uma parte dela dizia que ela devia dar uma oportunidade a si
mesma, mas outra dizia que ela não era merecedora de tal desejo, de tal homem.
Joseph era obviamente demasiado pra que ela conseguisse lidar. Eles eram tão
diferentes. Ela sofreria se começasse a se apaixonar por ele. Conseguia ela
evitar? Não, não conseguia. Desde aquele beijo em Florença, no quarto de hotel,
que ela não consegue deixar de pensar nele. Era tudo tão confuso e tão novo. E
Alison? Ele tinha-a esquecido?
— Passos de bebé Demetria. — Disse Joseph percebendo sua hesitação. Ele
sabia que ela também tinha seus medos.
— E Alison? — Lembrou cuidadosamente, vendo a expressão divertida
desaparecer. Seu rosto estava agora rígido, tenso. — Você me contou tudo
aquilo. Falou de como era apaixonado por ela. Falou que tinha casos de uma
noite só.
— Demetria...
— Você ainda a ama? — Perguntou direta, sentindo-o ficar desconfortável.
— Tudo isso aconteceu há mais de cinco anos. Eu não quero amá-la. — Demetria
suspirou e sorriu com a resposta. Viu que ele relaxou e acariciou seu rosto. A
barba crescida fazia cócegas nas pontas de seus dedos e ela suspirou.
— Passos de bebé? — Perguntou.
— Passos de bebé. — Confirmou sorrindo.
— Um encontro será então. — Disse voltando a abraçá-lo enquanto ele a
beijava com fervor.
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