Eu não sabia mais como fugir de Kimberly. Depois daquele encontro social na
segunda-feira eu só me encontrei com ela duas vezes e em ambas consegui fugir
do assunto Quatro. Na quarta-feira acompanhei-a a uma consulta ao ginecologista
que confirmou a gravidez através de uma ultrassom. Kimberly estava com um bebé
de dez semanas crescendo forte e saudável a cada dia que passava.
A segunda vez que a encontrei foi na quinta-feira quando ela foi até ao
Bourbon para falar com Steve. Eu estava trabalhando no turno da tarde e Jack e
Cappie estavam livres, preparando os detalhes da festa de sexta. Kim acabou por
falar com Steve na minha frente e eu encorajei-a a revelar a sua situação a ele.
— Eu estou grávida. — Falou depois de muito enrolar.
Steve demorou uns segundos a processar a notícia e depois sorriu satisfeito,
perguntando-lhe como ela estava, como se sentia e o que pretendia fazer dali
para a frente. Kimberly respondeu a quase tudo e ficou emocionada quando Steve
se disponibilizou a ajudá-la em tudo o que ela precisasse.
A sexta-feira finalmente chegou e eu aproveitei que tinha o dia livre para
fazer uma limpeza e organização ao closet. Separei as roupas que já não me
serviam e dividi as que ainda estavam boas para dar das que não estavam.
Organizei por cores e ajeitei os acessórios e o calçado. No final consegui
ficar com mais espaço e o closet parecia outro completamente diferente.
Orgulhosa do meu trabalho doméstico, resolvi levar os sacos de roupa até
ao convento que havia a umas quadras daqui. O espaço servia também como
orfanato e já não é a primeira vez que eu faço doações para as crianças e
jovens de lá. Não esperava demorar muito, então entrei no carro e fiz a manobra
para tirá-lo da garagem.
Depois de receber o agradecimento e a bênção da irmã Rosa e das crianças
do orfanato, entrei no carro pronta para voltar a casa. Lembrei que mais tarde
faria uma maratona de filmes e seria bom ter algo para comer enquanto o fazia,
então desviei o caminho até à lanchonete mais próxima.
— O que vai desejar? — Perguntou o garoto que aparentava ter a mesma idade
que eu.
— Boa tarde. Vou querer cinco muffins de chocolate e três donuts, também
de chocolate, por favor. Ah, e é para viagem. — Lembrei.
— Muito bem. Vou passar o pedido há minha colega. — Informou enquanto me
dava o troco e esperava pelo próximo da fila.
Mantive-me fora do caminho do caixa, mas fiquei onde pudesse ver quando o
meu pedido ficasse pronto. Dei uma olhada rápida na lanchonete para passar o
tempo e fiquei surpresa ao ver Kimberly e Quatro sentados numa das mesas dos
fundos, ao lado da parede. Nunca vi Quatro descontraído e sempre que havia
humor em sua expressão havia também ironia ou sarcasmo. Desta vez ele estava
mais sério do que da primeira que o vi. Não achei que isso fosse possível.
Eu estava longe o suficiente para eles não me notarem e também estava
longe o suficiente para não conseguir ouvir a conversa deles. Apesar disso,
consegui perceber tudo o que estava acontecendo quando Kimberly levou a mão ao
ventre e baixou o rosto, soluçando um choro triste. A expressão de Quatro não
se alterou e apesar de eu não ter muita experiência, conseguia entender
perfeitamente que aquela podia ser a expressão de um pai que rejeita um filho.
Pensei em caminhar até lá, mas desisti quando a garçonete chamou o meu
nome e me entregou o pedido. Quando olhei de volta à mesa de Kim, já pronta
para me ir embora, vi Quatro levantar-se e Kim acompanhá-lo claramente nervosa.
Apressei-me a sair daquele lugar e entrei no carro a tempo de vê-los a sair da
lanchonete. Sem pensar duas vezes dei à chave e sai dali em direção a casa.
Nas horas seguintes tentei esquecer o que vi mais cedo, mas não tive bons
resultados. Várias vezes encontrei-me pensando nas teorias que a minha mente
criava e as conclusões a que eu chegava faziam-me sentir desprezo por Quatro.
Como é que ele podia rejeitar um filho? E como é que ele era capaz de fazê-lo
agora que Kimberly estava tão sensível? Ele não podia ter pensado nisso mais
cedo quando se envolveu com ela?
Eram nove horas da noite e eu já estava chorando rios enquanto via A Culpa
é das Estrelas. A morte de Augustus Waters parecia ser a maior injustiça do
mundo para mim e eu estava quase me descabelando porque o sorvete já tinha
acabado e eu não teria mais com o que me consolar.
Quando a campainha tocou não sabia se devia abrir a porta e correr o risco
de ser assaltada ou se devia ignorar e fingir que não havia ninguém em casa.
Quando tocaram pela segunda vez, levantei-me do sofá e espiei pelo olho da
porta, encontrando Cappie do outro lado.
— Vamos lá, Demi. A melhor festa do ano está acontecendo na minha casa e a
donzela não vai ficar em casa esta noite. — Falou parecendo adivinhar a minha
presença através da madeira. Abri a porta e sorri com uma sobrancelha erguida.
Ainda haviam marcas de lágrimas em meu rosto e Cappie riu entendendo. — Eu não
acredito que você iria ficar em casa numa sexta-feira à noite e ainda por cima
chorando ao ver os piores filmes de sempre!
— A Culpa é das Estrelas não é o pior filme de sempre, mas sim o melhor.
Seja um pouco mais sensível, sim? — Questionei indignada.
— Não pensei que fosse dessas.
— Ah, por favor! Sou uma garota. — Me defendi cruzando os braços sobre o
peito. — Posso ser dessas quando eu bem entender.
