05/10/2014

Quando o Inesperado Acontece - 6º Capítulo


Eu não sabia mais como fugir de Kimberly. Depois daquele encontro social na segunda-feira eu só me encontrei com ela duas vezes e em ambas consegui fugir do assunto Quatro. Na quarta-feira acompanhei-a a uma consulta ao ginecologista que confirmou a gravidez através de uma ultrassom. Kimberly estava com um bebé de dez semanas crescendo forte e saudável a cada dia que passava.
A segunda vez que a encontrei foi na quinta-feira quando ela foi até ao Bourbon para falar com Steve. Eu estava trabalhando no turno da tarde e Jack e Cappie estavam livres, preparando os detalhes da festa de sexta. Kim acabou por falar com Steve na minha frente e eu encorajei-a a revelar a sua situação a ele.
— Eu estou grávida. — Falou depois de muito enrolar.
Steve demorou uns segundos a processar a notícia e depois sorriu satisfeito, perguntando-lhe como ela estava, como se sentia e o que pretendia fazer dali para a frente. Kimberly respondeu a quase tudo e ficou emocionada quando Steve se disponibilizou a ajudá-la em tudo o que ela precisasse.
A sexta-feira finalmente chegou e eu aproveitei que tinha o dia livre para fazer uma limpeza e organização ao closet. Separei as roupas que já não me serviam e dividi as que ainda estavam boas para dar das que não estavam. Organizei por cores e ajeitei os acessórios e o calçado. No final consegui ficar com mais espaço e o closet parecia outro completamente diferente.
Orgulhosa do meu trabalho doméstico, resolvi levar os sacos de roupa até ao convento que havia a umas quadras daqui. O espaço servia também como orfanato e já não é a primeira vez que eu faço doações para as crianças e jovens de lá. Não esperava demorar muito, então entrei no carro e fiz a manobra para tirá-lo da garagem.
Depois de receber o agradecimento e a bênção da irmã Rosa e das crianças do orfanato, entrei no carro pronta para voltar a casa. Lembrei que mais tarde faria uma maratona de filmes e seria bom ter algo para comer enquanto o fazia, então desviei o caminho até à lanchonete mais próxima.
— O que vai desejar? — Perguntou o garoto que aparentava ter a mesma idade que eu.
— Boa tarde. Vou querer cinco muffins de chocolate e três donuts, também de chocolate, por favor. Ah, e é para viagem. — Lembrei.
— Muito bem. Vou passar o pedido há minha colega. — Informou enquanto me dava o troco e esperava pelo próximo da fila.
Mantive-me fora do caminho do caixa, mas fiquei onde pudesse ver quando o meu pedido ficasse pronto. Dei uma olhada rápida na lanchonete para passar o tempo e fiquei surpresa ao ver Kimberly e Quatro sentados numa das mesas dos fundos, ao lado da parede. Nunca vi Quatro descontraído e sempre que havia humor em sua expressão havia também ironia ou sarcasmo. Desta vez ele estava mais sério do que da primeira que o vi. Não achei que isso fosse possível.
Eu estava longe o suficiente para eles não me notarem e também estava longe o suficiente para não conseguir ouvir a conversa deles. Apesar disso, consegui perceber tudo o que estava acontecendo quando Kimberly levou a mão ao ventre e baixou o rosto, soluçando um choro triste. A expressão de Quatro não se alterou e apesar de eu não ter muita experiência, conseguia entender perfeitamente que aquela podia ser a expressão de um pai que rejeita um filho.
Pensei em caminhar até lá, mas desisti quando a garçonete chamou o meu nome e me entregou o pedido. Quando olhei de volta à mesa de Kim, já pronta para me ir embora, vi Quatro levantar-se e Kim acompanhá-lo claramente nervosa. Apressei-me a sair daquele lugar e entrei no carro a tempo de vê-los a sair da lanchonete. Sem pensar duas vezes dei à chave e sai dali em direção a casa.
Nas horas seguintes tentei esquecer o que vi mais cedo, mas não tive bons resultados. Várias vezes encontrei-me pensando nas teorias que a minha mente criava e as conclusões a que eu chegava faziam-me sentir desprezo por Quatro. Como é que ele podia rejeitar um filho? E como é que ele era capaz de fazê-lo agora que Kimberly estava tão sensível? Ele não podia ter pensado nisso mais cedo quando se envolveu com ela?
Eram nove horas da noite e eu já estava chorando rios enquanto via A Culpa é das Estrelas. A morte de Augustus Waters parecia ser a maior injustiça do mundo para mim e eu estava quase me descabelando porque o sorvete já tinha acabado e eu não teria mais com o que me consolar.
Quando a campainha tocou não sabia se devia abrir a porta e correr o risco de ser assaltada ou se devia ignorar e fingir que não havia ninguém em casa. Quando tocaram pela segunda vez, levantei-me do sofá e espiei pelo olho da porta, encontrando Cappie do outro lado.
— Vamos lá, Demi. A melhor festa do ano está acontecendo na minha casa e a donzela não vai ficar em casa esta noite. — Falou parecendo adivinhar a minha presença através da madeira. Abri a porta e sorri com uma sobrancelha erguida. Ainda haviam marcas de lágrimas em meu rosto e Cappie riu entendendo. — Eu não acredito que você iria ficar em casa numa sexta-feira à noite e ainda por cima chorando ao ver os piores filmes de sempre!
— A Culpa é das Estrelas não é o pior filme de sempre, mas sim o melhor. Seja um pouco mais sensível, sim? — Questionei indignada.
— Não pensei que fosse dessas.
— Ah, por favor! Sou uma garota. — Me defendi cruzando os braços sobre o peito. — Posso ser dessas quando eu bem entender.
— Muito bem. Agora peço-lhe que seja daquelas que vai a festas numa sexta-feira à noite. Você sabe. Normal! — Disse entrando pela minha casa adentro e me empurrando escada acima.
— Eu tinha dito que não iria Cappie. — Resmunguei deixando-me levar.
— Eu sei. Você achou mesmo que eu iria deixar isso barato? Qual é Demi! É a minha festa. Preciso de uma gostosa para desfilar naquela casa. — Falou com um sorriso no rosto.
— Você podia fazer isso com a Kim.
— É, eu sei. Mas Kimberly está meio que ocupada neste momento, então você vai ter que servir. — Disse ficando mais sério. Olhei-o de lado antes de entrar no quarto e franzi a sobrancelha, confusa pelo verdadeiro significado da palavra ‘ocupada’.
Depois de o ter expulsado do meu quarto sentei-me na cama por uns minutos, pensando se realmente gostaria de ir a essa festa. Quatro estaria lá. Disso eu não tinha dúvidas. Assim como sabia que Kimberly também estaria. Poderia ser mais estranho que isso?
Por outro lado a minha curiosidade era absurda. Não sabia o que Cappie queria dizer quando mencionou que ela estava ocupada. No fundo eu sabia que envolvia Quatro, mas também me lembrava da cena que vira na lanchonete mais cedo. Eu precisava de respostas e não fazia a mínima ideia do porquê. Tudo isso chegava a ser ridículo, mas mesmo assim escolhi uma calça jeans preta, um top azul e uns botins também pretos. Peguei a minha jaqueta preta, passei um delineador, coloquei um pouco de rímel e deixei os cabelos soltos.
— Você está desfilando. — Cantarolou Cappie quando saímos do carro e caminhámos até à porta da frente. Conseguimos atrair os olhares das pessoas espalhadas pelo jardim e isso não me fez sentir mais confortável.
— Pudera, você é o anfitrião que abandonou a própria festa para ir buscar uma garota. — Falei olhando-o brevemente.
— Ou você está apenas gostosa de mais. — Falou colocando uma mão em minhas costas. Eu sabia que Cappie sempre brincava quando me chamava de gostosa. Desta vez foi diferente.
— Isso não me faz sentir menos desconfortável. Porque eu vim mesmo? — Perguntei dando um passo para dentro da casa.
— Porque é impossível resistir ao meu charme. — Falou convencido. Ri e não me surpreendi ao ver um grupo de garotos caminhar até nós. Perdi Cappie nos cumprimentos e segui em frente, explorando a gigante casa.
Quanto mais eu andava, mais alta a música ficava. Vi Jack dançando com uma garota loira, magra, um pouco mais baixa que ele e sorri ao ver que se divertia. Segui até à cozinha e suspirei ao notar que o lugar estava menos agitado que no resto da casa. Vi dezenas de garrafas espelhadas pela bancada central e olhei por cima do ombro à procura de alguém conhecido. Um copo não faria mal.
Estranhamente, concordo com o que dizem sobre só custar à primeira! Já tinha servido a minha terceira dose no copo descartável quando resolvi explorar mais um pouco. Caminhei como podia por entre as pessoas e dirigi-me à parte traseira da casa. Não foi surpresa ao encontrar Quatro encostado na parede com um copo na mão e uma garota no seu pescoço. Travei no meio do caminho e quando ele percebeu a minha presença, uma raiva tomou conta de mim. Mostrando claramente que não estava satisfeita pela sua presença, segui em frente, em direção à piscina.
— Você já foi mais educada Demetria. — Ouvi-o instantes depois. Parei de andar e virei-me para encará-lo.
— O que você quer? — Perguntei irritada. Ele pareceu surpreender-se pelo meu tom de voz e por momentos vi-o recuar.
— Perceber se você é realmente bipolar ou se está de TPM. Nunca sei diferenciar de qualquer jeito. — Falou tentando parecer descontraído.
— Sabe o que me faria feliz? Se continuasse longe! — Ataquei. Virei as costas, mas antes que pudesse avançar senti-o segurar meu braço para me impedir.
— Estou perdendo a paciência Lovato. O que está acontecendo com você hoje? — Perguntou baixo o suficiente para apenas nós dois ouvirmos.
— Primeiro, se está acontecendo alguma coisa ou não, não é da sua conta. — Vociferei soltando o meu braço de forma brusca. — Segundo, você não me conhece e não é por ter-me ajudado numa noite que eu vou ficar eternamente grata e andar de quatro por você. Terceiro, mas não menos importante, você devia ganhar vergonha na cara e cuidar do seu futuro filho em vez de se esfregar numa outra qualquer!
E antes que eu desse conta as palavras já tinham saído. Kimberly estava parada atrás de Quatro tão assustada que parecia prestes a ter um ataque de coração e Jack saía da casa com a garota de mais cedo, também confuso ao perceber a tensão no ar.
— O que você disse?

5 comentários:

  1. WOW
    Amei
    Posta Logo estou doida pra saber o que vai acontecer!!!
    Beijos

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  2. ih fiquei confusa agora mas acho q vc vai explicar as coisas agora
    ah fla, o #yoble nao quer mais abrir =(

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  3. Divulga também, por favor? http://jemiendlessly.blogspot.com.br/
    Amo a fic "como se apaixonar em 40 dias", já tinha lido, mas vi aqui no seu blog também,é perfeita.. Bjs..

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  4. Flávia cade você? Por favor pelo menos dê um sinal de vida. Eu amo muito essa fic, assim como todas as suas outras, todas que você escreve são perfeitas. Por favor apareça.

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