— Muito bem. Agora peço-lhe que seja daquelas que vai a festas numa
sexta-feira à noite. Você sabe. Normal! — Disse entrando pela minha casa
adentro e me empurrando escada acima.
— Eu tinha dito que não iria Cappie. — Resmunguei deixando-me levar.
— Eu sei. Você achou mesmo que eu iria deixar isso barato? Qual é Demi! É
a minha festa. Preciso de uma gostosa para desfilar naquela casa. — Falou com
um sorriso no rosto.
— Você podia fazer isso com a Kim.
— É, eu sei. Mas Kimberly está meio que ocupada neste momento, então você
vai ter que servir. — Disse ficando mais sério. Olhei-o de lado antes de entrar
no quarto e franzi a sobrancelha, confusa pelo verdadeiro significado da
palavra ‘ocupada’.
Depois de o ter expulsado do meu quarto sentei-me na cama por uns minutos,
pensando se realmente gostaria de ir a essa festa. Quatro estaria lá. Disso eu
não tinha dúvidas. Assim como sabia que Kimberly também estaria. Poderia ser
mais estranho que isso?
Por outro lado a minha curiosidade era absurda. Não sabia o que Cappie
queria dizer quando mencionou que ela estava ocupada. No fundo eu sabia que
envolvia Quatro, mas também me lembrava da cena que vira na lanchonete mais
cedo. Eu precisava de respostas e não fazia a mínima ideia do porquê. Tudo isso
chegava a ser ridículo, mas mesmo assim escolhi uma calça jeans preta, um top
azul e uns botins também pretos. Peguei a minha jaqueta preta, passei um
delineador, coloquei um pouco de rímel e deixei os cabelos soltos.
— Você está desfilando. — Cantarolou Cappie quando saímos do carro e
caminhámos até à porta da frente. Conseguimos atrair os olhares das pessoas
espalhadas pelo jardim e isso não me fez sentir mais confortável.
— Pudera, você é o anfitrião que abandonou a própria festa para ir buscar
uma garota. — Falei olhando-o brevemente.
— Ou você está apenas gostosa de mais. — Falou colocando uma mão em minhas
costas. Eu sabia que Cappie sempre brincava quando me chamava de gostosa. Desta
vez foi diferente.
— Isso não me faz sentir menos desconfortável. Porque eu vim mesmo? —
Perguntei dando um passo para dentro da casa.
— Porque é impossível resistir ao meu charme. — Falou convencido. Ri e não
me surpreendi ao ver um grupo de garotos caminhar até nós. Perdi Cappie nos
cumprimentos e segui em frente, explorando a gigante casa.
Quanto mais eu andava, mais alta a música ficava. Vi Jack dançando com uma
garota loira, magra, um pouco mais baixa que ele e sorri ao ver que se
divertia. Segui até à cozinha e suspirei ao notar que o lugar estava menos agitado
que no resto da casa. Vi dezenas de garrafas espelhadas pela bancada central e
olhei por cima do ombro à procura de alguém conhecido. Um copo não faria mal.
Estranhamente, concordo com o que dizem sobre só custar à primeira! Já
tinha servido a minha terceira dose no copo descartável quando resolvi explorar
mais um pouco. Caminhei como podia por entre as pessoas e dirigi-me à parte
traseira da casa. Não foi surpresa ao encontrar Quatro encostado na parede com
um copo na mão e uma garota no seu pescoço. Travei no meio do caminho e quando
ele percebeu a minha presença, uma raiva tomou conta de mim. Mostrando
claramente que não estava satisfeita pela sua presença, segui em frente, em
direção à piscina.
— Você já foi mais educada Demetria. — Ouvi-o instantes depois. Parei de
andar e virei-me para encará-lo.
— O que você quer? — Perguntei irritada. Ele pareceu surpreender-se pelo
meu tom de voz e por momentos vi-o recuar.
— Perceber se você é realmente bipolar ou se está de TPM. Nunca sei
diferenciar de qualquer jeito. — Falou tentando parecer descontraído.
— Sabe o que me faria feliz? Se continuasse longe! — Ataquei. Virei as
costas, mas antes que pudesse avançar senti-o segurar meu braço para me
impedir.
— Estou perdendo a paciência Lovato. O que está acontecendo com você hoje?
— Perguntou baixo o suficiente para apenas nós dois ouvirmos.
— Primeiro, se está acontecendo alguma coisa ou não, não é da sua conta. —
Vociferei soltando o meu braço de forma brusca. — Segundo, você não me conhece
e não é por ter-me ajudado numa noite que eu vou ficar eternamente grata e
andar de quatro por você. Terceiro, mas não menos importante, você devia ganhar
vergonha na cara e cuidar do seu futuro filho em vez de se esfregar numa outra
qualquer!
E antes que eu desse conta as palavras já tinham saído. Kimberly estava
parada atrás de Quatro tão assustada que parecia prestes a ter um ataque de
coração e Jack saía da casa com a garota de mais cedo, também confuso ao
perceber a tensão no ar.
— O que você disse?
WOW
ResponderEliminarAmei
Posta Logo estou doida pra saber o que vai acontecer!!!
Beijos
ih fiquei confusa agora mas acho q vc vai explicar as coisas agora
ResponderEliminarah fla, o #yoble nao quer mais abrir =(
Divulga também, por favor? http://jemiendlessly.blogspot.com.br/
ResponderEliminarAmo a fic "como se apaixonar em 40 dias", já tinha lido, mas vi aqui no seu blog também,é perfeita.. Bjs..
Flávia cade você? Por favor pelo menos dê um sinal de vida. Eu amo muito essa fic, assim como todas as suas outras, todas que você escreve são perfeitas. Por favor apareça.
ResponderEliminar:(
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